Ao longo dos próximos cinco anos, o projeto «CARE-IN-HEALTH», vai desenvolver e testar ferramentas tecnológicas para prevenção, diagnóstico e monitorização de doenças cardiovasculares
O
projeto europeu «CARE-IN-HEALTH», que tem como parceiros portugueses o
Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e
o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência
(INESC TEC), foi recentemente financiado com sete milhões de euros pelo
Programa Horizon Europe da Comissão Europeia. O projeto, que terá a duração de
cinco anos e envolve dez parceiros europeus, tem como objetivo desenvolver e
testar ferramentas tecnológicas para prevenção, diagnóstico e monitorização de
doenças cardiovasculares.
Coordenado
pelo Instituto francês de Saúde e Investigação Médica – Institut National De La
Sante Et De La Recherche Medicale (INSERM), o CARE-IN-HEALTH foca-se numa das
principais causas de morte e morbilidade a nível mundial: as doenças
cardiovasculares (DCV). Só na Europa, as DCV são responsáveis por 1,9 milhões
de mortes/ano e estima-se que os custos associados ao tratamento destas doenças
sejam de 200 mil milhões de euros.
“Trata-se
de um problema de saúde pública que tem sido muito difícil de controlar e,
principalmente, de prevenir, não só devido aos hábitos de vida pouco saudáveis,
mas também porque as terapias de redução de risco cardiovascular, que têm como
objetivo evitar a formação de placas de gordura nas artérias, comprometem
seriamente o sistema imunitário», explicam os investigadores dos dois
institutos nacionais.
Tendo
em conta que níveis elevados de lípidos no sangue estão diretamente associados
à transição saúde-doença cardiovascular, porque desencadeiam a inflamação
crónica que aumenta o risco de diversas doenças cardiovasculares, incluindo o
enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC), o CARE-IN-HEALTH
propõe-se desenvolver novas estratégias de prevenção baseadas precisamente na
redução desta inflamação.
O papel do i3S e do INESC TEC
A
equipa do i3S, que irá receber 788 mil euros de financiamento, é coordenada
pela investigadora Inês Mendes Pinto e conta com a participação dos
investigadores João Relvas, Miguel Neves e Paulo Aguiar.
A
missão do i3S neste projeto passará por ” desenvolver uma tecnologia portátil
(CARE-IN-HEALTH BIOSENSOR) para monitorizar a resolução da inflamação de forma
minimamente invasiva (através de um pequeno volume de sangue)”, explica Inês
Mendes Pinto, que é também professora da Faculdade de medicina da U.Porto
(FMUP).
Já
a equipa do INESC TEC, coordenada pelo investigador João Paulo Cunha, com a
participação do investigador Duarte Dias, trará para o projeto a sua longa
experiência em processamento avançado de biosinais e desenvolvimento de
dispositivos médicos portáteis. Ao INESC TEC, o projeto destina cerca de 340
mil euros e os investigadores irão, assim, apoiar a interligação do referido
biossensor numa aplicação móvel e num sistema na cloud com vista a monitorizar
biomarcadores inflamatórios e integrar esta informação com outros parâmetros
clínicos de forma a avaliar o risco de doença.
“Este
projeto será uma excelente oportunidade para colocarmos o nosso conhecimento
avançado em conceção e desenvolvimento de dispositivos médicos portáteis ao
serviço de uma tecnologia de biossensores com um potencial de disrupção no
futuro da gestão das doenças cardiovasculares”, adianta João Paulo Cunha, que é
também docente na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP).
Um modelo personalizado contra as doenças
cardiovasculares
No
âmbito do CARE-IN-HEALTH será igualmente feita uma recolha de dados
epidemiológicos, multieconómicos e imunológicos que serão compilados numa
plataforma, que estará disponível para toda a comunidade científica e
profissionais de saúde. Estes dados permitirão não só identificar e validar as
vias imunitárias críticas de um indivíduo, usando ferramentas de Inteligência
Artificial e tradução clínica, mas também, e mais importante, permitirá
desenhar um modelo personalizado para tratar a inflamação de cada cidadão.
Para
aplicar estas inovações, será desenvolvido um sistema digital multicritério de
apoio à decisão médica, para orientar os profissionais de saúde na conceção de
estratégias personalizadas de prevenção da doença cardiovascular.
Todas
estas ferramentas, incluindo o biossensor portátil, serão testadas em cenários
reais através de dois ensaios clínicos de prova de conceito, que serão feitos
no Instituto Karolinska, na Suécia, uma das principais universidades médicas do
mundo. Universidade do Porto - Portugal
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