Naquele que foi declarado o Ano Internacional do Vidro pelas Nações Unidas, a artista Meng Shu fez a curadoria de uma mostra de obras em vidro que está patente no espaço “Fantasia 10”, no Bairro de São Lázaro, durante o mês de Outubro. Cristina Vinhas, que representa Portugal, apresenta duas peças. à Tribuna de Macau sublinhou que este tipo de intercâmbio é uma experiência enriquecedora. Já Amélia António salientou a importância de a Casa de Portugal estar representada na exposição, apontando que “cada vez mais é imprescindível que artistas de um lado e do outro se conheçam mais”
Oito
artistas, uns de Macau, outros da China continental, uma de Portugal. Em comum:
a arte de trabalhar com o vidro. Assim surge a exposição “Dazzling Glow: Macao
International Glass Art Invitational Exhibition”, pelas mãos de Meng Shu,
curadora da mostra, artista e directora de arte da “10 Fantasia”, incubadora de
indústrias criativas situada no Bairro de São Lázaro.
Meng
Shu sublinhou o esforço das “duas gerações” de artistas que trabalham o vidro
para ajudarem a concretizar a exposição, tendo em conta as “vantagens únicas”
de Macau. “O primeiro passo é sempre o mais difícil. E este esforço vai
certamente dar origem a mais intercâmbios sobre a arte do vidro em Macau no
futuro”, afirmou.
Além
da exposição de arte – que está patente ao público até 30 de Outubro – o
intercâmbio contempla ainda demonstrações de técnicas tradicionais de artesanato
em vidro, troca de conhecimentos académicos e oficinas de arte com este
material. Esta troca de experiências é uma mais-valia, sublinhou Cristina
Vinhas, formadora na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal, e cujas
obras estão a ser apresentadas nesta iniciativa.
“Só
temos a ganhar com esta troca de experiências. Devia haver mais intercâmbios.
Há aqui coisas fantásticas, as quais estou super interessada em vir a aprender
com estes artistas que vieram agora da China. São coisas que posso adaptar
também à minha joalharia, porque essa é a minha área base. Há técnicas que
depois posso ajustar. É uma grande aprendizagem”, afirmou Cristina Vinhas ao
Jornal Tribuna de Macau. Naquele que foi declarado o Ano Internacional do Vidro
pelas Nações Unidas, a artista disse estar “super feliz” por ter recebido o
convite para integrar a mostra.
Com
duas peças expostas, Cristina Vinhas afirmou estar contente com o resultado
final e contou que numa delas utilizou uma técnica nova. “Tenho uma peça
inspirada no fundo do mar – que continua sempre a inspirar-me – e é uma peça em
que usei uma técnica nova, que é fundir o vidro dentro de um molde aberto. Foi
a primeira vez que fiz e resultou super bem, estou muito feliz com o resultado.
A outra é um método tradicional de fusão de vidro, que é vidro em pó e que
depois é transformado ou dobrado para a forma de taça. São duas peças
diferentes, mas acho que as duas são muito bonitas”, explicou, acrescentando
que há uma variedade de obras apresentadas por outros artistas na exposição que
valem a pena ser vistas.
A
presidente da Casa de Portugal frisou que não só é “muito importante” ter o
trabalho da artista portuguesa ali representado, como também a Casa de Portugal
participar no evento. “Cada vez mais é imprescindível que artistas de um lado e
do outro se conheçam mais, promovam os trabalhos quer em Macau quer na China, e
que o covid permita um intercâmbio maior. Esse intercâmbio só se pode realizar
se houver conhecimento mútuo […] e isso é extremamente importante para que se
desenvolva um entendimento cada vez mais harmonioso, conforme é tradição de
Macau”, começou por dizer a este jornal.
Amélia
António disse, neste sentido, que é “fundamental” criar mais iniciativas do
género. “Muitas vezes, as pessoas pensam que pelas dificuldades da língua, ou
outras, vivem um bocadinho em mundos separados, e já houve tempos em que não
foi tanto assim, mas depois desenvolveu-se um bocadinho este espírito de cada
um fazer as suas coisas, e que foi de certa maneira estimulado por algumas
entidades, mas nós nunca apoiámos esse tipo de atitudes, por isso as nossas
actividades sempre estiveram abertas a toda a comunidade”, prosseguiu.
O
entendimento de Amélia António é de que é na prática que as pessoas se
aproximam mais e é através do conhecimento, da experiência artística e da troca
de ideias que se percebe melhor a outra cultura: “E isso é a raiz do segredo de
Macau. Sem esse desenvolvimento, dificilmente Macau continuará a ser a tal
ponte e espaço de fusão de culturas, onde as coisas se encontram e fazem
eventualmente nascer mais ideias e mais criações”.
Amélia
António concluiu dizendo que a Casa de Portugal está “aberta” a mais
colaborações do género e sempre fez “um grande esforço” para chegar a
diferentes comunidades, o qual “nem sempre foi reconhecido”.
Além
das obras de Cristina Vinhas, a mostra de obras em vidro conta ainda com
trabalhos da própria curadora, Meng Shu, e de Chi-son Chang, que representam
Macau; assim como dos artistas do Continente Li Huitong, Ren Bo, Zhao Tingting,
Jiang Guimei e Hunag Ji. Catarina Pereira – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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