Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Macau - Mostra de vidro “sino-lusófona” conta com obras de Cristina Vinhas

Naquele que foi declarado o Ano Internacional do Vidro pelas Nações Unidas, a artista Meng Shu fez a curadoria de uma mostra de obras em vidro que está patente no espaço “Fantasia 10”, no Bairro de São Lázaro, durante o mês de Outubro. Cristina Vinhas, que representa Portugal, apresenta duas peças. à Tribuna de Macau sublinhou que este tipo de intercâmbio é uma experiência enriquecedora. Já Amélia António salientou a importância de a Casa de Portugal estar representada na exposição, apontando que “cada vez mais é imprescindível que artistas de um lado e do outro se conheçam mais” 


Oito artistas, uns de Macau, outros da China continental, uma de Portugal. Em comum: a arte de trabalhar com o vidro. Assim surge a exposição “Dazzling Glow: Macao International Glass Art Invitational Exhibition”, pelas mãos de Meng Shu, curadora da mostra, artista e directora de arte da “10 Fantasia”, incubadora de indústrias criativas situada no Bairro de São Lázaro.

Meng Shu sublinhou o esforço das “duas gerações” de artistas que trabalham o vidro para ajudarem a concretizar a exposição, tendo em conta as “vantagens únicas” de Macau. “O primeiro passo é sempre o mais difícil. E este esforço vai certamente dar origem a mais intercâmbios sobre a arte do vidro em Macau no futuro”, afirmou.

Além da exposição de arte – que está patente ao público até 30 de Outubro – o intercâmbio contempla ainda demonstrações de técnicas tradicionais de artesanato em vidro, troca de conhecimentos académicos e oficinas de arte com este material. Esta troca de experiências é uma mais-valia, sublinhou Cristina Vinhas, formadora na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal, e cujas obras estão a ser apresentadas nesta iniciativa.

“Só temos a ganhar com esta troca de experiências. Devia haver mais intercâmbios. Há aqui coisas fantásticas, as quais estou super interessada em vir a aprender com estes artistas que vieram agora da China. São coisas que posso adaptar também à minha joalharia, porque essa é a minha área base. Há técnicas que depois posso ajustar. É uma grande aprendizagem”, afirmou Cristina Vinhas ao Jornal Tribuna de Macau. Naquele que foi declarado o Ano Internacional do Vidro pelas Nações Unidas, a artista disse estar “super feliz” por ter recebido o convite para integrar a mostra.

Com duas peças expostas, Cristina Vinhas afirmou estar contente com o resultado final e contou que numa delas utilizou uma técnica nova. “Tenho uma peça inspirada no fundo do mar – que continua sempre a inspirar-me – e é uma peça em que usei uma técnica nova, que é fundir o vidro dentro de um molde aberto. Foi a primeira vez que fiz e resultou super bem, estou muito feliz com o resultado. A outra é um método tradicional de fusão de vidro, que é vidro em pó e que depois é transformado ou dobrado para a forma de taça. São duas peças diferentes, mas acho que as duas são muito bonitas”, explicou, acrescentando que há uma variedade de obras apresentadas por outros artistas na exposição que valem a pena ser vistas.


A presidente da Casa de Portugal frisou que não só é “muito importante” ter o trabalho da artista portuguesa ali representado, como também a Casa de Portugal participar no evento. “Cada vez mais é imprescindível que artistas de um lado e do outro se conheçam mais, promovam os trabalhos quer em Macau quer na China, e que o covid permita um intercâmbio maior. Esse intercâmbio só se pode realizar se houver conhecimento mútuo […] e isso é extremamente importante para que se desenvolva um entendimento cada vez mais harmonioso, conforme é tradição de Macau”, começou por dizer a este jornal.

Amélia António disse, neste sentido, que é “fundamental” criar mais iniciativas do género. “Muitas vezes, as pessoas pensam que pelas dificuldades da língua, ou outras, vivem um bocadinho em mundos separados, e já houve tempos em que não foi tanto assim, mas depois desenvolveu-se um bocadinho este espírito de cada um fazer as suas coisas, e que foi de certa maneira estimulado por algumas entidades, mas nós nunca apoiámos esse tipo de atitudes, por isso as nossas actividades sempre estiveram abertas a toda a comunidade”, prosseguiu.

O entendimento de Amélia António é de que é na prática que as pessoas se aproximam mais e é através do conhecimento, da experiência artística e da troca de ideias que se percebe melhor a outra cultura: “E isso é a raiz do segredo de Macau. Sem esse desenvolvimento, dificilmente Macau continuará a ser a tal ponte e espaço de fusão de culturas, onde as coisas se encontram e fazem eventualmente nascer mais ideias e mais criações”.

Amélia António concluiu dizendo que a Casa de Portugal está “aberta” a mais colaborações do género e sempre fez “um grande esforço” para chegar a diferentes comunidades, o qual “nem sempre foi reconhecido”.

Além das obras de Cristina Vinhas, a mostra de obras em vidro conta ainda com trabalhos da própria curadora, Meng Shu, e de Chi-son Chang, que representam Macau; assim como dos artistas do Continente Li Huitong, Ren Bo, Zhao Tingting, Jiang Guimei e Hunag Ji. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”





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