Investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) desenvolveram uma nova plataforma online, Synpred, capaz de utilizar algoritmos do campo da inteligência artificial para prever combinações de fármacos anticancerígenos.
Atualmente,
o desenvolvimento de resistência farmacológica no cancro é uma problemática
comum que resulta de uma variedade de fatores, como por exemplo, da
sobre-exposição a fármacos anticancerígenos. Irina Moreira, líder do estudo,
investigadora do CNC-UC e docente do Departamento de Ciências da Vida da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), explica
que, «na área clínica, o problema da resistência a fármacos é minimizado
administrando, não um, mas uma combinação de fármacos com efeito sinérgico,
isto é, fármacos que em conjunto reforçam a ação um do outro, aumentando a sua
eficácia e reduzindo efeitos secundários». Porém, perceber «quais as
combinações farmacológicas que operam de forma segura e eficaz, além de ser
complexo, é um processo altamente dispendioso e demorado», acrescenta a
investigadora.
Para
dar resposta a este problema, a equipa de Irina Moreira desenvolveu a
plataforma Synpred com o objetivo de antecipar a resposta biológica da
combinação de fármacos anticancerígenos. A investigadora esclarece que, no
desenvolvimento do modelo de previsão, «foram utilizados dados de farmacologia
de compostos com potencial atividade anticancerígena e dados de base biológica,
entre outros, respeitantes a linhas celulares de vários tipos de cancro bem
caracterizados. Depois, utilizou-se uma panóplia de algoritmos computacionais,
gerando, no final, métodos combinados com uma capacidade de previsão
melhorada».
Ao
contrário de outros métodos existentes, o Synpred explora seis modelos
diferentes para caracterizar as combinações de fármacos com efeito sinérgico,
avaliando qual o melhor para incluir no desenvolvimento deste tipo de modelos
de previsão.
O
estudo, publicado na revista GigaScience,
pretende criar condições para substituir a administração de elevadas doses de
fármacos anticancerígenos, por concentrações reduzidas de pares de fármacos
mais específicos, evitando potenciais efeitos secundários do uso desta
medicação por tempo prolongado, como o desenvolvimento de resistência
farmacológica. «O Synpred é altamente específico, e permitiu verificar, por exemplo,
a importância do tipo de tecido celular (pele, pulmão, etc.) como fator
determinante nas combinações de fármacos com efeito sinérgico», sublinha Irina
Moreira.
Esta
nova tecnologia representa um avanço na área, constituindo uma plataforma
pública interativa que pode ser utilizada de forma intuitiva, através do website.
Para
além de Irina Moreira, a equipa contou com os investigadores António Preto,
Pedro Matos-Filipe e Joana Mourão, também investigadores do CNC-UC. O trabalho
foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) através do
projeto “Aplicação de Deep Learning ao processo de investigação de novas
drogas anticancerígenas”. Universidade de Coimbra - Portugal
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