Quase metade dos navios industriais e semi-industriais envolvidos na pesca ilegal operam em África (48,9%), e a maioria têm origem chinesa e europeia, segundo um relatório divulgado pela Financial Transparency Coalition (FTC)
A
prática não só contribui para a pesca excessiva, como também afeta os países em
desenvolvimento, que perdem “milhares de milhões de dólares” em “fluxos de
dinheiro ilícito” ligados à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada
(INDNR, sigla em espanhol) todos os anos.
A
análise recorda que a INDNR leva a que mais de 90% dos ‘stocks’ mundiais de
peixe sejam “totalmente explorados, sobre-explorados ou esgotados”, de acordo
comas estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) relatadas pela FTC.
Além
disso, esta prática, o crime “mais lucrativo” contra os recursos naturais
depois da madeira e da mineração, representa um quinto das capturas pesqueiras
do mundo com um valor que pode atingir os 23,5 mil milhões de dólares (23,43
mil milhões de euros).
“A
pesca ilegal é uma indústria maciça que ameaça diretamente a subsistência de milhões
de pessoas na América Latina e no resto do mundo, especialmente as que vivem em
comunidades costeiras em países em desenvolvimento já afetados pela pandemia da
covid-19, o custo de vida e o impacto das alterações climáticas”, afirmou Matti
Kohonen, diretor executivo da FTC, num comunicado.
O
responsável lembrou ainda que os proprietários dos navios continuam a operar
com “imunidade total” devido, entre outras coisas, a “estruturas empresariais complexas”,
que dificultam a sua identificação e julgamento pelas autoridades.
O
relatório da FTC, que reúne 11 organizações não-governamentais (ONG), concluiu
que a Argentina e a África, por exemplo, perdem, anualmente, 2 mil milhões (2,25
mil milhões de euros) e até 11,49 mil milhões de dólares (11,46 mil milhões de euros),
respetivamente, como resultado da pesca INDNR.
O
documento, intitulado “Redes suspeitas: descobrindo as empresas e indivíduos por
detrás da pesca ilegal em todo o mundo”, indica que as “dez maiores empresas envolvidas”
representam quase 25% de todos os casos denunciados.
Oito
destas empresas são da China, uma da Colômbia e uma de Espanha, de acordo com a
FTC.
O
relatório da FTC afirma, ainda, que 54,7% da pesca INDNR é realizada por navios
industriais e semi-industriais “com bandeira asiática”, enquanto 16,1%, 13,5% e
12,8% utilizam bandeiras de países da América Latina, África e Europa,
respetivamente. In “Milénio Stadium” - Canadá
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