Este
sábado, dia 8 de outubro, assinala-se o Dia Mundial das Aves Migratórias, uma
efeméride que tem como propósito alertar para a necessidade de conservação
dessas espécies e dos habitats de que elas dependem. Contudo, apesar dos
esforços até aqui empreendidos, é preciso fazer mais para proteger as aves,
todas elas, das ameaças criadas pela ação humana sobre o planeta.
De
acordo com o mais recente estudo da associação BirdLife International, divulgado
no final de setembro, “quase metade de todas as espécies de aves estão em
declínio, com mais de uma em cada oito em risco de extinção”.
Os
especialistas apontam que “as pressões que causam essas diminuições são bem
conhecidas, e a grande maioria são impulsionadas pela ação humana” e que “os
desafios para a conservação estão a escalar e o tempo está a esgotar-se”.
Publicado a cada quatro anos, o estudo de 2022 indica que a conservação de
locais que sejam importantes para as aves através da gestão comunitária e a
proteção e a gestão eficientes desses mesmos locais são ações fundamentais para
ajudar a travar a perda dessas espécies.
Destacando
que “a situação no nosso país é igualmente preocupante”, a Sociedade Portuguesa
para o Estudo das Aves (SPEA) adianta que, em Portugal, dados relativos ao
período entre 2007 e 2018 revelam que “há 53 espécies em declínio, enquanto 38
estarão a aumentar e 32 estão estáveis”. No entanto, os especialistas afirmam
que “para 63 espécies no nosso país não há informação sobre o estado das suas
populações, e outras 52 têm tendência incerta – uma situação preocupante que
demonstra a necessidade de maior monitorização para serem recolhidos dados que
permitam uma boa avaliação o estado das espécies”.
Voltando
de novo o olhar para o plano global, o relatório da BirdLife International
identifica que as perdas de aves se devem, essencialmente, à expansão e
intensificação da agricultura, com a SPEA
a afirmar que essa “é também a maior ameaça às aves em Portugal, causando
declínios acentuados de espécies como o sisão, a águia-caçadeira (ou
tartaranhão-caçador), e os picanços”.
A
exploração madeireira é apontada como outro dos principais motores da
diminuição das populações de aves em todo o mundo, a par de uma gestão
insustentável da floresta, do uso de produtos químicos e da conversão de prados
e pastagens em áreas de cultivo.
A
somar a tudo isso, as alterações climáticas, aceleradas pela atividade humana,
estão também a pressionar cada vez mais as populações de aves a nível global,
estimando-se que, atualmente, “34% das espécies ameaçadas já estão a ser
afetadas, e prevê-se que o nosso clima em mudança venha rapidamente a tornar-se
um problema ainda maior”, relata a SPEA.
Patrícia
Zurita, CEO da BirdLife International, alerta que “a Natureza está em declínio
em todo o mundo, com o desenvolvimento insustentável a degradar habitats
naturais e a empurrar espécies para a extinção”. A responsável salienta que “a
expansão e a intensificação agrícola, a atividade madeireira, espécies
invasoras e a sobre-exploração continuam a alimentar esta tendência”.
“O
que é necessário é vontade política e compromissos financeiros”, defende
Zurita, para ser possível implementar soluções adequadas, e atempadas, para
travar e reverter a perda de populações de aves e da biodiversidade no geral.
E
acrescenta que “a Estrutura Global pós-2020 para a Biodiversidade que está
atualmente a ser negociada [e que se espera que venha a ser aprovada na COP15
de dezembro] é a melhor, e talvez última, hipótese do mundo para travar a perda
de natureza e para orientar-nos para a conservação e recuperação do planeta”.
“Desta
vez, os governos têm de ser bem-sucedidos onde anteriormente falharam,
traduzindo as suas promessas em ação substantiva”, frisa a responsável.
Por
sua vez, a SPEA declara que “apesar do estado preocupante do mundo natural, as
aves dão-nos motivos de esperança” e que “com ações efetivas, as espécies podem
ser salvas e a natureza pode recuperar”. Filipe Rações – Portugal in “Green
Savers Sapo”
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