Novo medicamento, o “Lecanemab”, reduz em 27% o declínio cognitivo de pacientes nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, segundo os resultados preliminares de ensaios clínicos com quase 1800 pessoas, divulgaram as farmacêuticas Eisai e Biogen
Este
novo medicamento para o Alzheimer é o primeiro a demonstrar claramente em
ensaios clínicos que retarda a progressão da doença. O grupo farmacêutico
japonês Eisai e a norte-americana Biogen anunciaram na terça-feira (27) que o
Lecanemab reduziu o declínio cognitivo de pacientes nos estágios iniciais da
doença. Estes resultados preliminares surgem após ensaios clínicos realizados
em quase 1800 pessoas, metade das quais recebeu o tratamento e a outra metade
um placebo. Segundo as empresas, o medicamento reduziu o declínio cognitivo em
27% dos pacientes tratados, durante um período de 18 meses. A Eisai e a Biogen
planeiam publicar os resultados completos numa revista científica e apresentar
pedidos de autorização de comercialização para o tratamento nos Estados Unidos,
Japão e Europa antes do final de março de 2023.
Os
benefícios do medicamento para os pacientes “são modestos, mas reais”, e estes
resultados são, portanto, “realmente encorajadores”, destacou o professor de neurociência
da University College London, John Hardy. “Se os dados resistirem ao
escrutínio, esta é uma notícia fantástica”, destacou Tara Spires-Jones, da
Universidade de Edimburgo. O tratamento não leva a “uma cura”, mas “retardar o
declínio cognitivo e assim preservar a possibilidade de realizar as atividades
diárias normais já é uma grande vitória”, sublinhou.
O
medicamento terá, no entanto, de ser examinado “no que diz respeito aos riscos de
efeitos colaterais” detetados, “incluindo inflamação e sangramento no cérebro”,
alertou Charles Marshall, da Universidade Queen Mary de Londres. De qualquer
forma, os resultados mostram que atacar as placas amiloides no cérebro, como
faz o Lecanemab, “merece exploração contínua como estratégia de tratamento”,
acrescentou. Os pacientes com Alzheimer têm placas de proteínas, chamadas
amiloides, que se formam ao redor dos seus neurónios e, eventualmente, os
destroem. O papel preciso dessas placas na doença, se são a causa ou a
consequência de outros fenómenos, é cada vez mais objeto de debate na
comunidade científica.
Outro
tratamento do laboratório norte-americano Biogen, chamado Aduhelm e também
direcionado às placas amiloides, gerou muitas esperanças em 2021, por ser o
primeiro medicamento aprovado nos Estados Unidos contra a doença desde 2003.
Mas
também causou polémica, pois a agência norte-americana de medicamentos (FDA)
foi contra a opinião de um comité de especialistas, que julgou que o tratamento
não tinha demonstrado suficientemente a sua eficácia durante os ensaios
clínicos.
Mais
tarde, a FDA restringiu o uso do Aduhelm apenas a pessoas com casos leves da
doença. In “Milénio Stadium” – Canadá com “JN”
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