Militares timorenses, alguns a ser
formados em Portugal, deverão a partir do próximo ano integrar contingentes
portugueses que sejam destacados em missões de paz das Nações Unidas
“Portugal
e Timor-Leste vão trabalhar em conjunto em operações de paz. Acreditamos que em
2020 já será possível concretizar esse objetivo. Será uma forma de dar
experiência concreta em operações de paz a militares timorenses”, afirmou o
ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho em declarações à Lusa em
Díli.
A
ideia de integração de militares timorenses em operações de paz das Nações
Unidas, em contingentes portugueses tem vindo a ser discutida tanto a nível
bilateral como no espaço da ONU, permitindo a Timor-Leste participar em missões
internacionais.
“É
também uma forma que Timor-Leste tem de corresponder aquilo que foi o grande
apoio da comunidade internacional nos primeiros anos de independência de
Timor-Leste, fornecendo militares para operações de paz em outras partes do
mundo”, disse.
Cravinho
disse que há já militares timorenses a ser formados em Lamego, em operações
especiais, “quadros com toda a capacidade para corresponder a um grau de
exigência elevado para missões das Nações Unidas”.
“Será
necessário ter um período de aprontamento em Portugal, como têm as nossas
forças antes de irem para missões da ONU. Vamos trabalhar nisso e creio que em
2020 poderemos já pôr em prática essa ideia”, disse.
Esta
foi uma das questões que marcou a agenda das reuniões que João Gomes Cravinho
manteve em Díli com as autoridades timorenses, incluindo o seu homólogo
Filomeno Paixão, o primeiro-ministro Taur Matan Ruak e o Presidente Francisco
Guterres Lu-Olo.
Cravinho,
que concluiu ontem uma visita oficial a Díli de três dias, esteve na capital em
representação do primeiro-ministro António Costa no 20º aniversário da Consulta
Popular em que os timorenses escolheram a independência.
Uma
oportunidade, disse, para celebrar a “extraordinária caminhada de 20 anos”
desde o referendo – Cravinho visitou Timor-Leste em setembro de 1999 -, e para
dizer às autoridades timorenses que “Portugal está com eles hoje, como esteve
ao longo destes 20 anos” e antes, no apoio à autodeterminação.
No
domínio da cooperação bilateral, Cravinho disse que Portugal tem
disponibilidade para “apoiar os novos desafios com que Timor-Leste se enfrenta
e que correspondem a uma fase de consolidação mais avançada das forças armadas”
do país.
Um
dos setores de cooperação será, disse, no apoio ao processo de criação da
Autoridade Marítima, cuja base legal deverá ser apresentada em breve em
Conselho de Ministros.
“Falámos
naturalmente da autoridade marítima nacional. É um grande desafio com que Timor
se confronta, ainda mais agora no caso da consolidação das fronteiras marítimas
com Austrália”, disse.
“Muito
em breve o Governo timorense adotara formalmente o modelo que quer implementar
para a autoridade”, parecido ao modelo português, o que trazer a experiência
portuguesa para Timor-Leste e dar o apoio que é necessário para esta fase.
“A
mensagem que levo é de que da parte timorense há expectativa e vontade de continuidade
dessa grande ligação. Portugal é um símbolo maior no imaginário timorense e no
coração dos timorenses e nós temos obrigação de reciprocar e corresponder a
essa realidade”, disse.
O
apoio de Portugal às Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) começou ainda
antes da assinatura a 20 de maio de 2002 – data da restauração da independência
- do Acordo de Cooperação Técnico-Militar (CTM) entre os dois países.
Portugal
selecionou, formou e aprontou um Batalhão com um efetivo de 600 militares, que
marchou no Dia da Independência, e ofereceu duas lanchas de fiscalização da
Classe “Albatroz”.
O
acordo mais recente foi assinado em mais de 2017 e centra-se, em particular, na
capacitação institucional, capacitação de recursos humanos e reforço do uso da
língua portuguesa. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”
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