A mobilidade dos cidadãos e o programa de apoio à
integração da Guiné Equatorial são temas a debater pelos chefes da diplomacia
lusófona, numa reunião informal que decorreu esta terça-feira em Nova Iorque,
disse fonte oficial
Deste
conselho de ministros informal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), que se realiza à margem da reunião da Assembleia-Geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), deverá sair a data para a realização do próximo
conselho de ministros extraordinário da CPLP, que se destina a debater a
proposta da mobilidade no espaço lusófono, adiantou à agência Lusa o embaixador
cabo-verdiano em Lisboa, Eurico Monteiro.
Este
conselho de ministros extraordinário, de acordo com a indicação saída da reunião
de julho, na cidade do Mindelo, em Cabo Verde, deverá ocorrer «nos três ou
quatro primeiros meses do próximo ano», adiantou o diplomata de Cabo Verde,
país que tem a presidência rotativa do bloco lusófono.
Antes
disso, «a próxima reunião da comissão técnica conjunta sobre mobilidade na
CPLP, deverá realizar-se, em Lisboa, a 29 e 30 de outubro», indicou Eurico
Monteiro.
Na
sua reunião, a 19 de julho, os chefes da diplomacia da CPLP mandataram uma
comissão técnica para concluir, até novembro, o modelo final de integração
comunitária e mobilidade, a aprovar em reunião do conselho de ministros da
organização no primeiro trimestre de 2020. Seguirá depois para aprovação, no
verão, na prevista cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Angola.
Cabo
Verde apresentou uma proposta de modelo de integração comunitária, apelidada de
«geometria variável», que prevê estadas até 30 dias no espaço da comunidade da
CPLP isentas de vistos e vistos de curta temporada para profissionais,
investigadores e docentes, além de autorizações de residência.
Na
próxima terça-feira, os chefes da diplomacia lusófonos também deverão
estabelecer algumas orientações para a elaboração do programa de apoio à
integração da Guiné Equatorial, país que aderiu à CPLP em 2014.
Os
ministros poderão definir "prazos" para levantamento dos projetos a
incluir no programa e apontar «um inventário de parceiros» que possam apoiar a
Guiné Equatorial, disse Eurico Monteiro, que admitiu que a ONU até possa
disponibilizar algumas verbas, nomeadamente na área dos direitos humanos, uma
das mais relevantes.
Mas,
para já, não há projetos definidos, nem orçamento para aquele programa,
assegurou o diplomata.
Na
reunião ordinária de julho passado, os ministros aprovaram uma resolução sobre
o "Apoio à Integração da Guiné Equatorial na CPLP", na qual
"saudaram" a realização da Missão de Acompanhamento do Programa de
Adesão da Guiné Equatorial à CPLP, entre os dias 05 e 07 de junho de 2019,
chefiada pelo embaixador cabo-verdiano José Luís Monteiro, e pediram ao comité
de concertação permanente da organização que formulasse "iniciativas
concretas para a melhor integração da Guiné Equatorial na Comunidade".
Em
concreto, explicou no final da reunião o chefe da diplomacia de Cabo Verde,
Luís Filipe Tavares, está a necessidade de promover o ensino da língua
portuguesa e, como principal recomendação, a abolição da pena de morte na Guiné
Equatorial - dois compromissos assumidos pelas autoridades de Malabo aquando da
adesão à CPLP como membro de pleno direito, na cimeira de Díli em julho de
2014.
O
Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, afirmou em 12 de julho,
em entrevista à agência Lusa, em Malabo, que a abolição da pena de morte seria
discutida este mês pelo parlamento e prometeu "influenciar" os
deputados para a aprovação da lei antes do final do ano.
Está
em vigor uma moratória que impede o cumprimento das condenações à pena capital,
que já foram decretadas pelos tribunais do país, mas sem consequências.
A
entrada da Guiné Equatorial, uma ex-colónia de Espanha, na CPLP, de que já era
observador associado, foi um processo polémico porque o Governo de Malabo é
acusado de sistemáticas violações de direitos humanos e de desrespeito dos
direitos da oposição.
As
eleições presidenciais na Guiné-Bissau, a 24 de novembro, e as eleições gerais
em Moçambique, a 15 de outubro, e as respetivas missões de observação da CPLP,
no primeiro caso liderada por Moçambique e no segundo caso liderada por Angola,
são outros dos assuntos propostos para a agenda de conselho de ministros
informal em Nova Iorque. In “Revista Port. Com” - Portugal
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