O director do Instituto Português do Oriente (IPOR)
anunciou que depois do guia lexical de conversação português-vietnamita, o IPOR
está prestes a lançar outros. Joaquim Ramos referiu também que estará a
funcionar em Novembro uma delegação em Pequim e um centro de línguas na cidade
chinesa de Chengdu até ao final do ano
“Temos
trabalhado em guias lexicais [português-chinês] para a área da saúde,
contabilidade e auditoria (…) e agora está para breve a apresentação pública do
guia lexical para o jornalismo e para a administração”, avançou Joaquim Coelho
Ramos. “A muito breve prazo, estamos a falar de uma semana, semana e meia,
[será divulgado] um para o sector do turismo”, indicou o responsável da
instituição que assinala 30 anos esta quinta-feira. Joaquim Coelho Ramos
esclareceu que os guias “já estão produzidos, falta a data da apresentação
pública”.
O
investimento na produção destes guias, com termos contextualizados, mas também
expressões e por vezes frases focadas em temas e áreas de trabalho específicas,
são importantes no âmbito da “aplicação no terreno“ da língua portuguesa e no
“desenvolvimento pessoal entre os professores e os alunos”, acrescentou.
A
atenção ao produto final, de uma forma muito pragmática, está ilustrada num
detalhe, assinalou: “o guia lexical para a saúde foi impresso num tamanho que
permite ser guardado no bolso da bata de um médico”. Outra área de trabalho na
qual o IPOR se tem focado “é na produção de materiais didácticos, na
bibliografia e no digital”, assegurou.
A
justificação destas apostas do IPOR é simples, concluiu: “As pessoas estão a
olhar para a língua portuguesa como um instrumento pragmático, de acção directa
no mercado”.
Joaquim
Coelho Ramos anunciou ainda que estará a funcionar em Novembro uma delegação em
Pequim e um centro de línguas na cidade chinesa de Chengdu até final do ano. Em
relação à delegação na capital chinesa, a ideia é “começar já dentro de um mês,
mês e meio, (…) em produção já em finais de Outubro”, ainda que o cenário “mais
realista” aponte para “início de Novembro”, esclareceu o director do IPOR. O
projecto começou a ser trabalhado no início do ano e neste momento “ir
trabalhar para a China depende apenas de questões administrativas”, adiantou.
Em
Maio, aquando da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um
protocolo assinado entre o Camões-Instituto da Cooperação e da Língua e a
Sociedade de Jogos de Macau definiu a constituição de um fundo para apoiar a
difusão e promoção da língua portuguesa na República Popular da China.
A
abertura de uma delegação em Pequim é justificada “pelos pedidos constantes
para formação em língua portuguesa não conferente de grau académico”, mas sim
“para efeitos pragmáticos”, casos do “português económico e de introdução à
língua portuguesa comunicacional”, indicou o responsável do IPOR, em funções em
Macau desde agosto de 2018. “Há muita gente a fazer cursos de português à
distância através de videoconferência” e existem “muitos pedidos de regiões da
China continental”, afirmou o director do IPOR.
A
mais-valia da delegação em Pequim, que não só garante um ensino personalizado e
uma aprendizagem certificada, é também explicada por se poder assegurar
localmente a formação de professores. “Há uma vantagem em ter sempre um canal
aberto” em todas as situações em que instituições como as universidades
solicitem ajuda directamente ao IPOR em Pequim, com a possibilidade ainda de se
garantir algum reforço a partir de Macau, sublinhou Joaquim Ramos. “O interesse
está a crescer e era importante operacionalizar a resposta, e é isso que esta
delegação vai fazer”, acrescentou.
Por
outro lado, até final do ano, o IPOR quer abrir um centro de língua portuguesa
em Chengdu, cidade chinesa da província de Sichuan, onde o instituto tem
ministrado o ensino de português a médicos, enfermeiros e técnicos do Centro
Internacional de Formação na área da Saúde e do Planeamento Familiar. De resto,
a província de Sichuan tem mantido uma relação estreita com os países de língua
portuguesa, para onde a respectiva autoridade da saúde começou a enviar, desde
1976, equipas médicas. “É um desafio” com dados “muito sólidos” que justificam
a decisão, argumentou, lembrando o envolvimento destes profissionais de saúde
nesses projectos de cooperação nos países lusófonos.
Português para os mais novos
O
director do IPOR disse que o crescimento “muito significativo” da procura pelo
ensino do português a um público infanto-juvenil já obrigou a instituição a
criar uma lista de espera. “Outra área que temos notado um crescimento muito
significativo (…) é nas oficinas para o público infanto-juvenil. (…) Estamos a
falar do ensino de língua portuguesa entre os 6 e os 14 anos, é a franja em que
temos sentido um crescimento maior, essencialmente para crianças e jovens de
famílias chinesas”, destacou Joaquim Coelho Ramos. O número mais que triplicou
em relação a 2018, passando de 30 a 40 inscrições para mais de 120. “Não
estávamos à espera deste crescimento (…), um tipo de ‘boom’” que coloca “um
problema”, explicou o responsável que está a exercer funções em Macau desde
Agosto de 2018.
A
instituição foi obrigada a criar uma lista de espera e para ajustar a oferta
está a proceder à contratação de professores a tempo parcial. A estratégia do
IPOR tem várias frentes e tem como base “uma equipa e profissionais dedicados
que trabalham em conjunto”, assente ainda em várias parcerias, frisou o director
da instituição. “Houve uma tentativa de aproximação do IPOR com as instituições
locais. Acreditamos que o segredo do sucesso não é estar sozinho. Este tipo de
colaboração tem tido resultados por exemplo, ao nível científico e pedagógico
com o Instituto Politécnico de Macau, com cursos intensivos de verão, na
produção de materiais didácticos, e também com a Universidade de Macau, num
trabalho voltado para o português como língua para fins específicos”,
assinalou.
O
director do IPOR enumerou três desafios que se colocam actualmente à
instituição. Um deles passa pela formação interna. “Neste momento, por exemplo,
temos de pensar em dar formação complementar de pedagogia didáctica da língua
portuguesa para crianças e jovens. Até agora tínhamos um paradigma muito forte
no ensino de adultos, esse paradigma continua, mas há um novo desafio”, frisou.
Outra área fundamental que constitui o desafio estratégico do IPOR passa pela
actualização dos recursos tecnológicos, com uma atenção à estatística e análise
de dados: “um instituto deste tipo que consegue antecipar uma tendência de
procura é um instituto que vai dar uma melhor resposta”, defendeu.
Por
fim, Joaquim Coelho Ramos definiu como prioridade “a organização daquilo que já
é a memória do IPOR”, de forma a promover “a preservação, divulgação e
disponibilização do acervo da instituição”, sublinhou.
‘Vistos gold’ e investimento chinês fazem disparar
tutorias de português
Joaquim
Ramos considera que o número de tutorias de português quase duplicou este ano,
muito devido aos ‘vistos gold’ e ao investimento chinês nos países lusófonos.
Com mais de três meses para terminar o ano e o número de horas de tutorias de
aprendizagem da língua portuguesa em relação a 2018 já cresceu quase para o
dobro, ultrapassando o meio milhar de horas, salientou o responsável. “Só nos
primeiros dois meses deste ano económico ultrapassámos o número de tutorias do
ano passado todo”, reforçou o responsável pelo IPOR.
Se
em 2015 foram apenas contabilizadas 23 horas de tutorias, em 2018 registaram-se
289, contra as 520 deste ano. “Quando perguntamos nas fichas de inscrição o
‘porquê’ reparamos que muitos dos interessados são, por exemplo, empresários com
vontade de investir ou em Portugal ou num país de língua portuguesa”, assinalou
o director, em funções desde agosto de 2018. “Estão com investimentos em
Portugal ou de alguma maneira inseridos na dinâmica dos ‘vistos gold’”,
acrescentou. João Carreira – Macau “Agência Lusa” in “Ponto
Final”
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