Óbidos
- O antigo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) Murade Murargy defendeu que a mobilidade dos cidadãos no espaço
lusófono, atualmente em debate, será "um elemento crucial" para valorizar
a organização.
"Hoje
está em discussão, a nível de governos, a questão da mobilidade no espaço
comunitário. Se conseguirmos ultrapassar alguns constrangimentos internos, a
mobilidade vai permitir, numa primeira fase, a circulação de vários grupos profissionais.
Estarão criadas as condições para se incrementar o intercâmbio cultural,
desportivo, intelectual, empresarial, mobilidade do conhecimento e da
inovação", defendeu o diplomata moçambicano, numa intervenção, divulgada
por vídeo, no encerramento da conferência "Perspetivas de Valorização da
CPLP", organizada pela Global CPLP Iuris - Associação Jurídica de
Advogados dos Países da CPLP e pelo município de Óbidos.
Para
Murargy, que liderou o secretariado-executivo da comunidade lusófona entre 2012
e 2016, considerou que a facilitação da circulação dos cidadãos no espaço da
CPLP será "um grande e importante passo para o reencontro" dos povos
dos países de língua portuguesa.
"A
mobilidade é um elemento crucial para a valorização da CPLP", sublinhou.
O
antigo secretário-executivo considerou que "durante muito tempo, a CPLP
foi apropriada pelos seus respetivos governos", com cada um a utilizar a
comunidade "como seu instrumento privilegiado da sua política externa na
defesa dos seus próprios interesses junto de organizações internacionais, na
promoção e difusão da língua portuguesa e na realização de algumas ações
pontuais e mitigadas de cooperação em áreas sociais, sem um impacto
significativo na vida real dos nossos povos".
Mas,
avisou, a CPLP não se resume aos governos dos nove países que a constituem:
"É também os parlamentos, os órgãos judiciais e a sociedade civil
organizada dos nossos países que também clamam por um espaço", referiu.
Murade
Murargy disse esperar que a Nova Visão Estratégica, adotada na cimeira de
Brasília em 2016, "abra espaços para uma maior aproximação da comunidade
aos seus cidadãos".
A
valorização da CPLP passa por definir "ações que permitem aos povos da
nossa comunidade se conhecerem melhor, explorar conjuntamente, através das suas
empresas, associações comerciais, as várias oportunidades que se lhes oferecem
para melhorar as suas vidas".
A
língua portuguesa é outro fator de valorização da CPLP.
Além
de ser "um valor económico", deve promover uma maior aproximação
entre os povos lusófonos, "através de uma cooperação solidária, fraternal,
mutuamente vantajosa, em preconceitos ou ideias preconcebidas".
Murargy
sustentou ainda que a CPLP é "uma organização que faz a diferença" e
que "é cobiçada por tantos outros países que se associam".
"Seria
oportuno nos interrogarmos sobre a razão de ser dessa avalanche tão assinalável
dos membros associados", comentou.
A
CPLP tem nove países-membros (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné
Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) e tem 18
países e uma organização (Organização dos Estados Ibero-Americanos) como
observadores associados.
A
promoção da mobilidade na CPLP é uma proposta conjunta de Cabo Verde, que detém
atualmente a presidência rotativa da organização, e de Portugal, a quem compete
o secretariado-executivo. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”
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