Investigadores da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) estão a estudar uma forma de instalar
microtransmissores na vespa asiática para segui-la até aos ninhos, monitorizar
estes e avaliar a melhor forma de os destruir
O
projeto ‘GoVespa’ procura a aplicação de novas tecnologias para ajudar à
resolução da proliferação de ninhos de vespas velutinas, conhecida como vespa
asiática, em Portugal, que “está a preocupar seriamente a comunidade
científica”, destacou a universidade, de Vila Real, em comunicado.
A
metodologia da equipa de investigação da UTAD passa pela captura das vespas
vivas, sem as ferir, de modo a proceder à colocação de um microtransmissor no
dorso, libertar as vespas e seguir o seu voo, através de um radar ou um drone
[veículo aéreo não tripulado], filmar e fotografar o ninho e, por fim, fazer
voos nas imediações dos ninhos identificados e procurar novos ninhos.
O
investigador do departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da
UTAD, José Aranha, citado no comunicado, alerta que “é fundamental apanhar as
vespas fundadoras (rainhas) no início da primavera, de modo a que não criem
colónias e não se dispersem”.
“Impõe-se
a deteção precoce de ninhos e a procura de ninhos primários para tentar apanhar
as fundadoras”, realça.
Para
José Aranha, a “deteção dos ninhos nem sempre é tarefa fácil”, pois, apesar de
“alguns se localizarem em árvores baixas ou em telhados, sendo por isso
facilmente visíveis, outros localizam-se em árvores altas, como por exemplo
eucaliptos adultos, e neste caso é muito difícil ver os ninhos, não só pela
distância ao solo como pelo facto desta espécie florestal apresentar folhas
todo o ano”.
Assim,
a captura da vespa asiática, e a instalação de um microtransmissor no dorso,
permitirá a identificação dos ninhos mais inacessíveis.
“Posteriormente,
estes dados serão inseridos no Sistema de Informação Geográfica já criado e
usados para melhorar o modelo de suscetibilidade à dispersão da vespa
velutina”, refere ainda o comunicado.
Este
modelo de dispersão permitirá concentrar esforços de localização de ninhos
secundários e eleger áreas prioritárias onde colocar as armadilhas primárias,
acrescenta.
Designada
cientificamente por vespa velutina, a vespa asiática registou o primeiro
avistamento em Portugal em 2011, no distrito de Viana do Castelo e, “desde aí,
tem vindo a deslocar-se para o sul do país, sendo que Lisboa, até agora, é o
distrito mais a sul onde existe a presença da vespa velutina”, disse Ricardo
Vaz Alves, do Serviço da Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR.
“Desde
2017 até ao corrente ano, temos verificado um aumento do número de denúncias”,
afirmou Ricardo Vaz Alves, em declarações à agência Lusa, indicando que, em
2017, contabilizaram-se 499 avistamentos, número que aumentou para 708 em 2018
e que, este ano, até 25 de agosto, soma 508 situações relacionadas com a
presença de vespa asiática.
Em
termos de localização, os distritos onde se registaram mais denúncias, ao longo
deste ano, foram Porto (133), Braga (92), Viseu (60), Aveiro (53) e Coimbra
(50).
Como
não tem predadores naturais, a vespa asiática coloca em perigo a
biodiversidade, as abelhas e consequentemente a polonização, podendo ameaçar
também a segurança das pessoas.
A
vespa asiática é de tamanho superior e mais escura do que a vespa comum, e com
apenas uma lista amarela no abdómen, não devendo ser confundida com a vespa
crabro que é ainda maior, mas com o abdómen todo amarelo e que não representa
uma ameaça. In “Notícias de Coimbra” - Portugal
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