Cidade
da Praia – O consultor jurídico e investigador em políticas nacionais e
comunitárias António Tavares afirmou que a Guiné-Bissau e Cabo Verde não
conseguiram ir ao encontro daquilo que foi espírito e combate de Amílcar
Cabral.
Em
declarações à Inforpress, precisamente no dia do 95º aniversário do nascimento
do “pai da nacionalidade dos dois países”, aquele investigador da Organização
não Governamental Madinter Internacional realçou que Amílcar Cabral lutou pela
união de Guiné-Bissau e Cabo Verde.
“Cabral
sempre sonhou, de facto, que Guiné-Bissau e as ilhas de Cabo Verde seriam a
realidade futura de dois Estados livres e independentes, que, em jeito de
federação, tentariam coabitar a irmandade e fazerem a afirmação de um estado onde
todos têm o direito ao solo e ao sol”, lembrou.
Conforme
avançou, com Cabral não havia a diferença entre homens e mulheres. Aliás,
recordou ele, Amílcar Cabral foi o “primeiro homem a lutar pela igualdade do
género”.
Analisando
tudo isso, aquele investigador admitiu que os dois Estados, que no passado
estiveram unidos na luta pela libertação, não conseguiram pôr em marcha o sonho
“daquele que idealizou Nação coesa para seus compatriotas”.
“Para
recuperar o legado de Amílcar Cabral, é necessário um projecto de transformação
profunda da estrutura do Estado, mas com a participação do povo nesta mudança”,
defendeu.
Em
jeito de análise, António Tavares afirmou que a Guiné-Bissau, desde a sua
criação, “nunca conseguiu afirmar-se como uma Nação” independente e soberana.
“Seu
grande problema está, precisamente, na cultura política inexistente, na forma
como a árvore foi plantada e, sobretudo, na sua irreflectida adesão à
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)”, admitiu.
Segundo
o mesmo, a eleição de 24 de Novembro, na Guiné-Bissau, não foi “muito bem
reflectida”, isto tendo em conta que grande numero dos cidadãos “não constam no
caderno eleitoral”.
Isso,
conforme observou, contribui para mais instabilidade política naquele país.
“É
preciso pensar nas causas concretas que estão a levar a Guiné-Bissau ao
precipício”, avançou, reforçando que Cabo Verde, um país que, de acordo com
ele, foi irmão daquela Nação, deveria ajudá-la a sair desta situação.
Amílcar
Cabral nasceu em Bafatá, Guiné-Bissau, a 12 de Setembro de 1924.
Filho
de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora, Cabral foi poeta, agrónomo, fundador do
PAIGC e “pai” da independência conjunta de Cabo Verde (5 Julho de 1975) e
Guiné-Bissau (oficialmente a 10 Setembro de 1974).
Assassinado
a 20 de Janeiro de 1973, na presença da sua mulher Ana Maria, em Conacry,
Amílcar Cabral assume uma figura de destaque no continente Africano, como um
dos líderes mais influentes. In “Inforpress” – Cabo Verde
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