A
proximidade e a aprendizagem da língua portuguesa estão entre as razões
apontadas pelas famílias da Galiza ouvidas pela Lusa para justificar a
frequência das suas crianças de creches em Vila de Cerveira, no Alto Minho.
“Escolhemos
a creche em Vila Nova de Cerveira pela proximidade e porque consideramos muito
importante que a nossa filha, desde cedo, aprendesse outra língua”, disse à
Lusa, Andreia Rodriguez.
Residente
no concelho vizinho de Tomiño, a família Rodriguez atravessa todos os dias o
rio Minho, através dos cerca de 500 metros da ponte internacional que liga a
localidade galega até à vila situada no distrito de Viana do Castelo para que a
filha, de um ano, frequente a creche da Santa Casa da Misericórdia.
A
Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) dispõe ainda de jardim de
infância. Nas duas respostas estão 81 crianças dos três meses aos seis anos,
sendo que 11 são galegas.
Em
Vila Nova de Cerveira não há rede pública de creches e jardins de infância, mas
Câmara local apoia as duas IPSS concelho. Além das respostas da Santa Casa, que
recentemente foi cofinanciada pelo município nas obras de beneficiação das
estruturas, a autarquia apoia ainda a creche do centro social e paroquial de
Campos, que funciona num dos polos da zona industrial, em instalações
municipais.
A
filha de Andreia Rodriguez está na sala dos mais pequenos da creche da Santa
Casa da Misericórdia, também pelo “horário alargado” que lhe dá “mais
liberdade” do que o praticado pela rede galega, onde “pagaria menos”, por ter
convenção com o Estado.
“Em
Vila Nova de Cerveira fica-nos mais caro, mas preferimos a qualidade”,
destacou.
Quando
chegou à creche da Santa Casa já levava “boas referências” de outras famílias
galegas.
“Conhecíamos
outros casais amigos que tinham colocaram os seus bebés em Cerveira e tinham
ficado muito satisfeitos. Gostei muito das condições da creche e a forma como
os funcionários cuidam a infância”, referiu.
Em
2008/2009, Adele, filha de Francisco Pereira, foi das primeiras crianças
galegas a frequentar aquela instituição. Agora tem 11 anos e frequenta o sexto
ano de escolaridade, também num agrupamento de Vila Nova de Cerveira, apesar de
a família continuar a residir do outro lado do rio internacional.
A
falta de vagas na aldeia de Goián, concelho de Tomiño, onde a família reside
levou-o à creche da Santa Casa, “a cerca de cinco minutos de distância”,
explicou Paco, como é conhecido, de 69 anos.
Técnico
de máquinas, aposentado, Paco apontou o contacto com o português como outro dos
fatores que pesou na decisão.
“Há
estudos psicológicos que demonstram que uma criança que cresce a aprender outro
idioma desenvolve-se melhor”, observou.
A
diretora, Cristina Malheiro, destacou que, “de ano para ano, a procura por
parte de famílias galegas tem vindo a aumentar” porque “nem a distância nem a
língua” são “barreiras” num relacionamento “antigo e muito forte” entre as duas
localidades.
“As
famílias acabam por se relacionar entre elas. Criam-se laços entre os próprios
adultos e frequentam a casas uns dos outros. Até porque os galegos não procuram
só a creche como a piscina e outras ofertas que temos na vila”, reforçou.
A
creche e o jardim de infância funcionam todo o ano, “sem paragens em agosto”, das
07:30 às 18:30 (hora portuguesa).
Criada
há 13 anos, a creche de apoio às empresas instaladas na zona industrial de
Campos, foi construída pela Câmara de Vila Nova de Cerveira, mas é gerida pelo
centro social e paroquial da freguesia.
Tem
capacidade para 75 crianças até aos três anos, sendo que este ano têm três
bebés galegos. Uma delas é a filha de 18 meses de Sílvia Fontan.
Silvia
vive em Tomiño e trabalha em Vila Nova de Cerveira, “pertinho” do equipamento
onde a filha mais velha também frequentou o pré-escolar.
Além
da proximidade, a “confiança” nos serviços da creche determinam a escolha.
A
diretora, Severina Ribeiro, explicou que a creche foi para responder às
necessidades dos trabalhadores das empresas instaladas nos dois polos
industriais criados pela autarquia na freguesia de Campos.
“Todos
os anos temos procura de famílias galegas, mas essa procura está muito
dependente da dinâmica da zona empresarial porque os nossos meninos são filhos
dos trabalhadores das empresas da zona industrial”, explicou.
Segundo
Severina Ribeiro, “o horário de funcionamento da creche, entre as 05:30 às
19:00, para acompanhar os turnos das fábricas e a localização, no Centro de
Apoio às Empresas, no polo II da zona industrial” são os fatores apontados
pelos encarregados de educação.
Para
o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira, este
relacionamento reflete a “grande de confiança” que existe entre as populações
das duas localidades.
“É
uma confiança que se traduz na qualidade dos serviços prestados nesta área
educativa no município de Vila Nova de Cerveira e, no excelente relacionamento
entre os municípios de fronteira, como é o caso tão peculiar da eurocidade
Cerveira-Tomiño”, reforçou o autarca. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo com “Lusa”
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