Ana Cristina Vilas Lau lidera a comitiva de voluntárias à
vila de Batangas, nas Filipinas, para a distribuição de roupa, sandálias e
material escolar a crianças necessitadas. Grupo reúne-se todos os sábados na
Associação de Amigos de Moçambique para manufacturar vestidos e calções para
crianças
Um
grupo de voluntárias de Macau inseridas no projecto internacional “Dress a girl
around the world” viaja na próxima terça-feira para as Filipinas para levar
roupa, sandálias e material escolar a cerca de 385 crianças. A iniciativa não é
de agora e tem vindo a crescer nos últimos tempos, especialmente com a cedência
de um espaço para o projecto na Associação dos Amigos de Moçambique e donativos
de empresas como a CESL Asia e a PAL Asiaconsult Ltd.
“No
ano passado distribuímos cerca de 200 vestidos e calções, cerca de 100 vestidos
e 100 calções, e este ano temos 385 crianças, entre rapazes e raparigas,
portanto aumentou o número de crianças que nós vamos poder ajudar”, começa por
explicar Ana Cristina Vilas Lau ao Ponto Final sobre a evolução do projecto
“Dress a girl around the world” em Macau.
“A
partir de Agosto do ano passado, a Associação de Amigos de Moçambique
convidou-nos para estarmos no espaço deles a trabalhar todos os sábados, e isso
fez com que também aumentasse o nosso trabalho, e o resultado é que temos feito
muitos mais vestidos e calções. Para além disso tivemos o apoio da CESL Asia e
da PAL Asiaconsult Ltd, o que também nos ajudou com um apoio monetário para
questões logísticas. Este ano, para além de levarmos roupa e material escolar,
também vamos levar sandálias”, acrescenta Ana Cristina Vilas Lau.
“No
ano passado só demos material escolar e vestidos, este ano alargámo-nos um
bocadinho mais por causa das condições que encontrámos nas crianças no ano
passado, em que a maior parte delas andava descalça, e nós sabemos que vamos
encontrar crianças em pior estado ao nível de pobreza”, frisa a voluntária ao
Ponto Final.
Questionada
sobre o facto de o projecto original ser destinado exclusivamente a raparigas,
Ana Cristina Vilas Lau fez questão de frisar que o grupo de voluntárias do
“Dress a girl around the world” não faz distinção entre rapazes e raparigas
pois o objectivo é ajudar crianças carenciadas.
“Vestimos
as duas coisas, rapazes e raparigas. Nós só queremos fazer o bem, ou seja,
entregar”, afirma Ana Cristina Vilas Lau, acrescentando depois que o grupo de
voluntárias de Macau não segue as linhas do projecto norte-americano que apenas
faz distribuição de roupas de raparigas.
O
grupo de voluntárias parte para as Filipinas no próximo dia 1 de Outubro e fica
lá até ao fim da Semana Dourada, a 6 de Outubro, tendo sido enviadas já três
caixas de sandálias e material escolar pela via marítima. “Já mandámos três
caixas para as Filipinas e nem lhe vou dizer quanto é que pesavam porque eu não
conseguia carregar nenhuma delas. Duas das caixas com as tais 385 pares de
sandálias, e mandámos uma caixa por via marítima, de material escolar, para
todas estas crianças. Neste momento temos cerca de 140 quilograma para levar, e
vamos ter de comprar malas extras só para levar o que nos falta, roupa e um
carregamento extra de 65 sandálias”, revela Ana Cristina Vilas Lau.
Sendo
funcionária pública, Ana Cristina Vilas Lau está um pouco condicionada para
ajudar mais. No entanto, a voluntária portuguesa radicada em Macau há mais de
três décadas espera pela reforma para poder ajudar mais crianças necessitadas,
nomeadamente ao nível da alimentação.
“Há
muitas crianças nessa vila nas Filipinas em que as mães, quando deixam de ter
leite, as crianças deixam de beber leite, então as mães, desesperadas, dão-lhes
água com um bocado de café em pó. E as crianças vivem assim, portanto, desde
pequenininhas com poucos meses a beber água com café. Foi criado lá um projecto
por uma pessoa de Macau, que é o ‘Milk For Everybody’, que nós vamos aderir e
que vamos comprar leite em pó para 100 famílias com crianças”, confessa Ana
Cristina Vilas Lau.
Depois
da entrega precisamos de descer à terra, emocionalmente aquilo é tocante, uma
pessoa fica tocada, com o que vemos, com a pobreza que vemos. Estou à porta da
minha reforma, portanto, penso que daqui a um ano poderei dar muito mais, e de
certeza que vou fazer de outra maneira, ajudar”, acrescenta Ana Cristina Vilas
Lau.
“Gostaria
de ir para um orfanato, como nós vamos este ano, e poder ensinar às mulheres a
costurar e fazerem vestidos, a fazerem calções, porque sei que ao fazermos isso
vai fazer com que essas mulheres possam trabalhar para fora, possam ganhar o
seu dinheiro e sustentar a própria família, esse é o meu próximo passo. Mas não
o posso fazer neste momento porque sou funcionária, a partir do momento em que
me desligar da função pública então aí terei todo o meu tempo livre para me dedicar
à continuação deste projecto do ‘dress’ e ir mais além”, sentenciou Ana
Cristina Vilas Lau. In “Ponto Final” – Macau
pontofinalmacau@gmail.com
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