Na passada quinta-feira, arrancou, em Maputo, a residência artística que junta 16 jovens artistas emergentes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O resultado das próximas três semanas de criação e troca artística será apresentado ao público num espectáculo multidisciplinar, no palco do Centro Cultural Moçambique-China, no próximo dia 12 de Setembro.
A
iniciativa integra o “Resistência e Afirmação Cultural”, projecto que visa
investigar e recriar manifestações artísticas ocorridas durante o processo de
libertação colonial dos PALOP e de Timor-Leste, assim como durante as lutas
antifascistas em Portugal, promovendo uma releitura crítica da produção
cultural.
Para
esta residência, organizada numa parceria entre a Associação Cultural Scala e a
Khuzula, foram recebidas mais de uma centena de candidaturas de artistas dos
sete países. O espectáculo final, que cruza teatro, música, dança e poesia,
reunirá em palco mais de 50 intervenientes, entre residentes e outros
moçambicanos que integram a banda e asseguram toda a produção técnica. O
produto final será filmado e documentado, para que, mais tarde, integre a
plataforma digital CASA, uma biblioteca virtual das artes performativas dos
países envolvidos no projecto.
Para
Sol de Carvalho, da Associação Scala, Director-Geral da Residência, a
iniciativa assume particular relevância no contexto das comemorações dos 50
anos das independências dos PALOP.
Citando
um dos entrevistados do projecto, Sol aponta que a guerra acabou, mas as
feridas ainda sangram no corpo da nossa história. “O palco é onde vamos expor
essas cicatrizes e, quem sabe, iniciar a sua cura. Esta residência não dá
respostas, mas lança pistas, provoca diálogos e, sobretudo, junta ideias”,
disse, acrescentando que “no fim, a ideia é criar colectivamente em residência,
assinando colectivamente a obra final”.
Júlia
Novela, Produtora Artística da Residência (Khuzula), fala sobre a fusão
artística. “O importante é ter a simbiose, a conexão, a união para criar algo
novo.
Não
importa se é o semba de Angola, a morna de Cabo Verde, o gumbé da Guiné-Bissau,
a marrabenta de Moçambique, o puxa de São Tomé e Príncipe, o tebe-tebe de
Timor-Leste ou a balada de Portugal. No fundo, é tudo conversa de irmão.”
O
projecto Resistência e Afirmação Cultural é coordenado pela Associação Cultural
Scala, de Moçambique, e reúne sete instituições dos países de língua
portuguesa. A iniciativa conta com o apoio do PROCULTURA, uma acção do programa
PALOP–TL e UE, financiada pela União Europeia, co-financiada e gerida pelo
Camões, I.P., e co-financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, que dispõe de
um orçamento total de 19 milhões de euros e tem como objectivo contribuir para
a criação de emprego nas actividades geradoras de rendimento na economia
cultural e criativa nos PALOP e em Timor-Leste. O projecto conta ainda com o
apoio estratégico do Governo de Moçambique e da Rede de Centros Culturais
Portugueses nos PALOP. Eugénia Rosa – Moçambique in “O País”
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