O patologista clínico Pedro M. Cabral, que está a desenvolver investigação na área do Lúpus no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), no âmbito do Programa Doutoral em Metabolismo – Clínica e Experimentação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), foi recentemente distinguido com o prémio “Grant in Autoimmunity Basic Research“, atribuído pelo Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Esta bolsa, no valor de cinco mil euros, foi entregue durante o XI Congresso Nacional de Autoimunidade / XXX Reunião Anual do NEDAI, realizado em junho.
A
bolsa de investigação foi concedida especificamente ao projeto
«Glycan-Complement Axis in Lupus Nephritis», que o assistente hospitalar da
Unidade Local de Saúde de São João está a desenvolver no grupo do i3S
«Immunology, Cancer and GlycoMedicine», sob orientação de Salomé Pinho,
professora afiliada da Faculdade de Medicina (FMUP) e do Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, e coorientação de
Inês Alves, investigadora do i3S.
Para
Pedro M. Cabral, a atribuição da bolsa é «profundamente motivadora. Representa
não só uma grande gratificação pessoal, mas também o reconhecimento de um
percurso exigente, que concilia um doutoramento com a atividade de assistente
hospitalar». A nível profissional, acrescenta, «constitui uma oportunidade
concreta para consolidar uma linha de investigação que cruza a experiência
clínica com a ciência translacional. Permite-me aprofundar competências em
investigação biomédica aplicada e contribuir de forma efetiva para o avanço do
conhecimento em Imunologia Clínica, no seio de um grupo notável no i3S, a quem
muito agradeço todo o apoio e orientação».
O
projeto apresentado por Pedro M. Cabral centra-se na nefrite lúpica, uma
manifestação severa do lúpus eritematoso sistémico (LES), com impacto na
morbilidade, risco de progressão para doença renal crónica e deterioração da
qualidade de vida. A descoberta do grupo liderado por Salomé Pinho de uma
alteração na composição de açúcares/glicanos à superfície do parênquima renal,
levantou uma questão inovadora que o doutorando da FMUP decidiu explorar:
poderá esta alteração contribuir para a lesão renal através da ativação do
sistema do complemento?
«Trata-se
de uma proposta exploratória, com potencial impacto na compreensão da doença e
na definição de novas estratégias de diagnóstico, de prognóstico e
terapêuticas, uma vez que este projeto visa identificar biomarcadores mais
específicos, mais sensíveis e clinicamente mais úteis na avaliação da nefrite
lúpica do que os que existem atualmente», explica Pedro M. Cabral. Para isso, o
investigador vai seguir abordagens in vitro, in vivo e clínico-translacionais.
A
identificação de um novo biomarcador na nefrite lúpica, adianta, «vai
permitir-nos compreender melhor a doença e pode abrir caminho à personalização
da terapêutica. Se demonstrarmos que alterações específicas na glicosilação
renal promovem a ativação da inflamação, poderemos pensar em estratégias para
modular esse processo. O objetivo último é melhorar a vida dos doentes com
nefrite lúpica, através de um diagnóstico mais preciso e de terapêuticas mais
direcionadas». Universidade do Porto - Portugal
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