Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 10 de agosto de 2025

Os cães


 








Os cães

 

Noite velha. Nos quartos majestosos

Dos soberbos palácios, docemente,

Sobre um leito suavíssimo, atraente,

Na indolência fantástica dos gozos,

 

Descansa a virtuosa, a boa gente,

Sonhando uns belos casos misteriosos,

-- No ardor dos pensamentos caprichosos!

-- Na placidez d’um sono sorridente!

 

Dormem talvez os últimos convivas

Das saturnais devassas e lascivas,

Nas contorções dos vícios execráveis!...

 

E sem ter pão, famintos, macilentos,

Expostos ao rigor dos quatro ventos

Dormem na rua os cães: -- os miseráveis!

 

Barros de Seixas – Portugal

José Miguel Barros de Seixas nasceu em Lisboa a 15 de Outubro de 1853, na rua de São Bernardo nº 26, poeta, comerciante, defensor dos ideais republicanos, publicou o livro de poesia Cantos Modernos em 1879 onde dedica vários poemas a colegas escritores portugueses, entre eles o amigo e vizinho Cesário Verde. O livro foi editado pela Livraria Cruz & Cª, rua Augusta, Lisboa. Era sobrinho pelo lado materno do maestro, compositor, professor, músico, Joaquim Thomaz Del Negro.

Faleceu jovem, com 28 anos, vítima de doença, tuberculose, a 28 de Dezembro de 1881, em Santo Antão do Tojal, na altura concelho de Olivais, deixando um descendente, Rafael Rocha Barros de Seixas com apenas 8 meses.

Posteriormente à sua morte foi editado por Arnaldo Bordalo em 1897 o monólogo A Orphã, um poema recitado pelo actor Augusto de Mello nos principais teatros de Lisboa e Porto. Baía da Lusofonia

A PortugalPoema de Barros de Seixas publicado no Brasil, nas comemorações do tricentenário de Luís Vaz de Camões pelo Retiro Litterario Portuguez no Rio de Janeiro.


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