Os cães
Noite velha. Nos quartos majestosos
Dos soberbos palácios,
docemente,
Sobre um leito suavíssimo,
atraente,
Na indolência fantástica
dos gozos,
Descansa a virtuosa, a boa
gente,
Sonhando uns belos casos
misteriosos,
-- No ardor dos
pensamentos caprichosos!
-- Na placidez d’um sono
sorridente!
Dormem talvez os últimos
convivas
Das saturnais devassas e
lascivas,
Nas contorções dos vícios
execráveis!...
E sem ter pão, famintos,
macilentos,
Expostos ao rigor dos
quatro ventos
Dormem na rua os cães: --
os miseráveis!
Barros de Seixas –
Portugal
José Miguel Barros de Seixas nasceu em Lisboa a 15 de Outubro de 1853, na rua de São
Bernardo nº 26, poeta, comerciante, defensor dos ideais republicanos, publicou
o livro de poesia Cantos Modernos em 1879 onde dedica vários poemas a
colegas escritores portugueses, entre eles o amigo e vizinho Cesário Verde. O
livro foi editado pela Livraria Cruz & Cª, rua Augusta, Lisboa. Era
sobrinho pelo lado materno do maestro, compositor, professor, músico, Joaquim
Thomaz Del Negro.
Faleceu
jovem, com 28 anos, vítima de doença, tuberculose, a 28 de Dezembro de 1881, em
Santo Antão do Tojal, na altura concelho de Olivais, deixando um descendente,
Rafael Rocha Barros de Seixas com apenas 8 meses.
Posteriormente
à sua morte foi editado por Arnaldo Bordalo em 1897 o monólogo A Orphã,
um poema recitado pelo actor Augusto de Mello nos principais teatros de Lisboa
e Porto. Baía da Lusofonia
A Portugal
– Poema de Barros de Seixas
publicado no Brasil, nas comemorações do tricentenário de Luís Vaz de Camões pelo Retiro
Litterario Portuguez no Rio de Janeiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário