Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Barítono Jorge Chaminé questiona “Para onde vai Portugal?” em carta aberta

O barítono português Jorge Chaminé, nascido no Porto em 1956 e radicado há vários anos em França, onde é presidente-fundador do Centro Europeu de Música de Bougival, partilhou nas suas redes sociais uma carta aberta com o título “Para onde vai Portugal?”, escrita a 14 de agosto, no Porto


O texto surge dias após a morte do pai do músico, quase centenário, que, segundo Jorge Chaminé, partiu com plena consciência do mundo em que vivia. “Na véspera da sua morte, perguntou-me com os olhos cheios de lucidez e gravidade: ‘Para onde vai Portugal?’”, recorda.

Na carta, o artista evoca essa interrogação como um legado e um apelo. Num tom de reflexão crítica, o barítono denuncia problemas estruturais do país, apontando para a falta de coordenação nos incêndios, a crise nas urgências hospitalares, a emigração dos jovens e o abandono da cultura. Segundo ele, Portugal “atravessa algo mais subtil e mais perigoso: a erosão lenta do seu tecido cívico, a desvalorização do pensamento, a desertificação da escuta e da compaixão.”.

O barítono estende ainda a sua reflexão ao plano global, questionando o rumo do mundo perante as alterações climáticas e a persistência de lógicas políticas e económicas que considera cegas: “Para onde vai a nossa Casa comum, este planeta azul que se incendeia, se asfixia, se afoga – e que continua a ser governado por lógicas de acumulação e cegueira?”

Jorge Chaminé sublinha que a carta não deve ser lida como uma acusação, mas antes como um apelo à consciência, à lucidez e à coragem de recomeçar. Dirige-se a cidadãos, artistas, professores, profissionais de saúde e políticos, pedindo que não deixem morrer “o que ainda pulsa” em Portugal.

“Não é tarde. Mas é urgente”, conclui o músico, afirmando a sua fidelidade a um país de “dignidade, beleza, resistência e esperança”. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


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