Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Macau - Sugerido “apoio especial” do Governo em prol de voos directos com Portugal

O director do Departamento de Marketing da CAM disse que há algumas “dificuldades” no que respeita à criação de um voo directo entre Macau e Portugal, mas a empresa continua a tentar incentivar companhias aéreas a desenvolver essas rotas. Eric Fong defendeu, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, que o Governo da RAEM deve criar um “apoio especial”. Além disso, afirmou, deve tentar negociar a atribuição de subsídios, juntamente com a autoridade de aviação civil de Portugal, à companhia para que os custos possam ser reduzidos


A Sociedade do Aeroporto de Macau (CAM) “tem impulsionado companhias aéreas a desenvolver rotas directas ou de transferência ligadas a Portugal”, revelou Eric Fong, director do Departamento de Marketing da empresa, mas não é uma tarefa fácil. “Ainda continuamos a esforçar-nos no aspecto dos voos directos”, prosseguiu, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau.

No entanto, sobre esta ambição, Eric Fong apontou que “actualmente, ainda existe um certo grau de dificuldades” e deverá ser preciso um “período de incubação muito longo”, dados os “custos muito elevados”, o mercado e outras considerações comerciais. Segundo notou, ainda não há transportadoras interessadas em lançar esta ligação de longa distância.

“Por isso, sugerimos ao Governo da RAEM que crie um apoio especial. E propomos também que [o Governo] e a autoridade de aviação civil de Portugal negociem para proporcionar subsídios à companhia aérea [operadora] e aos passageiros, no sentido de assegurar que a companhia diminua os custos o mais possível, antes do lançamento dos voos. Penso que, desse modo, tornar-se-ia mais provável ser desenvolvida esta rota aérea de longa distância”, analisou Eric Fong.

Segundo o responsável, actualmente, alguns passageiros de Macau recorrem à rota Incheon (Coreia do Sul) – Lisboa, operada pela Korean Air. Além disso, afirmou que a CAM tem mantido contacto com a Air Macau, na esperança de a companhia de bandeira da RAEM aproveitar a rede da Air China, empresa mãe, para concretizar uma ligação entre Macau e Pequim (Daxing) e a transferência de Daxing para a Europa.

Por outro lado, Eric Fong referiu que a CAM aposta também nos voos de ligação de “bilhete único com bagagem transferida até ao destino final”, principalmente através de várias transportadoras de grande dimensão, como a China Eastern Airlines, a China Southern Airlines, a Korean Air, entre outras. Sob este modelo, os voos partem de Macau para Pequim, Seul, Taiwan, Kuala Lumpur, Singapura, ou Banguecoque, para depois levar os passageiros ao Canadá, EUA, Europa, Austrália, Egipto e Índia, explicou.

“Há muitos passageiros que partem de Macau para ir ao Canadá, tendo o volume de passageiros registado um certo aumento… Além disso, temos promovido constantemente este serviço [voos de ligação] na Grande Baía, de modo a que os turistas da Grande Baía ou dos países europeus ou americanos possam viajar para Macau desta forma”, destacou.

Este ano, CAM procedeu igualmente a várias negociações com companhias aéreas australianas e europeias, “especialmente com a Turkish Airlines”, para promover rotas “charter” de média e longa distância com escala em Macau, através da cooperação com transportadoras e agências de viagens, apontou Eric Fong.

“Em relação às rotas ‘charter’, será um pouco difícil promover esta área a depender apenas da população de Macau. Por isso, temos negociado com algumas agências de viagens e empresas ‘charter’ de grande dimensão do Interior da China, para perceber se estão interessadas em promover, juntamente com a Turkish Airlines e companhias aéreas australianas, voos de ligação. Esperamos que, enquanto o único aeroporto internacional na parte oeste da Grande Baía, o Aeroporto de Macau possa atrair pessoas desta parte da Grande Baía – como de Jiangmen e de Zhongshan -, a partirem de Macau para se deslocar ao Médio Oriente. As companhias aéreas já manifestaram esta vontade, se conseguirmos ligar todas as cadeias de abastecimento envolvidas”, afirmou o responsável.

Segundo exemplificou, a CAM está “bastante interessada” na Turkish Airlines, desejando promover voos de ligação que partam da Turquia e, recorrendo à partilha de códigos, transportem depois os passageiros para o Interior da China, o Sudeste Asiático e o Nordeste da Ásia com aviões da Air Macau. Nesta vertente, Eric Fong sublinhou que a CAM “se tem esforçado” e que as negociações “nunca pararam”.

Por outro lado, a lei da actividade de aviação civil entrará em vigor no dia 1 de Fevereiro do próximo ano. Segundo Eric Fong, até agora, nenhuma companhia aérea manifestou um interesse claro em prestar serviços de transporte aéreo de passageiros em Macau, mas algumas transportadoras pediram à CAM informações sobre questões operacionais e requisitos. Entre as companhias que contactaram a CAM, “há algumas tradicionais e algumas estrangeiras”, apontou.

Centros de Serviços em Shenzhen e Zhongshan

Ademais, o responsável notou que o Centro de Serviço do Aeroporto de Macau em Zhuhai entrou em funcionamento a 2 de Julho, em Gongbei, tendo vindo a atender principalmente passageiros das regiões vizinhas e prestando serviços de marcação de bilhetes de avião e consulta de informações sobre os voos e a passagem fronteiriça.

Eric Fong adiantou que mais dois centros de serviço do género deverão entrar em funcionamento no 4º trimestre deste ano em Shekou, Shenzhen, e no Porto de Zhongshan, estando a CAM a “negociar alguns pormenores” e a “proceder à decoração”. Segundo revelou, esses centros vão fornecer informações sobre os voos, mas também prestar o serviço de transferência de transporte marítimo e aéreo entre esses terminais marítimos e o Aeroporto de Macau.

“Vamos promover um serviço que permitirá aos passageiros que partem dos terminais de Shekou e do Porto de Zhongshan, depois da chegada ao Terminal da Taipa, apanharem autocarros rápidos ligados ao Aeroporto de Macau e usarem o serviço de ‘uma única inspecção’ alfandegária, para ir directamente para o Japão ou Coreia do Sul, por exemplo. Como são considerados passageiros de transferência, podem receber um reembolso de imposto de 110 patacas e ver as bagagens directamente transferidas para o destino”.

A rede de serviços de transferência de transporte marítimo e aéreo da CAM irá abranger ainda o Porto de Wanzai, Zhuhai, e o Terminal Marítimo do Porto Interior, cujas instalações e serviços “já se encontravam prontos na primeira metade deste ano”. Porém, actualmente, a sociedade continua em negociações com as autoridades do Interior da China sobre “alguns detalhes”, não prevendo um calendário para o lançamento do serviço, no âmbito do qual será também disponibilizado o serviço pago de autocarros rápidos para o Aeroporto de Macau aos passageiros que chegam ao Terminal do Porto Interior vindos do Porto de Wanzai. Como este tipo de passageiros goza do reembolso de imposto, o serviço é “basicamente gratuito”, notou Eric Fong.

“Low-cost” absorvem 26% dos passageiros

Eric Fong revelou ainda que, entre Janeiro e Julho deste ano, 74% dos passageiros do Aeroporto de Macau apanharam voos de companhias aéreas tradicionais enquanto 26% escolheram transportadoras “low-cost”. Segundo indicou, no mesmo intervalo temporal, a taxa de ocupação dos voos “low-cost” superou 80%, ao passo que as companhias aéreas tradicionais verificaram uma taxa de ocupação de cerca de 75%. “Normalmente, as companhias aéreas ‘low-cost’ registam uma taxa de ocupação de voos entre 80% e 85%”, acrescentou.

Além disso, adiantou ainda que, nos primeiros sete meses do ano, o número total de passageiros do Aeroporto registou uma quebra anual de 4%, enquanto o volume de voos ficou também aquém do verificado no período homólogo de 2024. Relativamente à origem dos passageiros, os residentes representavam 11%, seguindo-se os do Interior da China (57%), os estrangeiros (17%), os de Hong Kong (1%) e os de Taiwan (14%). Neste aspecto, observou que a percentagem dos passageiros do Continente chinês caiu dois a três pontos percentuais, em termos anuais. Ainda assim, notou que a situação se manteve semelhante ao habitual.

Eric Fong adiantou ainda que, no final de Setembro, vai ser lançada uma rota entre Macau e a ilha de Phu Quoc, Vietname, com dois voos por semana. E quase na mesma altura ou no início de Outubro, Macau terá uma nova ligação a Sihanoukville, Camboja, também com dois voos semanalmente. Já no início de Novembro será inaugurada a rota Macau-Cheongju, Coreia do Sul, com quatro voos por semana.

Na esfera do Interior da China, o responsável mencionou que, no próximo dia 10 de Setembro, vão ser iniciados voos entre Macau e Nanchang, capital da província de Jiangxi, servidos por aeronaves COMAC C909, com três voos por semana. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


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