O director do Departamento de Marketing da CAM disse que há algumas “dificuldades” no que respeita à criação de um voo directo entre Macau e Portugal, mas a empresa continua a tentar incentivar companhias aéreas a desenvolver essas rotas. Eric Fong defendeu, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, que o Governo da RAEM deve criar um “apoio especial”. Além disso, afirmou, deve tentar negociar a atribuição de subsídios, juntamente com a autoridade de aviação civil de Portugal, à companhia para que os custos possam ser reduzidos
A
Sociedade do Aeroporto de Macau (CAM) “tem impulsionado companhias aéreas a
desenvolver rotas directas ou de transferência ligadas a Portugal”, revelou
Eric Fong, director do Departamento de Marketing da empresa, mas não é uma
tarefa fácil. “Ainda continuamos a esforçar-nos no aspecto dos voos directos”,
prosseguiu, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau.
No
entanto, sobre esta ambição, Eric Fong apontou que “actualmente, ainda existe
um certo grau de dificuldades” e deverá ser preciso um “período de incubação
muito longo”, dados os “custos muito elevados”, o mercado e outras
considerações comerciais. Segundo notou, ainda não há transportadoras
interessadas em lançar esta ligação de longa distância.
“Por
isso, sugerimos ao Governo da RAEM que crie um apoio especial. E propomos
também que [o Governo] e a autoridade de aviação civil de Portugal negociem
para proporcionar subsídios à companhia aérea [operadora] e aos passageiros, no
sentido de assegurar que a companhia diminua os custos o mais possível, antes
do lançamento dos voos. Penso que, desse modo, tornar-se-ia mais provável ser
desenvolvida esta rota aérea de longa distância”, analisou Eric Fong.
Segundo
o responsável, actualmente, alguns passageiros de Macau recorrem à rota Incheon
(Coreia do Sul) – Lisboa, operada pela Korean Air. Além disso, afirmou que a
CAM tem mantido contacto com a Air Macau, na esperança de a companhia de
bandeira da RAEM aproveitar a rede da Air China, empresa mãe, para concretizar
uma ligação entre Macau e Pequim (Daxing) e a transferência de Daxing para a
Europa.
Por
outro lado, Eric Fong referiu que a CAM aposta também nos voos de ligação de
“bilhete único com bagagem transferida até ao destino final”, principalmente
através de várias transportadoras de grande dimensão, como a China Eastern
Airlines, a China Southern Airlines, a Korean Air, entre outras. Sob este
modelo, os voos partem de Macau para Pequim, Seul, Taiwan, Kuala Lumpur,
Singapura, ou Banguecoque, para depois levar os passageiros ao Canadá, EUA,
Europa, Austrália, Egipto e Índia, explicou.
“Há
muitos passageiros que partem de Macau para ir ao Canadá, tendo o volume de
passageiros registado um certo aumento… Além disso, temos promovido
constantemente este serviço [voos de ligação] na Grande Baía, de modo a que os
turistas da Grande Baía ou dos países europeus ou americanos possam viajar para
Macau desta forma”, destacou.
Este
ano, CAM procedeu igualmente a várias negociações com companhias aéreas
australianas e europeias, “especialmente com a Turkish Airlines”, para promover
rotas “charter” de média e longa distância com escala em Macau, através da
cooperação com transportadoras e agências de viagens, apontou Eric Fong.
“Em
relação às rotas ‘charter’, será um pouco difícil promover esta área a depender
apenas da população de Macau. Por isso, temos negociado com algumas agências de
viagens e empresas ‘charter’ de grande dimensão do Interior da China, para
perceber se estão interessadas em promover, juntamente com a Turkish Airlines e
companhias aéreas australianas, voos de ligação. Esperamos que, enquanto o
único aeroporto internacional na parte oeste da Grande Baía, o Aeroporto de
Macau possa atrair pessoas desta parte da Grande Baía – como de Jiangmen e de
Zhongshan -, a partirem de Macau para se deslocar ao Médio Oriente. As
companhias aéreas já manifestaram esta vontade, se conseguirmos ligar todas as
cadeias de abastecimento envolvidas”, afirmou o responsável.
Segundo
exemplificou, a CAM está “bastante interessada” na Turkish Airlines, desejando
promover voos de ligação que partam da Turquia e, recorrendo à partilha de
códigos, transportem depois os passageiros para o Interior da China, o Sudeste
Asiático e o Nordeste da Ásia com aviões da Air Macau. Nesta vertente, Eric
Fong sublinhou que a CAM “se tem esforçado” e que as negociações “nunca
pararam”.
Por
outro lado, a lei da actividade de aviação civil entrará em vigor no dia 1 de
Fevereiro do próximo ano. Segundo Eric Fong, até agora, nenhuma companhia aérea
manifestou um interesse claro em prestar serviços de transporte aéreo de
passageiros em Macau, mas algumas transportadoras pediram à CAM informações
sobre questões operacionais e requisitos. Entre as companhias que contactaram a
CAM, “há algumas tradicionais e algumas estrangeiras”, apontou.
Centros de Serviços em Shenzhen e Zhongshan
Ademais,
o responsável notou que o Centro de Serviço do Aeroporto de Macau em Zhuhai
entrou em funcionamento a 2 de Julho, em Gongbei, tendo vindo a atender
principalmente passageiros das regiões vizinhas e prestando serviços de
marcação de bilhetes de avião e consulta de informações sobre os voos e a
passagem fronteiriça.
Eric
Fong adiantou que mais dois centros de serviço do género deverão entrar em
funcionamento no 4º trimestre deste ano em Shekou, Shenzhen, e no Porto de
Zhongshan, estando a CAM a “negociar alguns pormenores” e a “proceder à
decoração”. Segundo revelou, esses centros vão fornecer informações sobre os
voos, mas também prestar o serviço de transferência de transporte marítimo e
aéreo entre esses terminais marítimos e o Aeroporto de Macau.
“Vamos
promover um serviço que permitirá aos passageiros que partem dos terminais de
Shekou e do Porto de Zhongshan, depois da chegada ao Terminal da Taipa,
apanharem autocarros rápidos ligados ao Aeroporto de Macau e usarem o serviço
de ‘uma única inspecção’ alfandegária, para ir directamente para o Japão ou
Coreia do Sul, por exemplo. Como são considerados passageiros de transferência,
podem receber um reembolso de imposto de 110 patacas e ver as bagagens
directamente transferidas para o destino”.
A
rede de serviços de transferência de transporte marítimo e aéreo da CAM irá
abranger ainda o Porto de Wanzai, Zhuhai, e o Terminal Marítimo do Porto
Interior, cujas instalações e serviços “já se encontravam prontos na primeira
metade deste ano”. Porém, actualmente, a sociedade continua em negociações com
as autoridades do Interior da China sobre “alguns detalhes”, não prevendo um
calendário para o lançamento do serviço, no âmbito do qual será também
disponibilizado o serviço pago de autocarros rápidos para o Aeroporto de Macau
aos passageiros que chegam ao Terminal do Porto Interior vindos do Porto de
Wanzai. Como este tipo de passageiros goza do reembolso de imposto, o serviço é
“basicamente gratuito”, notou Eric Fong.
“Low-cost” absorvem 26% dos passageiros
Eric
Fong revelou ainda que, entre Janeiro e Julho deste ano, 74% dos passageiros do
Aeroporto de Macau apanharam voos de companhias aéreas tradicionais enquanto
26% escolheram transportadoras “low-cost”. Segundo indicou, no mesmo intervalo
temporal, a taxa de ocupação dos voos “low-cost” superou 80%, ao passo que as
companhias aéreas tradicionais verificaram uma taxa de ocupação de cerca de
75%. “Normalmente, as companhias aéreas ‘low-cost’ registam uma taxa de
ocupação de voos entre 80% e 85%”, acrescentou.
Além
disso, adiantou ainda que, nos primeiros sete meses do ano, o número total de
passageiros do Aeroporto registou uma quebra anual de 4%, enquanto o volume de
voos ficou também aquém do verificado no período homólogo de 2024.
Relativamente à origem dos passageiros, os residentes representavam 11%,
seguindo-se os do Interior da China (57%), os estrangeiros (17%), os de Hong
Kong (1%) e os de Taiwan (14%). Neste aspecto, observou que a percentagem dos
passageiros do Continente chinês caiu dois a três pontos percentuais, em termos
anuais. Ainda assim, notou que a situação se manteve semelhante ao habitual.
Eric
Fong adiantou ainda que, no final de Setembro, vai ser lançada uma rota entre
Macau e a ilha de Phu Quoc, Vietname, com dois voos por semana. E quase na
mesma altura ou no início de Outubro, Macau terá uma nova ligação a
Sihanoukville, Camboja, também com dois voos semanalmente. Já no início de
Novembro será inaugurada a rota Macau-Cheongju, Coreia do Sul, com quatro voos
por semana.
Na
esfera do Interior da China, o responsável mencionou que, no próximo dia 10 de
Setembro, vão ser iniciados voos entre Macau e Nanchang, capital da província
de Jiangxi, servidos por aeronaves COMAC C909, com três voos por semana. In “Jornal
Tribuna de Macau” - Macau
Sem comentários:
Enviar um comentário