Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Angola – Escritores da província de Cabinda lamentam falta de editoras e apoios para publicação

A falta de uma editora local e incentivos aos jovens, que almejam tornar-se escritores, colocam Cabinda entre as províncias do país com menos registo de produção e publicação de obras literárias


Segundo o autor do livro “Sem Título”, Paixão Banganga, há um certo desinteresse dos empresários e outras entidades locais em apoiar a produção literária, por se tratar de um sector pouco lucrativo.

Paixão Banganga salientou que existem, na província de Cabinda, muitos jovens inclinados à escrita, desde contos, romance, poesia, crónica, incluindo trabalhos científicos, porém, acabam frustrados por falta de meios financeiros e de editoras para a publicação das suas obras.

“Uma província dessa tão grande, com mais de quatro universidades, cerca de um milhão de habitantes, não ter, pelo menos, uma editora, é complicado”, lamentou.

Apesar de reconhecer que, por um lado, em termos de consumo de obras literárias, o mercado local não é atractivo, apelou às autoridades locais, sobretudo os empresários, no sentido de começarem a apoiar os projectos literários.

Nessa província, referiu Banganga, raras vezes, acontecem eventos de lançamento, vendas e sessão de autógrafos de obras literárias ou feiras de livros. Aliás, argumentou, os escritores de outras regiões do país dificilmente deslocam-se a Cabinda para apresentar as suas obras, devido aos custos logísticos.

O coordenador provincial do Movimento Lev’Arte em Cabinda, José Vaba “Poeta Sem Caneta”, disse que, a nível da província, a sua organização está muito fragilizada, em termos de membros, tendo decaído de 60 para apenas 12 associados entre os anos de 2015 e 2025.

“De certo modo, entendemos o desinteresse de algumas pessoas, porque hoje o mundo está, cada vez mais, à procura de actividades lucrativas, e a literatura não é uma delas”, disse, apontando para o posicionamento adoptado pela classe empresarial local e a falta de iniciativas da Secretaria Provincial da Cultura, como as principais causas do insucesso que se regista na área da Literatura.

Em geral, disse, a arte, em Cabinda, tem pouco espaço, porque a nível da província o teatro, a música, a dança e as artes plásticas também não apresentam resultados animadores, sobretudo, devido à falta de actividades culturais regulares. Já o escritor Adão Mamata, residente em Cabinda, que no ano passado, apresentou a sua primeira obra literária, intitulada “Ânsia da Vida”, do género lírico, disse que, por falta de patrocínios, demorou cerca de 12 anos para colocar o seu projecto nas mãos do público. Pedro Vicente – Angola in “Jornal de Angola”


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