A falta de uma editora local e incentivos aos jovens, que almejam tornar-se escritores, colocam Cabinda entre as províncias do país com menos registo de produção e publicação de obras literárias
Segundo
o autor do livro “Sem Título”, Paixão Banganga, há um certo desinteresse dos
empresários e outras entidades locais em apoiar a produção literária, por se
tratar de um sector pouco lucrativo.
Paixão
Banganga salientou que existem, na província de Cabinda, muitos jovens
inclinados à escrita, desde contos, romance, poesia, crónica, incluindo
trabalhos científicos, porém, acabam frustrados por falta de meios financeiros
e de editoras para a publicação das suas obras.
“Uma
província dessa tão grande, com mais de quatro universidades, cerca de um
milhão de habitantes, não ter, pelo menos, uma editora, é complicado”,
lamentou.
Apesar
de reconhecer que, por um lado, em termos de consumo de obras literárias, o
mercado local não é atractivo, apelou às autoridades locais, sobretudo os
empresários, no sentido de começarem a apoiar os projectos literários.
Nessa
província, referiu Banganga, raras vezes, acontecem eventos de lançamento,
vendas e sessão de autógrafos de obras literárias ou feiras de livros. Aliás,
argumentou, os escritores de outras regiões do país dificilmente deslocam-se a
Cabinda para apresentar as suas obras, devido aos custos logísticos.
O
coordenador provincial do Movimento Lev’Arte em Cabinda, José Vaba “Poeta Sem
Caneta”, disse que, a nível da província, a sua organização está muito
fragilizada, em termos de membros, tendo decaído de 60 para apenas 12
associados entre os anos de 2015 e 2025.
“De
certo modo, entendemos o desinteresse de algumas pessoas, porque hoje o mundo
está, cada vez mais, à procura de actividades lucrativas, e a literatura não é
uma delas”, disse, apontando para o posicionamento adoptado pela classe
empresarial local e a falta de iniciativas da Secretaria Provincial da Cultura,
como as principais causas do insucesso que se regista na área da Literatura.
Em
geral, disse, a arte, em Cabinda, tem pouco espaço, porque a nível da província
o teatro, a música, a dança e as artes plásticas também não apresentam
resultados animadores, sobretudo, devido à falta de actividades culturais
regulares. Já o escritor Adão Mamata, residente em Cabinda, que no ano passado,
apresentou a sua primeira obra literária, intitulada “Ânsia da Vida”, do género
lírico, disse que, por falta de patrocínios, demorou cerca de 12 anos para
colocar o seu projecto nas mãos do público. Pedro Vicente – Angola in “Jornal
de Angola”
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