Uma equipa de investigadores oriundos de Macau, Portugal e Espanha descobriu uma nova espécie de bactéria dentro do género Fodinibius nas salinas de Rio Maior. A mesma investigação, agora publicada na revista International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, propõe ainda a reclassificação da estirpe Alifodinibius salipaludis para Fodinibius salipaludis. Em comunicado, a Universidade de São José (USJ) revela que novas espécies de bactérias recolhidas no mesmo local deverão ser reveladas “nos próximos meses”
Uma
equipa de investigadores liderada pelo professor André Antunes, director do
Instituto de Ciência e Meio Ambiente (ISE) da Universidade de São José (USJ),
descobriu novas espécies de bactérias em amostras recolhidas nas salinas de Rio
Maior, em Portugal.
O
artigo científico que detalha a caracterização da nova espécie foi publicado no
passado mês de Julho na International Journal of Systematic and Evolutionary
Microbiology, a revista científica oficial do Comité Internacional de
Sistemática Procariota e da Divisão de Bacteriologia e Microbiologia Aplicada
da União Internacional das Sociedades de Microbiologia (IUMS).
Na
publicação, lê-se que “uma nova estirpe bacteriana moderadamente halófila e
alcalófila” foi isolada de uma “salina interior na região central de Portugal”
– mais concretamente, das Salinas de Rio Maior, em pleno Parque Natural das
Serras de Aire e Candeeiros. Ligadas à extracção de sal desde tempos
pré-históricos, estas são as únicas salinas de interior em Portugal e também as
únicas em pleno funcionamento em todo o continente europeu, destacando-se pela
elevada salinidade: a água desta região é cerca de sete vezes mais salgada do
que a água do mar.
As
“características fenotípicas, a análise filogenética e a caracterização
quimiotaxonómica” de uma das estirpes bacterianas recolhidas pelos
investigadores diferencia-a das restantes espécies do género Fodinibius.
Em
comunicado, a USJ explica que esta nova espécie “cresce melhor em salinidades
que são cerca de quatro vezes superiores à água do mar e também prefere
condições alcalinas, combinando assim a capacidade de crescer em diferentes
extremos ambientais”.
Tendo
em conta estas características singulares, a equipa propõe o estabelecimento de
uma nova espécie com o nome Fodinibius alkaliphilus, bem como a reclassificação
de uma espécie anteriormente conhecida como Alifodinibius salipaludis para
Fodinibius salipaludis.
Liderada
pelo investigador português André Antunes, a equipa inclui ainda outros
investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, coordenados
pela professora Marta Filipa Simões; da Universidade do Minho, com coordenação
da professora Lígia Rodrigues; e da Universidade de Sevilha, sob orientação do
professor Rafael de la Haba.
“Esta
publicação destaca os pontos fortes de Macau na articulação com parceiros dos
países de língua portuguesa e espanhola e a sua posição crescente nos domínios
da biodiversidade e da biotecnologia”, vinca a USJ. “O estudo destes ambientes
extremos é relevante para futuras aplicações num vasto leque de domínios,
incluindo o biomédico e o farmacêutico, mas também se estende à descoberta de
novos materiais úteis e ao fornecimento de conhecimentos úteis para futuros
esforços de exploração espacial”.
A
instituição avança ainda que “nos próximos meses” deverão ser tornadas públicas
“publicações descrevendo outras espécies novas”, também recolhidas no mesmo
local. Carolina Baltazar – Macau in “Ponto
Final”
Sem comentários:
Enviar um comentário