A Guiné-Bissau é uma das beneficiárias de uma doação de 2,4 mil toneladas de arroz a serem distribuídas neste ano lectivo pelo Programa Alimentar Mundial, PMA.
A
ajuda faz parte de 11,5 mil toneladas do produto básico para satisfazer
necessidades alimentares e nutricionais de refugiados do Mali e crianças em
idade escolar na Mauritânia e Serra Leoa.
Cantinas Escolares
O
PMA fornece refeições quentes a 180 mil alunos de 852 escolas em todo o país
lusófono. Com o arroz anunciado deverão ser cobertas as necessidades dos
centros de ensino guineenses durante seis meses.
Em
conversa com a ONU News, em Bissau, a especialista do Programa de Cantinas
Escolares da agência, Talismã Dias, contou que o arroz vem compor um lote de sardinha do Japão e a aquisição
local que começa em setembro.
“As
pessoas questionam: numa Guiné-Bissau com mar, vocês recebem e entregam
sardinha nas escolas? Sim, porque não temos condições de colocar nas escolas
peixe fresco devido a factores que o PMA não controla, como ter energia nas
escolas e frigoríficos. A energia ainda não chegou nas comunidades rurais”.
O
foco da aquisição local de produtos será feijão, tubérculos e mais arroz para
cobrir todo o ano letivo.
Aumentar a frequência e retenção escolar
A
agência considera oportuna e crucial a contribuição feita após um período de
escassez de alimentos para aumentar a frequência e retenção escolar dos alunos.
A
distribuição de refeições nas escolas e rações para levar para casa são uma
rede de segurança para famílias vulneráveis, incentivam pais a manterem os
filhos na escola, aumentam a atenção e atenuam o abandono escolar.
A
primeira assistência coreana a três países da África Ocidental visa elevar a
“esperança aos refugiados e aos jovens estudantes que enfrentam graves crises
alimentares na região”.
Talismã
Dias destaca a previsão das compras locais para o ano letivo 2024/2025.
Peixe Seco ou Fumado
“A
nossa previsão é uma coisa e a realidade é outra, porque vai depender do que as
cooperativas entregam. São 250 toneladas de arroz local, mais duzentas
toneladas de feijão. A produção nacional ainda não consegue suprir as nossas
necessidades por isso continuamos a fazer meio a meio com doações
internacionais.”
A
contribuição ocorre num contexto em que os efeitos da crise climática,
conflitos, insegurança e altos custos dos combustíveis tornam os alimentos
inacessíveis para milhões de famílias vulneráveis na região.
Dados
do Quadro Harmonizado, publicado em março de 2024, indicam que 2,3 milhões de
mulheres, homens e crianças enfrentam fome aguda nestes países durante o
período de escassez que vai de junho a agosto.
Na
Guiné-Bissau, a agência da ONU atua com 12 cooperativas de pequenos
agricultores na aquisição de produtos locais e perspetiva aumentar a produção
para cobrir as necessidades da Cantina Escolar e o consumo das populações.
Assistência complementar
Um
projeto-piloto quer abastecer escolas de peixe seco ou fumado, mas a
conservação de grandes quantidades permanece um desafio.
Para
que as jovens se mantenham na escola, o PMA entrega arroz para que alunas do
quinto e sexto ano levem para casa. Outras beneficiárias são as crianças com
deficiência para envolver um número delas ao sistema formal do ensino.
Na
Mauritânia, a contribuição vai complementar a assistência aos refugiados
malianos no campo de Mbera durante 11 meses. Parte da ajuda será utilizada para
fornecer refeições escolares a 7,7 mil crianças refugiadas e 46,8 mil menores
integrantes das comunidades de acolhimento durante nove meses.
A doação apoia ainda a resposta às necessidades alimentares e nutricionais de 106,7 alunos em 494 escolas primárias da Serra Leoa. Para o PMA, o donativo é “uma tábua de salvação” para pessoas duramente afetadas por múltiplas crises. In “ONU News” – Nações Unidas
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