A cantora guineense, Eneida Marta, lançou uma música intitulada Okinka para homenagear a única rainha na história moderna da Guiné-Bissau, Okinka Pampa, que se celebrizou por acabar com a escravatura e impor direitos femininos nas ilhas Bijagós
Quando
os colonos portugueses quiseram ocupar as ilhas Bijagós, do povo homónimo,
Okinka (rainha em dialeto Bijagó) Pampa, que, entretanto, havia substituído o
pai falecido, fez-lhes frente, o que acabaria num acordo de entendimento,
relata Eneida Marta ao justificar à Lusa o porquê da homenagem.
A
história moderna da Guiné-Bissau regista Okinka Pampa como tendo sido a única
mulher que governou um povo. Aconteceu entre 1910 e 1930.
Nesse
período, não só enfrentou os intentos da colonização portuguesa, como também
acabou com as guerras entre os povos que habitam as cerca de 20 ilhas e ilhéus
dos Bijagós, aboliu a escravatura e ainda fixou direitos para as mulheres.
Desde
o início da carreira, finais dos anos de 1990, Eneida Marta, conhecida pelas
suas músicas de intervenção social e de promoção da mulher guineense, sempre
sonhou cantar Okinka Pampa.
“É
uma vontade muito antiga de um dia ter a oportunidade e ter a inspiração
adequada para homenagear essa nossa grande rainha”, enfatizou a cantora que só
conseguiria a inspiração para cantar a rainha dos Bijagós em 2023.
Okinka
Pampa reinou nas ilhas Bijagós, mas Eneida Marta entende que o seu exemplo
serviu para toda a Guiné-Bissau e para a África e agora quer, através da sua
música de homenagem, que a sua história seja conhecida no mundo.
“Que
chegue aos ouvidos, aos olhos de toda a gente e à mente de toda a gente”,
defendeu Eneida Marta.
Para
conquistar o mundo, a artista guineense gravou recentemente um videoclipe da
música Okinka, tendo como cenário o arquipélago dos Bijagós, lugar que aguarda
aprovação para ser Património Mundial da UNESCO.
Na
música, Eneida Marta conta, em crioulo guineense, quem foi Okinka Pampa, os
seus feitos.
Como
sempre fez nos seus trabalhos, a artista guineense promete continuar a utilizar
a música para criar “algo que venha trazer um acordar de consciências” e sem
esquecer a história da Guiné-Bissau.
Na
música Okinka, Eneida Marta enaltece o facto de a rainha ter “guiado a terra do
povo Bijagó com punho de ferro” e ainda de ter “acabado com a escravatura”
naquelas ilhas e também de ter “promovido os direitos das mulheres”.
Na
sociedade do povo Bijagó, animistas, a mulher é quem determina as regras do seu
casamento, o que é caso único entre os vários grupos étnicos da Guiné-Bissau.
O
vídeo Okinka da Eneida Marta está disponível nas redes sociais. In “Expresso
das Ilhas” – Cabo Verde com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário