Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Brasil - Irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia dão primeiro concerto juntos após 46 anos

Os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia, dois dos maiores ícones da Música Popular Brasileira, ofereceram no sábado no Rio de Janeiro o primeiro concerto em conjunto após 46 anos de carreiras individuais de sucesso.


O concerto ‘Caetano e Bethânia’, no teatro Farmasi Arena, no Rio de Janeiro, cujas entradas esgotaram há várias semanas, foi o primeiro de uma digressão que os dois membros do grupo ‘Doces Bárbaros’ vão realizar até 18 de Dezembro e que irá passar também pelas cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Porto Alegre, Recife, Brasília, Fortaleza, Salvador e São Paulo.

Com excepção de uma série de concertos oferecidos há 46 anos (1978), da qual nasceu um álbum, os irmãos nunca tinham actuado juntos em duo. Mas, nessas quase cinco décadas de carreiras separadas os seus percursos profissionais cruzaram-se diversas vezes, até porque Caetano é autor de 30 canções imortalizadas na voz de Maria Bethânia, entre as quais ‘De Manhã’, ‘Reconvexo’ e ‘Um Índio’, que cantaram juntos noutras ocasiões.

O concerto começou com ‘Alegria Alegria’, um marco do movimento tropicalista, e contou com várias músicas que reforçam as interligações entre os dois irmãos e a sua origem no estado da Bahia, como ‘Os mais doces bárbaros’, ‘Gente’ e ‘Oração ao tempo’.

Embora cantassem juntos a maior parte do tempo, em duas ocasiões aproveitaram actuações individuais para recordar os seus maiores clássicos. Cantou ‘Sozinho’, ‘Leãozinho’, ‘Não me ensinas a esquecer-te’ e ‘És linda’; e as suas ‘Brincar de viver’, ‘Chega de mágoas’, ‘As canções que você fez para mim’ e ‘Negue’.

Para além de uma homenagem à eterna companheira, a cantora Gal Costa, falecida há dois anos e de quem recordaram com ‘Baby’, destacaram ainda canções de outros compositores que fazem parte do imaginário brasileiro, como ‘Gita’ de Raul Seixas e ‘Fé’ de Iza. E não paravam de interpretar algumas canções da digressão que fizeram juntos em 1978, como ‘Um índio’ e ‘Tudo de novo’, com as quais concluíram exactamente duas horas de espectáculo.

Os dois filhos de Doña Canô, nascidos em Santo Amaro, no interior da Bahia (Nordeste do Brasil), seguiram caminhos diferentes na música. Caetano, o compositor, cantor e guitarrista que hoje completa 82 anos, começou na Tropicália, o movimento cultural rebelde brasileiro que co-liderou com Gilberto Gil na década de 1960.

Maria Bethânia, guitarrista e compositora de 78 anos e uma das maiores intérpretes do Brasil, preferiu começar como cantora independente. Saiu do anonimato numa apresentação em Salvador em 1964 em que cantou ao lado de Caetano, Gal Costa, Gilberto Gil e Tom Zé, o que lhe valeu a então famosa Nara Leão, encantada com a sua voz, convidando-a para o substituir num concerto no Rio.

Um ano depois já tinha um álbum gravado (‘Carcará’) que incluía as canções ‘De Manha’ e ‘Sol Negro’, que o seu irmão compôs especialmente para o seu ‘primeiro filme’. As suas carreiras voltaram a cruzar-se em 1966, quando Caetano dirigia ‘Pois é’, espectáculo em que a irmã cantava ao lado de Gilberto Gil e Vinícius de Moraes.

E depois do exílio de Caetano na Europa durante os anos mais duros da ditadura brasileira, os dois voltaram a cruzar-se em 1972, quando o compositor produziu o álbum ‘Drama’, em que Bethânia cantou, entre outras, a canção ‘Iansa’, uma co-produção do seu irmão e Gilberto Gil.

Quatro anos depois entraram finalmente como membros, juntamente com Gilberto Gil e Gal Costa, do grupo ‘Doces Bárbaros’.

Em 1978 os dois irmãos montaram finalmente um repertório para se apresentarem em duo numa digressão pelo Brasil que incluiu um mês inteiro de concertos no Rio de Janeiro, num dos quais gravaram um disco (Maria Bethânia e Caetano Veloso ao Vivo), com canções como ‘Tudo de novo’, de Caetano, e ‘Fé Cega, Faca Amolada’, de Milton Nascimento. In “jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Agências Internacionais”


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