A FIFA vai ter a última palavra na questão da utilização na selecção da RAEM de jogadores que não têm passaporte de Macau, depois da Confederação Asiática ter dito que não podem jogar. A Associação de Futebol local recorreu para a entidade máxima da modalidade a nível mundial, explicando a situação de atletas como Niki, Duarte, Almeida ou Iuri, que vivem no território há vários anos e têm jogado pela selecção. O treinador Lázaro Oliveira está na expectativa, sem saber se pode contar com os elementos que têm “um papel fundamental na equipa”, para os jogos de Setembro com o Brunei
Com
a alteração de algumas regras por parte da Confederação Asiática de Futebol
(AFC) nos últimos anos, a selecção de Macau não pode mais utilizar jogadores
que não possuam o passaporte da RAEM. Trata-se de uma questão que não é nova,
mas que tem sido resolvida nos últimos anos com os argumentos apresentados pela
Associação de Futebol local (MFA) à Confederação Asiática, explicando a
situação dos atletas que têm apenas o passaporte de Portugal e que vivem no
território há vários anos, alguns há mais de 10.
Agora,
a cerca de duas semanas do primeiro de dois jogos com o Brunei, a contar para a
Taça da Ásia, veio a má notícia que “os jogadores que não possuem passaporte da
RAEM estão impedidos de representar a selecção em jogos oficiais”.
Uma
fonte da MFA revelou ao Jornal Tribuna de Macau que “todo o processo voltou a
ser enviado para a AFC, explicando mais uma vez a situação de vários atletas
que têm representado Macau e que vivem há muitos anos no território”.
Desta
vez, no entanto, parece que estes argumentos não estão a resultar, uma vez que
a AFC diz que as regras são para cumprir, muito embora tenha sugerido o envio
de um dossier directamente à FIFA. “Foi isso que fizemos imediatamente, através
de email, apresentando toda a informação sobre a situação dos jogadores em
questão”, revelou a fonte, para quem “a resposta da FIFA terá de ser rápida,
porque estamos à porta de dois jogos importantes”.
O
seleccionador Lázaro Oliveira tem todos os convocados a treinar tendo em vista
o “play-off” da Taça da Ásia com o Brunei, incluindo os jogadores portugueses
que não têm passaporte da RAEM, como são os casos de Niki Torrão, Filipe
Duarte, Vítor Almeida e Iuri Capelo.
O
técnico salienta que é com “enorme expectativa” que aguarda “a decisão da FIFA
sobre poder ou não utilizar os jogadores com nacionalidade portuguesa”,
acrescentando que “há muitos anos que representam Macau nas várias competições
e como tal têm um papel fundamental na equipa”.
Um
dos chamados por Lázaro Oliveira, o central Amâncio Goitia, também não possuía
o passaporte de Macau, mas acaba de tratar do processo. “Sim, confirmo que já
dei entrada da documentação para esse efeito, por isso, daqui a talvez uma
semana já tenha o passaporte e posso jogar sem problemas”, disse o atleta
nascido em Macau, filho de pai espanhol e mãe macaense, que começou a
representar oficialmente as cores da selecção em 2017.
Para
Amâncio Goitia, “é estranho que jogadores que já actuaram pela selecção várias
vezes tenham agora de ficar de fora”, frisando que “é pena se isso realmente
acontecer, porque todos eles fazem falta à equipa”.
Tal
como Amâncio, outros jogadores nascidos em Macau necessitarão, face às regras
da AFC, de ter o passaporte da RAEM para poder jogar, mas isso só poderá ser
conseguido se tiverem “sangue chinês”, ou seja, terão de ter familiares de
origem chinesa.
Sabe-se
que os regulamentos em vigor na AFC sobre esta questão da utilização de
jogadores “estrangeiros” é de 2021 e já depois disso Macau – e até o MUST CPK
nas provas asiáticas de clubes – tem apresentado aqueles futebolistas como
sendo locais. Daí que cause alguma estranheza no meio futebolístico local, “que
o problema volte a ser levantado”, como explica Filipe Duarte, que joga pela
selecção de Macau há oito anos.
“Depois
de 2021, se os jogadores forem incluídos na selecção pela primeira vez, então
faz sentido aplicar a lei, mas não para aqueles que já jogam antes disso”,
acentua o defesa-central que está de regresso à selecção depois de ter decidido
abandonar.
Os
jogos diante da formação do sultanato de Brunei Darussalam vão ser disputados
em duas mãos, a primeira a 5 de Setembro, em Bandar Seri Begawan, e a segunda a
10 do mesmo mês, no Estádio de Macau.
A
relva do recinto da Taipa está presentemente a ser remodelada, mas, segundo
informações do Instituto do Desporto, “o estádio vai estar apto para o jogo tal
como estava planeado”. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
Sem comentários:
Enviar um comentário