O presidente da Fundação Menos Álcool Mais Vida alertou para o elevado consumo de bebidas alcoólicas em Cabo Verde, sobretudo no período das férias, e pediu uma maior fiscalização no comércio, principalmente na venda a crianças
Em
entrevista à Lusa, Manuel Faustino referiu que tem "havido algum aumento
do consumo de álcool" no país, onde o alcoolismo é um grave problema
social e de saúde pública.
"Nós
não temos dados objectivos que nos permitam afirmar em que medida isso está
acontecendo [aumento do consumo do álcool]”, afirmou o responsável, avançando
que a Fundação pretende realizar um estudo para actualizar os dados publicados
em Outubro de 2021.
Na
altura, o estudo concluiu que 17% da população cabo-verdiana parou ou reduziu o
consumo de bebidas alcoólicas devido à pandemia da COVID-19.
Manuel
Faustino disse recear um agravamento, invertendo a tendência anterior de
redução ou paragem do consumo de bebidas alcoólicas no país, e apontou que no
período das férias, festas e festivais, "há uma tendência maior para o
aumento do consumo abusivo do álcool".
O
presidente da fundação disse que é preciso uma "maior educação e
informação" sobre o consumo do álcool para além do que é passado nas
escolas, "envolvendo famílias, comunidades e uma fiscalização mais
intensa” para conseguir a redução.
Lembrou
que a lei proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores em Cabo Verde, mas que
"muitas vezes" são as crianças que vão comprar porque uma mãe, um pai
ou algum familiar lhe mandou.
"Enquanto
não houver uma consciência que é muito ruim para a criança ir comprar bebidas
alcoólicas, temos de esperar que a fiscalização não permita que o vendedor
venda a menores", pediu.
Além
disso, defendeu que é preciso proteger as pessoas vulneráveis como crianças e
jovens e aqueles que não têm propensão para beber.
"A
lei protege a saúde e a própria vida se for cumprida. Em alguns lugares às
vezes há instituições que não compreendem o seu papel, promovem atividades que
estimulam o incumprimento da lei e mesmo o consumo abusivo", referiu.
O
responsável avançou, na entrevista dada à Lusa esta semana, que a Fundação,
juntamente com colaboradores, pretende idealizar um programa específico para
alertar as pessoas a terem mais cuidado sobre o consumo do álcool.
Também
o objectivo é criar um programa de formação online e presencial para
activistas, membros de várias instituições cabo-verdianas.
Entretanto,
Manuel Faustino lamentou o facto de a Fundação ainda não ter uma estrutura que
lhe permita por tudo isto a funcionar.
"Para
fazer tudo isso, manter os contactos, elaborar os programas, dialogar com
várias instituições, atender a várias solicitações, naturalmente precisamos de
uma estrutura", alertou.
A
Fundação Menos Álcool Mais Vida foi constituída em Setembro de 2022 para dar
continuidade à campanha com o mesmo nome, iniciada em 2018, pelo ex-Presidente
da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e quando Manuel Faustino era
o chefe da Casa Civil.
A
Lei do Álcool entrou em vigor em Cabo Verde em 05 de Outubro de 2019, e proíbe
qualquer forma de publicidade de bebidas alcoólicas, a venda a menores de 18
anos e na via pública, venda ambulante ou em quiosques.
O
alcoolismo é um grave problema social e de saúde pública em Cabo Verde.
Um
diagnóstico apresentado em setembro de 2019 apontou que o consumo de álcool e
drogas estão entre os principais problemas de saúde dos adolescentes
cabo-verdianos. In “Expresso das Ilhas” – Cabo Verde com “Lusa”
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