A poestisa e activista social Énia Lipanga vai participar, neste Agosto e em Setembro, em várias actividades artísticas no Brasil. A autora de Ensaios da partida espera promover a sua obra e a arte moçambicana naquele país.
Há
alguns anos que Énia Lipanga alimenta esse desejo de levar o seu trabalho ao
Brasil. Nada por acaso. O país de Machado, Caetano e Senna… o país de Elis,
Bethânia e Rebeca sempre acolheu a arte da poetisa moçambicana com entusiasmo.
“Com a chegada das redes sociais, comecei a perceber um aumento significativo
no consumo dos meus escritos por leitores brasileiros. Recebi diversos convites
ao longo do tempo, mas sempre quis fazer uma viagem completa, onde pudesse
interagir de forma mais profunda com partes do Brasil, onde já sinto que tenho
raízes”, Gracejou.
Com
naturalidade, surgiu o convite da Secretaria de Cultura, Artes e Esportes da
Universidade Federal de Santa Catarina, como que um impulso que, afinal, a
poetisa precisava. “Alinhado à minha vontade e à disponibilidade de tempo,
decidi aceitar este convite e aproveitá-lo para unificar outros convites que já
tinha recebido anteriormente”.
Com
efeito, neste mês de Agosto e em Setembro, Énia Lipanga vai, finalmente,
realizar a sua primeira digressão internacional no Brasil, designadamente, em
São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Santa Maria e Boa Vista. O pretexto,
para o efeito, é “Composta de Ti(s)”, que é o conceito da digressão que
pretende levar uma série de eventos que misturam poesia, activismo e trocas
culturais.
No
Brasil, começando por São Paulo, Énia Lipanga será recebida por poetisas
feministas numa sessão que inclui roda de conversa com a União de Mulheres de
São Paulo, abordando o tema “Arte que salva” e o sarau cultural “Palavras são
palavras, já conhecido em Maputo”.
No
Rio de Janeiro, a marca GDarkestampas apresentará uma amostra da colecção de
roupas “Sou África”, criada em homenagem à escritora em 2018. E não se ficará
por aí. A activista também vai apresentar, em Niterói, uma edição especial do
sarau “E quando me tornei corpo?” e participar numa conversa na Universidade
Federal Fluminense. “Um dos destaques desta viagem poderá ser o encontro à
porta fechada com a renomada escritora Conceição Evaristo, onde ambas
partilharão as suas experiências e perspectivas sobre literatura e activismo”,
lê-se na nota de imprensa sobre a digressão.
Em
Florianópolis, Énia Lipanga tem agendados eventos na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), vai ministrar uma palestra sobre as vozes femininas
moçambicanas e, numa nova sessão de “E quando me tornei corpo?”, o sarau da
poetisa vai contar com a participação especial da escritora Eliane Debus.
Por
fim, na Boa Vista, Énia Lipanga fará uma conversa sobre os seus livros e sobre
o que julga ser moçambicanidade. Nesse caso, a artista pretende proporcionar
uma oportunidade de os brasileiros conhecerem mais a sua obra e as perspectivas
culturais nacionais.
A
propósito de se dar a conhecer no Brasil, Énia Lipanga afirma o seguinte:
“Espero ampliar a minha voz num país onde Moçambique ainda é pouco conhecido.
Desejo que esta digressão sirva como uma ponte cultural, onde possa partilhar a
riqueza da poesia moçambicana e, ao mesmo tempo, aprender e interagir com os
poetas e escritores brasileiros. Já colaborei com alguns deles em antologias e
outros projectos, mas esta será a primeira vez que teremos a oportunidade de
nos encontrar pessoalmente e trocar experiências de forma mais directa”.
De
igual modo, Énia Lipanga espera que a viagem reforce a importância da
literatura como ferramenta de activismo social, especialmente em questões de
género e direitos humanos. A artista quer que o público brasileiro conheça mais
sobre as lutas e conquistas das mulheres moçambicanas e como a poesia pode ser
um meio poderoso de resistência e transformação. E garante: “Levo comigo a
minha poesia livre, erótica e de intervenção social. Levo a minha africanidade
e moçambicanidade. Estou ansiosa para partilhar a beleza e a profundidade da
nossa cultura através dos meus escritos e das performances que farei”.
Énia
Lipanga tem a ideia de implantar o sarau cultural “Palavras são palavras” no
Brasil. Por isso mesmo, quer tratar de explorar essa possibilidade.
Não
menos importante, a poetisa e activista pretende, com a digressão no Brasil,
trazer de volta uma bagagem repleta de novas experiências, conhecimentos e
amizades. Quer aprender com os poetas e escritores brasileiros, absorver a
diversidade cultural do Brasil e trazer essas influências para o seu trabalho.
“Acredito que esta troca enriquecerá a minha perspectiva e a minha arte,
proporcionando-me novas inspirações e ideias para futuros projectos. Espero
também fortalecer os laços entre os movimentos de poesia e de mulheres dos dois
países, criando uma rede de apoio e colaboração que possa perdurar para além
desta digressão”. José dos Remédios – Moçambique in “O País”
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