Cientistas sul-africanos descobriram a variante "mais transmissível" do novo coronavírus SARS-Cov-2 na primeira sequenciação genómica realizada com amostras recolhidas em Angola
A
variante foi descoberta no mês passado em três cidadãos tanzanianos, em Angola,
disse o professor Túlio de Oliveira, que lidera a equipa de cientistas
sul-africanos da Universidade do KwaZulu-Natal, especialistas em inovação e
sequenciamento genómico, que realizou o estudo.
Angola
contabiliza 22579 casos de infeção do novo coronavírus e 540 mortes associadas
à covid-19, segundo o centro de monitoria global da doença pandémica da Universidade
John Hopkins.
"Quando
comparada com outras variantes de preocupação (VOC, na sigla em inglês) e
variantes de interesse (VOI, na sigla em inglês), esta é a mais
divergente", disse Túlio de Oliveira, salientando que a descoberta foi
relatada como sendo "um novo VOI dada a constelação de mutações com
significado biológico conhecido ou suspeito, especificamente resistência a
anticorpos neutralizantes e transmissibilidade potencialmente aumentada".
"Embora
tenhamos detetado apenas três casos com esta variante, isto justifica uma
investigação urgente, pois o país de origem, a Tanzânia, tem uma epidemia em
grande parte não documentada e poucas medidas de saúde pública em vigor para
prevenir a propagação dentro e fora do país", explicou Túlio de Oliveira
ao semanário sul-africano Sunday Tribune, que se publica em Durban, litoral do
país.
Os
cientistas sul-africanos da Plataforma de Inovação e Sequenciamento de Pesquisa
KwaZulu-Natal (KRISP, na sigla em inglês), sublinharam que a nova variante
"não foi ainda reportada em nenhum outro país", nomeadamente na
África do Sul.
"Não
temos ideia se ainda é novo ou se foi a variante dominante na Tanzânia, e é por
isso que pedimos atenção urgente, pois realmente precisamos ter uma melhor
compreensão do vírus e da epidemiologia na Tanzânia", referiu por seu lado
Richard Lessells, investigador do KRISP, especialista em doença infecciosas.
"Recebemos
amostras adicionais de Angola e estamos atualmente a gerar e a analisar
dados", adiantou.
O
Presidente tanzaniano, John Magufuli, que morreu no mês passado de doença
associada à covid-19, segundo a oposição, negou a existência da pandemia do
novo coronavírus no país.
A
Tanzânia, com 509 casos de infeção e por covid-19 e 21 mortes, deixou de
divulgar novos casos de infeção e óbitos associados à covid-19 em maio de 2020,
segundo o centro de monitoria global da doença pandémica da Universidade John
Hopkins.
O
estudo realizado pelos cientistas sul-africanos contou com a participação de
várias entidades, nomeadamente o Ministério da Saúde de Angola e o África CDC.
Com
mais de 9.9 milhões de testes realizados à cobid-19, a África do Sul
contabiliza 1551501 infeções e 52954 mortes associadas à doença do novo
coronavírus, segundo as autoridades da saúde sul-africanas.
O
número de funcionários da saúde vacinados desde fevereiro com a vacina da
Johnson & Johnson totaliza 269102 pessoas, precisou o Ministério da Saúde
da África do Sul. In “Angola 24 Horas” - Angola
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