Uma
missão empresarial inversa que levou a Portugal compradores brasileiros
resultou na venda de vinhos portugueses avaliados em mais de um milhão de
euros, “a maior exportação registrada de uma só vez” para o Brasil, divulgou no
dia 30 a AEP.
Segundo
a Associação Empresarial de Portugal (AEP) – que promoveu a iniciativa – a
missão inversa brasileira era composta por representantes da principal cadeia
de distribuição do Brasil, o grupo Pão de Açúcar, tendo resultado na exportação
de 400 mil garrafas de vinhos portugueses de cinco regiões vinícolas.
“O
negócio, avaliado em mais de um milhão de euros, constitui a maior exportação
(22 contentores) registrada, de uma só vez, de vinhos portugueses para o
mercado brasileiro”, destaca.
Desenvolvida
no âmbito do projeto de internacionalização da AEP “Business On the Way”, esta
ação de promoção foi promovida na sequência do “crescente interesse do mercado
brasileiro pelos vinhos portugueses”, conforme explicou o presidente da
associação.
“A
presença de vinhos portugueses no mercado brasileiro tem vindo a registrar um
significativo acréscimo nos últimos anos”, disse Luís Miguel Ribeiro,
explicando que “a grande distribuição representa cerca de 70% das vendas de
vinhos portugueses no Brasil” e é “considerado como o grande ponto de
abastecimento de vinho neste mercado”.
E
“apesar da carga fiscal elevada, que penaliza os vinhos nacionais face a outros
mercados”, o líder da AEP diz haver “cada vez mais consumidores brasileiros a
procurarem os vinhos portugueses”: “Fora da União Europeia, o Brasil continua a
ser um bom cliente de Portugal em termos de comércio de bens”, refere.
Com
a ação agora desenvolvida, a AEP propôs-se “promover o vinho português no
mercado brasileiro – capaz de proporcionar vendas efetivas e de escala de um
produto único num mercado que tão bem tem recebido o vinho português – e
contribuir para posicionar no ponto de venda brasileiro variadíssimos vinhos
portugueses”.
No
âmbito desta missão inversa de compradores do Brasil, a associação diz terem
sido realizadas provas de vinhos de 16 produtores nacionais oriundos de cinco
regiões vinícolas: Vinhos Verdes, Alentejo, Lisboa, Dão e Douro.
“As
provas de vinhos foram realizadas em Portugal por um conjunto de
produtores/enólogos previamente selecionados de acordo com o perfil pretendido
pelos decisores brasileiros”, refere, precisando que “a ação também contemplou
visitas técnicas às adegas/propriedades dos produtores portugueses
selecionados”.
Complementarmente,
esta ação promocional de vinhos portugueses com a cadeia Pão de Açúcar tem
ainda em curso uma campanha de ‘marketing’ no mercado brasileiro, em mais de
380 lojas daquele grupo, e que engloba a promoção e publicidade nos lineares de
vinhos das lojas, a decoração dos espaços e lineares, panfletos e folhetos
publicitários e promoção em ‘websites’ e presença em jornais, entre outros.
As
empresas portuguesas envolvidas nesta ação são a Quinta das Arcas, Adega de
Monção, Quinta de Carapeços, Quinta da Lixa, Campelo, Ermelinda Freitas, Quinta
de Gomariz, Quinta da Pedra Cavada, Quinta de Santa Cristina, Fiúza, Adega
Ponte de Lima, Casa Agrícola HMR, Adega Ponte da Barca, Wine With Spirit,
Sociedade Agrícola Casa de Vila Nova e Sociedade Agrícola Boas Quintas.
A
AEP promoveu já três outras ações deste tipo em 2016, 2018 e 2019, tendo a
primeira proporcionado a exportação de 100 mil garrafas de vinho verde de 19
produtores, num negócio avaliado em 300 mil euros, e a última (em 2019)
resultado na exportação de 234 mil garrafas de vinho oriundas de todas as
regiões de Portugal, num negócio de cerca de 600 mil euros.
O
Brasil é destacado pela associação como o maior mercado da América Latina, a
9.ª economia mundial e o 5.º país mais populoso do mundo, possuindo uma
população de cerca de 210,1 milhões de habitantes, a maior dos países da
região.
Apesar
da instabilidade social e política em que o país tem vivido, com repercussões
na sua atividade económica, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu
1,4% em 2019, em termos reais, a que se seguiu uma contração de -5,3% em 2020
no contexto da pandemia, segundo dados das Nações Unidas (de março de 2021),
que projetam uma recuperação de 3,2% em 2021 e 2,2% em 2022.
Na
balança comercial de bens, em 2020, o Brasil foi o 11.º mercado de destino das
exportações portuguesas (4.º fora do espaço da UE, após o ‘brexit’), com um
peso de 1,4% (correspondendo a 728 milhões de euros), e o 9.º maior fornecedor,
com um peso de 2,4% (correspondendo a 1.640 milhões de euros de importações).
Em
2020, Portugal registrou um déficit de 912 milhões de euros com o Brasil,
traduzindo uma taxa de cobertura de 44,4%.
Em
termos de evolução do comércio bilateral, as exportações de bens para o Brasil
recuaram 3,0% em 2020, enquanto as importações aumentaram 59,6%.
Em
2019, os produtos agrícolas representaram 50,4% das exportações portuguesas
para o mercado brasileiro e os produtos alimentares 9,9%, números que recuaram
46,5% e 9,7%, respetivamente, no período de janeiro a julho de 2020.
Conforme
salienta a associação, “apesar da pandemia, as exportações portuguesas de vinho
para o Brasil registraram um crescimento anual de 23,4% em 2020, atingindo um
novo máximo da série (iniciada em 2000), no valor de 67,8 milhões de euros, que
representa 9,3% das exportações totais para o Brasil e 8,0% das exportações
nacionais de vinho”.
Estes
são “os pesos mais altos da série, evidenciando uma importância crescente no
comércio internacional português”, destaca. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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