O secretário-executivo
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse ontem que a comissão
temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, com a participação da
sociedade civil, é um exemplo “inspirador” para novas formas de actuação da
organização.
“Com
a criação da comissão temática de Promoção da Língua Portuguesa, em 2013, a
CPLP viu concretizar-se o desidrato de novos atores institucionais colaborantes
na prossecução de um dos seus objetivos fundacionais e comunitariamente
primordiais, a promoção e difusão da língua portuguesa”, começou por referir o
embaixador Francisco Ribeiro Telles, na sua intervenção na abertura de um ciclo
de debates sob o tema “Promoção e difusão da língua portuguesa: Estratégias
globais e políticas nacionais”, que ontem decorreu na sede daquela organização,
em Lisboa.
E,
no seu entender, o papel que esta comissão tem vindo a desempenhar é “merecedor
de um justo reconhecimento pelo serviço prestado à causa da promoção da língua
portuguesa”. Por isso, considerou-a “um actor ímpar e inspirador de possíveis
formas de actuação comunitária”.
Ribeiro
Telles recordou que, em 2014, na 10ª cimeira de chefes de Estado e de Governo,
que teve lugar em Díli, atribuiu-se o estatuto de observador consultivo da CPLP
à UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, que em janeiro deste
ano assumiu a coordenação daquela comissão temática, sucedendo à Fundação
Calouste Gulbenkian.
Estas
são duas das 14 instituições que integram a comissão temática para a promoção
da língua portuguesa, entidades da sociedade civil, todas observadores
consultivos da CPLP. “Desde então a nossa colaboração [com a UCCLA] tem sido
profícua e temos a certeza que será cada vez mais intensa”, afirmou o
secretário-executivo da CPLP.
Entre
as iniciativas levadas a cabo desde 2013 pela comissão temática, Ribeiro Telles
destacou a realização, naquele ano, da primeira conferência em língua
portuguesa, em Faro, a conferência Juventude, Diásporas e Mobilidade Académica,
realizada, em 2019, em Santiago de Compostela, o Mercado da Língua Portuguesa,
que decorreu em Cascais, e a mostra de cinema em língua portuguesa, que teve
lugar em Díli e também em Macau.
“Estes
eventos permitiram uma maior promoção e projeção da língua portuguesa nos
Estados-membros da CPLP, em países terceiros, em organizações regionais e
organismos internacionais e junto das diásporas dos nossos países (…), sendo
justo reconhecer este legado e o seu contributo, ao longo do tempo, para a
aproximação da CPLP os seus cidadãos”, sublinhou o diplomata.
Por
outro lado, para o secretário-executivo, “a ampla participação do
Estados-membros nas iniciativas da comissão” também demonstra “a importância e
a pertinência da aproximação da CPLP à sociedade civil e, assim, aos povos dos
países de língua portuguesa”.
Além
disso, as instituições que compõem a comissão temática “têm assumido a promoção
da língua portuguesa como sua missão, o que enaltece e fortalece a própria
CPLP”, frisou, lembrando que a língua foi o fator motriz daquela comunidade e é
hoje falada por mais 200 milhões de pessoas em todo o mundo.
De
acordo com as estimativas das Nações Unidas, há um potencial de crescimento do
número de falantes de português até ao final deste século, altura em que poderá
chegar ou mesmo ultrapassar 500 milhões, referiu.
Esta
importância e potencial no mundo são, segundo o diplomata, “um dos principais
motivos do interesse acrescido de numerosos países e organizações
internacionais em se associarem de forma mais institucional à CPLP,
nomeadamente através da obtenção do estatuto de observador associado”.
Assim,
se até 2014 a CPLP tinha apenas três observadores associados, hoje tem 19 e a
partir da próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, prevista
para julho em Luanda, deverá passar contar com 30, salientou.
“É
nesta interceção entre os contextos nacionais dos Estados-membros, dos
observadores associados, de países terceiros e ambiente multilateral, que a
CPLP existe e interage e que a comissão temática de Promoção e Difusão da
Língua Portuguesa e os observadores consultivos se têm afirmado como um ator
ímpar e inspirador de possíveis formas de atuação comunitária e merecedor de um
justo reconhecimento pelo serviço prestado à causa da promoção da língua
portuguesa”, concluiu.
O
ciclo de debates que teve ontem início integra as comemorações do 5 de maio –
Dia Mundial da Língua Portuguesa e Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na
CPLP.
A
iniciativa, da CPLP, conta com quatro sessões em formatos presencial e online,
com a apresentação de painéis e discussão em mesas-redondas, nos quais
participam representantes dos Estados-membros, dos observadores associados e
consultivos da organização e outras instituições da sociedade civil.
O
5 de maio foi instituído como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP
pela XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros daquela organização, de 20
de julho de 2009.
A CPLP conta com nove estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. In “Hoje Macau” - Macau
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