Cidade
da Praia – A artista portuguesa Paula Lourenço revelou à Inforpress que cantar
as músicas de Cabo Verde é cantar a sua casa, é cantar os seus amores, os seus
irmãos e os seus avós.
Filha
de pais portugueses, Paula Cristina Santana Lourenço nasceu em Angola, onde
começou a ter os primeiros contactos com as músicas de Cabo Verde, logo no colo
da sua ama, que era cabo-verdiana.
“As
primeiras músicas que ouvi, as primeiras músicas que cantei, foram ao colo da
minha ama. Fui criada até aos seis anos por ela, e isto explica a minha paixão
pela morna. É este cordão umbilical feito de afectos, estórias e recordações
que existe desde que nasci e que até hoje não foi cortado”, revelou em
entrevista escrita à Inforpress, via email.
Entretanto,
esta “paixão e fogo” pela música de Cabo Verde reacendeu nos anos de 2014, de
forma “acidental”, quando ela ouviu pela primeira vez morna ao vivo, em Lisboa,
Portugal.
De
lá, Paula Lourenço, que é também professora do ensino secundário, resolveu
dedicar-se à pesquisa e a divulgar o cancioneiro de Cabo Verde.
“Cantar
Cabo Verde tranquiliza-me, e a forma como eu canto morna não é apenas uma
questão de interpretação ou de técnica, eu canto o que sou, o que sinto quando
as palavras e a melodia são de morna”, disse, revelando que cantar Cabo Verde é
cantar a sua casa, ou pelo menos aquela em que cresceu, os seus amores, os seus
irmãos e os seus avós.
Dos
géneros musicais cabo-verdiano, Paula Lourenço diz que se identifica mais com a
morna, classificada em 2019 como Património Mundial, pois este género lhe
permite cantar de forma “absolutamente natural, com a dolência e o sentimento
que gosta”.
“Canto
porque sinto o que estou a cantar, canto porque é calmo, canto porque é doce, é
sentimento, é vida, é morna, sou eu”, disse, sublinhando que é difícil dizer
qual morna que mais gosta de interpretar.
Falando
de projectos discográficos, Paula Lourenço adiantou que tem alguns projectos
individuais e colectivos em vista, nas quais a música de Cabo Verde está
incluída, sendo que já tem mais do que uma morna da sua autoria escrita.
“Sim,
tenho projectos, embora na época em que estamos e com todas as dificuldades que
a situação pandémica traz, tudo será mais demorado e qualquer prazo ou ideia
que houvesse sido definido, anteriormente, terão de ser necessariamente
reavaliados”, informou.
A
apaixonada pelo arquipélago cabo-verdiano, e que já esteve duas vezes na ilha
de Santiago, onde teve o privilégio de conhecer e cantar com alguns dos
músicos, diz que tem previsto alguns concertos na Cidade da Praia, para meados
de Junho deste ano, se a situação pandémica melhorar.
Paula
Lourenço contou ainda à Inforpress que ao longo da sua carreira teve a
oportunidade de cantar em vários eventos culturais e literários promovidos por
associações cabo-verdianas em Portugal, como comemoração do Dia de Cabo Verde
na Feira Internacional de Artesanato (FIA).
A
mesma trabalhou como cantora residente da Casa da Morna & Semba, em Lisboa,
em 2014, e actuou ao lado de outros músicos cabo-verdianos em concertos, em
homenagem à mulher cabo-verdiana.
A
artista teve ainda o privilégio de trabalhar, ensaiar e aprender com alguns
“grandes nomes” do panorama musical cabo-verdiano em Portugal, como Armando
Tito, Arlindo Barreto, Adérito Pontes, José António, Djudjuty Alves, entre
outros.
Mas,
a inspiração de Paula Lourenço vem de Cesária Évora, Sãozinha Fonseca, Bana,
Nancy Vieira, Sara Tavares, Maria de Barros e Dino d’Santiago. In “Inforpress”
– Cabo Verde
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