Os
11 álbuns de José Afonso lançados originalmente entre 1968 e 1981 vão ser
reeditados, anunciou hoje a família do músico, que vai avançar para o projecto
em parceria com a editora Lusitanian Music.
Num
comunicado enviado à agência Lusa, a família de José Afonso revelou que, “neste
25 de Abril, o lançamento digital do ‘single’ ‘Coro da Primavera’ marca o
regresso às edições discográficas da obra de José Afonso”.
“A
família de José Afonso decidiu, em parceria com a editora Lusitanian Music,
avançar com a edição dos 11 álbuns de José Afonso originalmente editados entre
1968 e 1981 mas indisponíveis há vários anos, assumindo a importância cultural
de disponibilizar esta música ao mundo”, pode ler-se no texto.
José
Afonso lançou em 1968 o seu disco de estreia na editora Orfeu, de Arnaldo
Trindade, sob o título “Cantares do Andarilho”, que incluía temas como “Natal
dos Simples” e “Vejam Bem”.
Até
1981, editou uma série de álbuns que se tornaram marcos da música portuguesa,
desde “Contos Velhos Rumos Novos” (1969) a “Fados de Coimbra e Outras Canções”
(1981), passando por “Traz Outro Amigo Também” (1970), “Cantigas do Maio”
(1971), “Eu Vou Ser Como a Toupeira” (1972), “Venham Mais Cinco” (1973), “Coro
dos Tribunais” (1974), “Com as Minhas Tamanquinhas” (1976), “Enquanto há Força”
(1978) e “Fura Fura” (1979).
Segundo
o mesmo comunicado, “o projecto prevê uma sequência de edições, nos formatos
clássicos (CD e vinil) e no ecossistema digital, lançadas sob um novo selo,
agora criado pela Lusitanian para divulgar esta obra única no panorama da
música nacional e internacional”.
Os
11 discos já haviam sido alvo de reedição pela Orfeu, entre 2012 e 2013, para
assinalar os 25 anos da morte do compositor.
Na
altura, os 11 álbuns foram restaurados e remasterizados digitalmente pelo
engenheiro de som António Pinheiro da Silva, e a edição contava com novos
textos que contextualizam o momento em que foram feitos, no percurso de José
Afonso.
Em setembro do ano passado, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu o processo de classificação da obra fonográfica do músico José Afonso por considerar que representa “valor cultural de significado para a Nação”.
De acordo com o anúncio então publicado em Diário da República, foi determinada a abertura do procedimento de classificação de um conjunto de 30 fonogramas da autoria do compositor e intérprete José Afonso, bem como de 18 cópias digitais de ‘masters’ de produção de um conjunto de cassetes gravadas pelo autor e de um conjunto de entrevistas.
Esta
foi a primeira vez que a DGPC iniciou um processo de classificação de uma obra
fonográfica, revelou o Ministério da Cultura, acrescentando que ajudará a
“consolidar informação relativa à obra gravada, publicada ou não, do artista”.
A
decisão surgiu um ano depois de o parlamento ter aprovado um projeto de
resolução do Partido Comunista Português (PCP) que recomendava ao Governo a
classificação da obra de José Afonso como de interesse nacional, com vista à
sua reedição e divulgação.
Na
altura, em nota divulgada à Lusa, a família de José Afonso, detentora dos
direitos da obra musical, manifestava o apoio à classificação da obra e
recordava que estava a “colaborar directamente com o Ministério da Cultura,
desde 2018”, para que se desenvolvesse o processo.
Ainda
em 2019, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirmava publicamente que não
foi por falta de vontade que o processo de classificação não se iniciou mais
cedo, mas porque não existia acesso às ‘masters’ e ao conteúdo das
gravações originais de José Afonso.
Quando
foi lançada a petição de pedido de salvaguarda, o presidente da AJA, Francisco
Fanhais, explicava que se estava perante “um imbróglio jurídico”, porque a
Movieplay, a editora que detém os direitos comerciais da obra de José Afonso,
estava “em situação de insolvência” e não se sabia “do paradeiro dos ‘masters’
das músicas gravadas pelo Zeca Afonso”, comprometendo a sua reedição.
José
Afonso nasceu em 02 de agosto de 1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto
estudante em Coimbra, tendo gravado os primeiros discos no início dos anos 1950
com fados de Coimbra, pela Alvorada, “dos quais não existem hoje exemplares”,
refere a AJA na biografia oficial do músico.
Autor
de “Grândola, Vila Morena”, uma das canções escolhidas para senha do avanço das
tropas, na Revolução de Abril de 1974, que hoje assinala 47 anos, José Afonso
morreu em 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral
amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes. In “Lux 24”
- Luxemburgo
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