O
sub-tenente José Manuel Azancot de Menezes, médico da marinha portuguesa, a
bordo do navio Setúbal, redescobriu a história e as referências do seu bisavô,
Ayres de Menezes na ilha de São Tomé.
O
bisavô Ayres de Menezes, nasceu em São Tomé no ano 1889. Primeiro médico negro
de São Tomé e Príncipe, Ayres de Menezes, é uma figura histórica do país. É o
patrono do hospital central, Ayres de Menezes.
No
quadro da iniciativa “Mar Aberto” vocacionada para formação da marinha dos
países da região do golfo da Guiné, o sub-tenente José Manuel Azancot de
Menezes, integra a tripulação do Navio Setúbal da armada portuguesa, que
atracou em São Tomé no início do mês de Abril.
Foi
pelo mar que a família Ayres de Menezes se instalou em São Tomé, no século XIX.
Pelo mar aberto, no século XXI, o navio Setúbal, trouxe a São Tomé, um dos
descendentes de Ayres de Menezes.
«É
uma grande honra pisar pela primeira vez, esta terra natal dos meus antepassados…
Ainda por cima representando a marinha portuguesa, nesta missão mar aberto, que
me permite conhecer as minhas raízes, » declarou o sub-tenente José Manuel de
Menezes.
O
bisneto José Manuel Azancôt de Menezes, herdou o dom genético do bisavô, relacionado
com a medicina. Com 30 anos de idade formou-se em medicina, e integrou-se na
marinha portuguesa.
Representa
a quarta geração de médicos no seio da família de Ayres de Menezes. O bisavô
gerou o filho Hugo Azancôt de Menezes, que seguiu as pisadas do paí, tendo sido
médico em Angola. O filho Hugo gerou Aida Azancôt de Menezes, neta de Ayres de
Menezes que também formou-se em medicina. A neta Aida, deu a luz o jovem José
Manuel Azancôt de Menezes, hoje médico e oficial da marinha portuguesa.
«Filho
de peixe sabe nadar, e é com muito orgulho que pertenço a esta geração de
médicos, e espero que assim continue na minha família», sublinhou.
O bisavô Ayres de Menezes nasceu na cidade de Guadalupe em São Tomé. No entanto acabou por formar família, e fixar residência em Angola.
«Há
coincidências muito grandes… Eram caminhos feitos pelo mar, e eu volto, e piso
esta terra pela primeira vez através do mar», acrescentou.
O
nacionalismo de Ayres de Menezes e o seu empenho na emancipação do povo
africano, principalmente de São Tomé e Príncipe, país onde nasceu e de Angola a
sua terra de acolhimento, dominam grande parte do livro “Ayres de Menezes – O
Leão”, obra do professor Carlos do Espírito Santo, Bené.
Aliás
por iniciativa do professor Carlos do Espírito Santo, a cidade de Guadalupe
passou a ter um busto de Ayres de Menezes. Também o recinto do hospital central
passou a contar com um busto do patrono do maior e mais importante centro de
saúde do país.
Depois
de São Tomé, a iniciativa “Mar Aberto” fez o Navio Setúbal da marinha
portuguesa zarpar no dia 8 de Abril rumo a outro ponto do Golfo da Guiné, onde
Ayres de Menezes fez história, Angola. País onde reside e trabalha a médica
Aida Azancôt de Menezes, a neta de Ayres de Menezes e mãe do médico da marinha
portuguesa José Manuel Azancôt de Menezes.
«Angola
é um dos destinos nesta iniciativa “Mar Aberto”. Tenho muita sorte em poder
estar nestes países, que são muito importantes na carreira do meu bisavô e da
minha família inteira. É muito inspirador, e é uma bênção ter esta oportunidade
representando a marinha de Portugal, e todas as suas forças armadas», pontuou,
o sub-tenente José Manuel de Menezes.
“Percursos
da Luta de Libertação Nacional”, é o título de um livro que não sai das mãos do
marinheiro. Durante a conversa a bordo do navio Setúbal, José Manuel Azancôt de
Menezes, explicou para o Téla Non, que o livro foi escrito pelo seu avô, Hugo
Azancôt de Menezes, que também foi médico em Angola. O livro relata as acções
desencadeadas por Ayres de Menezes, no período de luta pela independência de
Angola.
«O
meu bisavô foi acima de tudo um grande médico, e um grande líder. Teve papel
importante na emancipação dos povos africanos, de São Tomé e Príncipe mas
também de Angola», concluiu.
Após
o reencontro com as suas raízes pelo caminho do mar no Golfo da Guiné, José
Manuel Azancôt de Menezes, prometeu regressar a São Tomé, para envolver-se mais
com a história e as gentes da ilha, e visitar Guadalupe, a cidade natal do seu
bisavô. Abel Veiga – São Tomé e Príncipe in “Téla Nón”
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