Um
livro infantil com 16 contos originais de autoras de oito países lusófonos vai
ser editado em Moçambique para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em
05 de maio.
Intitulada
“Contar Histórias com a Avó ao Colo”, a obra remete para ditados e expressões
populares e para o conhecimento passado de geração em geração, e conta com a
participação de Lurdes Breda (Portugal), Mariana Lanelli (Brasil), Maria
Celestina Fernandes (Angola), Natacha Magalhães (Cabo Verde), Kátia Casimiro
(Guiné-Bissau), Angelina Neves (Moçambique), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe)
e Maria do Céu Lopes da Silva (Timor-Leste).
Depois
da edição, em 2020, de “100 Papas na Língua”, da autoria de Lurdes Breda, a
opção este ano passou por alargar o novo livro à cultura de outros países
lusófonos e às suas expressões populares.
Em
declarações à agência Lusa, Lurdes Breda contou que a ideia foi a de que,
“através de textos originais, com algum humor, se pudesse passar para as
gerações mais novas coisas enraizadas na cultura de cada um dos países, sob o
abraço da língua portuguesa que tem estas especificidades todas que as crianças
nem fazem ideia”.
“Com
estes textos queremos dar a conhecer um bocadinho da cultura e das raízes
culturais de cada um dos países. Temos uma série de usos e costumes
completamente antagônicos e diferentes”, acrescentou.
O
livro reúne autoras de todos os estados-membros da CPLP (Comunidade de Países
de Língua Portuguesa), à exceção da Guiné Equatorial: “Na Guiné Equatorial, nós
não temos qualquer ligação, nem ao nível da língua, é um bocado estranho.
Tentamos, mas aí não conseguimos chegar”, observou a escritora de livros
infantis, residente em Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra.
O
livro possui uma imagem “maternal e feminina”, devido a todos os textos serem
escritos por mulheres, embora Lurdes Breda recuse que se trate de um “projeto
feminista”.
Com
edição da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua
Portuguesa e do Camões – Centro Cultural em Maputo, “Contar histórias com a avó
ao colo” tem coordenação editorial de Teresa Noronha, enquanto a ilustração e
design editorial são da autoria de Tânia Clímaco.
À
Lusa, a ilustradora de Torres Vedras revelou ter sido a primeira vez que fez um
trabalho para escritores de fora de Portugal: “Todos falamos a língua
portuguesa. No entanto, são países muito diferentes, de culturas diferentes, de
cores diferentes e de realidades completamente diferentes”, notou Tânia
Clímaco.
“Tive
de entrar do espírito de cada país. A primeira ilustração que fiz foi a de
Portugal, estava ‘em casa’ e correu muito bem. Mas, os outros, confesso que fiz
muita, mas muita pesquisa, para poder ilustrar estes textos”, adiantou.
Tânia
Clímaco deu exemplos, em Angola, do tecido samakaka ou da floresta de Maiombe,
em Cabinda, que “não fazia a mínima ideia se era densa ou se não era”, passando
pela Cuca, figura mítica do folclore brasileiro, o “crocodilo terrível” que
remeteu a ilustradora para a sua própria infância e para a série televisiva do
Sítio do Pica-Pau Amarelo, as casas sagradas em Timor-Leste ou o ‘Toca-toca’, a
expressão que, num dos textos da Guiné-Bissau, define um autocarro “azul e
amarelo, muito específico”, existência que “desconhecia completamente”.
Se
no início ficou “um bocadinho assustada” pela necessidade de “transportar os
leitores para os locais” em países que não conhecia, especialmente os
africanos, o resultado, alicerçado no trabalho de pesquisa, acabou por
contentar as autoras dos textos.
“As
ilustrações são baseadas nessas especificidades, nos pormenores de cada país. E
todas viram as ilustrações e gostaram muito, tenho as cores e os ambientes de
África e a minha linguagem gráfica acaba por ser uma segunda língua neste
trabalho”, observou Tânia Clímaco.
Falta
agora conhecer os países por si retratados no livro: “Se me convidarem, já
estou num avião”, brincou.
Para
além da edição do livro em suporte de papel, “Contar Histórias com a Avó ao
Colo” estará igualmente disponível em suporte digital, formato de ‘e-book’, para
descarregamento gratuito na página internet do instituto Camões de Maputo.
A
obra contou ainda com um apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, no que se
refere à sua distribuição pelas bibliotecas das várias Escolas Portuguesas no
estrangeiro e terá um vídeo oficial de suporte à sua divulgação, com
testemunhos das autoras e leituras de crianças dos países envolvidos. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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