Bissau
– O Diretor Adjunto do Parque Natural de Tarrafe do Rio Cacheu, António da
Silva, defendeu esta quinta-feira que a atividade de conservação ambiental é um
acordo social, que segundo ele, se a sociedade não a aceita é difícil alcançar
resultados desejados.
António
da Silva falava em exclusivo à ANG no quadro do Dia Mundial da Terra que se
celebra a 22 de Abril de cada ano.
O
lema escolhido este ano para a celebração da efeméride é a “Recuperação da
Terra”.
Aquele
responsável apelou a todas as instituições e à comunidade em geral a juntarem-se
no sentido de conservar a natureza “porque a conservação é transversal”.
“Estou
a falar da natureza no seu todo, nas suas diferentes dimensões. É transversal a
todas as atividades do homem, e nós dependemos muito da natureza,
principalmente na Guiné-Bissau que conta com muitos serviços que a natureza lhe
oferece. Por isso, devemos começar a pensar nas causas das alterações
climáticas”, frisou.
António
da Silva afirmou que a conservação não tem fronteiras, justificando que o país
está a sentir os efeitos das alterações provocadas noutras partes do mundo, como
as poeiras, ventos e outros fenómenos que se verificaram nos últimos anos.
Acrescentou
que a Guiné-Bissau é um país consumidor porque não emite os efeitos causadores
de alterações climáticas, e que pode se dizer que tem um ecossistema que ainda
não sofreu muita transformação.
Segundo
aquele responsável, para lutar contra as alterações climáticas a sua
instituição está a implementar algumas ações, nomeadamente o repovoamento
florestal, que estão sendo implementados nas diferentes áreas protegidas.
Sustentou
que a plantação dos mangais, bissilon, pau de sangue, entre outras espécies
florestais, ajuda o país a mitigar os efeitos das alterações climáticas, com a
absorção do dióxido de carbono, acrescentando que na zona de costa, onde são
plantados os mangais, vai minimizar o possível impacto da subida do nível do
mar que pode criar inundações.
Adiantou
que existem projetos conjuntos que o IBAP tem com a União Europeia, como a GCCA
(sigla inglesa) que trabalha na questão das alterações climáticas,
acrescentando que existe outro projeto denominado “Arroz e Mangal” que trabalha
na zona da costa.
“Existem
zonas em que devemos recuperar as bolanhas, caso for possível, e se não, vamos
restaurar o mangal, que é a essência desse projeto”, explicou o Diretor Adjunto
do Parque Natural de Tarrafe do Rio Cacheu.
Segundo
António da Silva, o IBAP está a trabalhar na educação da população, através da
informação e sensibilização da comunidade local, para tentar mudar a
mentalidade das pessoas face a certas ações negativas que se realizam e que
podem causar mais impactos negativos.
Questionado
se a sua instituição pensa em elaborar um projeto para implementação de uma
disciplina da educação ambiental para o currículo escolar, António da Silva
disse que existia uma perspetiva que, até foi discutida com o IBAP, União
Internacional da Conservação da Natureza (UICN) e o governo através do
Ministério da Educação, no sentido de implementar a Educação Ambiental no
Currículo Escolar.
A
propósito, disse que até foram produzidos alguns manuais, mas que devido às
constantes instabilidades do país, o processo está um bocado lento, mas em
andamento.
Afirmou
que o trabalho de sensibilização sobre a conservação deve residir mais na
esfera política porque ela tem todo o poder de decidir, mas pede também à
imprensa para continuar com a sensibilização sobre a conservação ambiental e as
alterações climáticas.
“Existem
escolas que implementam várias atividades da conservação e acho que as crianças
são fáceis de trabalhar. Mas, o que deve ser trabalhado mais fortemente é a
esfera política, porque tudo o que estamos a fazer termina com a sua decisão,
por isso, devem ser trabalhadas para ficar mais sensível a esta questão”,
sublinhou.
António
da Silva pede à população para reduzir o modelo de consumo que se verifica
atualmente no país, porque não contribui para a conservação do ambiente,
recomenda a compra do necessário para evitar compras desnecessárias que podem
levar a produção de mais lixo, sobretudo sacos de plásticos que são muito
contagiosos para o solo.
O
Dia Mundial da Terra que se celebra hoje teve origem em 1970, pela ação do
senador norte americano Gaylord Nelson, que conseguiu colocar a temática da
preservação da Terra na agenda política.
De
forma oficial, a celebração deste dia foi instituída a 22 de Abril de 2009
através da Resolução 63/278 da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). In “Agência
de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau
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