Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Macau – Instituto Cultural recuou sobre projecto no Pátio do Amparo

O Instituto Cultural decidiu suspender a emissão da planta de condições urbanísticas de um terreno no Pátio do Amparo, para investigar se existiu, no local, uma Alfândega Imperial chinesa durante a dinastia Qing. A decisão foi tomada duas semanas após ter sido dada “luz verde” à sua demolição. A presidente do IC, Mok Ian Ian, disse que não foi estabelecido um calendário para a conclusão da investigação


Após aprovar a demolição do que ainda resta no local onde alegadamente estava a antiga alfândega chinesa, destruída pelo Governador Ferreira do Amaral em meados do século XIX, o Instituto Cultural (IC) recuou e suspendeu a emissão da planta de condições urbanísticas (PCU) de um terreno no Pátio do Amparo. O objectivo é investigar se existiu, no local, uma Alfândega Imperial chinesa durante a dinastia Qing.

De acordo com o “All About Macau”, o organismo assegurou que até ser concluída a investigação o proprietário não poderá fazer nenhuma intervenção no local. Mok Ian Ian, presidente do IC, afirmou que o arquitecto André Lui apresentou um mapa que pode ditar uma história diferente: “O Conselho de Planeamento Urbanístico tem novas evidências. Um académico descobriu um mapa antigo. Após termos falado, estudámos o assunto e achamos que, uma vez que o académico encontrou esse mapa antigo, devemos olhar para ele e reavaliar. Portanto, já informámos as Obras Públicas para suspenderem a emissão da planta de condições urbanísticas do referido terreno”. Mok Ian Ian não se comprometeu com um calendário.

Em causa está o projecto de uma construção a que o Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) deu parecer favorável no final de Março, abrindo caminho ao desaparecimento das paredes em tijolo cinzento de uma mansão tradicional chinesa. É o que resta no local onde terá funcionado uma Alfândega chinesa.

Nessa reunião, a vice-presidente do IC, Leong Vai Man, referiu que nas escavações realizadas apenas foram encontradas porcelanas e outros objectos sem grande valor, pelo que não se opôs à construção de um novo edifício.

Na altura, o arquitecto André Lui foi o único a defender que o espaço devia ser preservado, até porque tem um valor patriótico, já que serve de testemunho da soberania chinesa sobre Macau naquele período.

O urbanista Lam Iek Chit sugere que caso a reavaliação possa justificar o seu valor, deveria ser elaborado um plano de protecção e iniciar-se o processo de classificação de património. O também vogal do Conselho do Património Cultural disse ao “All About Macau” que concorda com a suspensão da emissão da PCU do terreno em causa, considerando que a decisão “corresponde o espírito da lei de salvaguarda do património”.

Ademais, Lam Iek Chit considera que o Governo deve começar a pensar no plano de preservação das ruinas. “Vai construir uma casa comemorativa? Ou vai fazer um monumento? O Governo deve ter alguma ideia”, afirmou. Na sua opinião, esse plano de salvaguarda deve ser um desafio para as autoridades, porque se se inserir nos bens imóveis classificados, os edifícios próximos podem ser afectados.

Por sua vez, o comentador Antony Wong disse que o Governo não está a dar importância suficiente aos estudos históricos locais. “Como é que deixam os jovens amar a sua pátria? Não é dizer uma coisa e fazer outra. Isto pode ser um testemunho da soberania chinesa sobre Macau. O tratamento do Governo não convence”, defendeu. Viviana Chan – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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