O Instituto Cultural decidiu suspender a emissão da planta de condições urbanísticas de um terreno no Pátio do Amparo, para investigar se existiu, no local, uma Alfândega Imperial chinesa durante a dinastia Qing. A decisão foi tomada duas semanas após ter sido dada “luz verde” à sua demolição. A presidente do IC, Mok Ian Ian, disse que não foi estabelecido um calendário para a conclusão da investigação
Após
aprovar a demolição do que ainda resta no local onde alegadamente estava a
antiga alfândega chinesa, destruída pelo Governador Ferreira do Amaral em
meados do século XIX, o Instituto Cultural (IC) recuou e suspendeu a emissão da
planta de condições urbanísticas (PCU) de um terreno no Pátio do Amparo. O
objectivo é investigar se existiu, no local, uma Alfândega Imperial chinesa
durante a dinastia Qing.
De
acordo com o “All About Macau”, o organismo assegurou que até ser concluída a
investigação o proprietário não poderá fazer nenhuma intervenção no local. Mok
Ian Ian, presidente do IC, afirmou que o arquitecto André Lui apresentou um
mapa que pode ditar uma história diferente: “O Conselho de Planeamento
Urbanístico tem novas evidências. Um académico descobriu um mapa antigo. Após
termos falado, estudámos o assunto e achamos que, uma vez que o académico
encontrou esse mapa antigo, devemos olhar para ele e reavaliar. Portanto, já
informámos as Obras Públicas para suspenderem a emissão da planta de condições
urbanísticas do referido terreno”. Mok Ian Ian não se comprometeu com um
calendário.
Em
causa está o projecto de uma construção a que o Conselho do Planeamento
Urbanístico (CPU) deu parecer favorável no final de Março, abrindo caminho ao
desaparecimento das paredes em tijolo cinzento de uma mansão tradicional
chinesa. É o que resta no local onde terá funcionado uma Alfândega chinesa.
Nessa
reunião, a vice-presidente do IC, Leong Vai Man, referiu que nas escavações
realizadas apenas foram encontradas porcelanas e outros objectos sem grande
valor, pelo que não se opôs à construção de um novo edifício.
Na
altura, o arquitecto André Lui foi o único a defender que o espaço devia ser
preservado, até porque tem um valor patriótico, já que serve de testemunho da
soberania chinesa sobre Macau naquele período.
O
urbanista Lam Iek Chit sugere que caso a reavaliação possa justificar o seu
valor, deveria ser elaborado um plano de protecção e iniciar-se o processo de
classificação de património. O também vogal do Conselho do Património Cultural
disse ao “All About Macau” que concorda com a suspensão da emissão da PCU do
terreno em causa, considerando que a decisão “corresponde o espírito da lei de
salvaguarda do património”.
Ademais,
Lam Iek Chit considera que o Governo deve começar a pensar no plano de
preservação das ruinas. “Vai construir uma casa comemorativa? Ou vai fazer um
monumento? O Governo deve ter alguma ideia”, afirmou. Na sua opinião, esse
plano de salvaguarda deve ser um desafio para as autoridades, porque se se
inserir nos bens imóveis classificados, os edifícios próximos podem ser
afectados.
Por
sua vez, o comentador Antony Wong disse que o Governo não está a dar
importância suficiente aos estudos históricos locais. “Como é que deixam os
jovens amar a sua pátria? Não é dizer uma coisa e fazer outra. Isto pode ser um
testemunho da soberania chinesa sobre Macau. O tratamento do Governo não
convence”, defendeu. Viviana Chan – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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