Mindelo
– O reitor da Universidade do Mindelo (Uni-Mindelo) disse hoje que Onésimo
Silveira deixou à universidade um espólio, com “uma bibliografia vasta”, que
irá permitir a inauguração de uma biblioteca, dentro de 20 dias, com o nome do
ex-autarca.
Segundo
Albertino Graça, em declarações à Inforpress, poucas horas após o falecimento
de Onésimo Silveira, ocorrido na manhã de hoje, 29 de Abril, no Mindelo,
Silveira foi um dos promotores da ideia da criação da Uni-Mindelo e merece
“todo o tipo de homenagem”, daí, adiantou, ter baptizado o auditório da
instituição com o seu nome e ter-lhe atribuído o título ‘honoris causa’, que
foi “uma grande honra”.
“Ele
era um grande académico e merece um grande respeito, é um dos maiores políticos
que apareceu em Cabo Verde e o que se faz de política hoje, no País, é fruto
daquilo que Onésimo ensinou”, destacou.
Albertino
Graça, que privou com Onésimo Silveira, revelou que a sua relação com o
ex-presidente de câmara de São Vicente “era de pai para filho”.
E,
no âmbito dessa amizade, “praticamente uma relação familiar”, teve a
oportunidade de lidar com Nelson Mandela e Joaquim Chissano, entre outras
“grandes figuras históricas da humanidade”.
“Eu
costumava dizer que eu era aquele filho que Onésimo Silveira gostaria de ter,
pela forma carinhosa como ele me tratava e como me ajudava. Com ele tinha todas
as portas abertas”, disse ainda o reitor da Uni-Mindelo.
A
mesma fonte lembrou que o ex-autarca disse que “só sairia da política com a sua
morte biológica e ele teve a oportunidade de fazer aquilo que gostava até à
morte”, porque Onésimo Silveira, lembrou, esteve a apoiá-lo, “em toda a linha”,
quando se candidatou nas autárquicas do passado dia 25 de Outubro.
Onésimo
Silveira, 86 anos, nasceu em São Vicente e doutorou-se em Ciências Políticas,
pela Universidade de Uppsala (Suécia), em 1976, ano em que começou a trabalhar
na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Em
1977, transitou para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) com
o estatuto de diplomata, ali permanecendo até Dezembro de 1990, com passagens
por países como Somália, Angola e Moçambique.
Em
1992, tornou-se o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de São
Vicente, cargo em que permaneceu até 2001.
Em
2002, suspendeu o mandato de deputado à Assembleia Nacional e aceitou a
nomeação para embaixador extraordinário e plenipotenciário de Cabo Verde em
Portugal, Israel, Espanha e Marrocos.
A
nível cultural, é considerado um dos mais proeminentes membros da elite
literária cabo-verdiana, tendo muitos trabalhos publicados no campo da
literatura (novela, poesia e romance) e do ensaio (política, sociologia e
antropologia).
Onésimo
Silveira também traduziu vários livros, entre os quais “Obras Completas de Mao
Tsé Tung”, em parceria com Gentil Viana, e colaborava regularmente, com artigos
de opinião, no jornal A Semana e em revistas de Cabo Verde, Portugal, França,
Suécia e Noruega.
Fundou
o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS), depois da ruptura com o Partido
Africano da Independência de Cabo Verde (ex-PAIGC) e nos últimos anos tornou-se
uma das vozes mais activas pela regionalização do país.
Em
08 de Dezembro de 2012 foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade
do Mindelo pelo “imenso contributo para a democratização” do País e pelo seu
papel na “internacionalização do municipalismo cabo-verdiano”. In “Inforpress”
– Cabo Verde
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