Uma
equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) desenvolveu um programa
psicoterapêutico inovador destinado a pessoas com dor crónica, um problema de
saúde que afeta cerca de 37% da população portuguesa.
Chama-se
iACTwithPain, está disponível numa plataforma digital desenhada para o
efeito – https://iact.isr.uc.pt – e foi desenvolvido por investigadores do Centro de
Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental
(CINEICC) e do Instituto de Sistemas e Robótica, da Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação (FPCEUC) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC), respetivamente.
No essencial, este programa de intervenção psicológica de terceira geração, em formato online, pretende promover o desenvolvimento de competências de autogestão da dor e de autorregulação emocional, de modo a diminuir o impacto da dor e a melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem desta patologia. Tem uma duração de oito semanas e inclui dois momentos de follow-up – aos 3 e 6 meses após a conclusão da intervenção.
«A
intervenção é constituída por 8 módulos, de cerca de 20 minutos de duração
cada, disponibilizados uma vez por semana. Os participantes são orientados, ao
longo da intervenção, mediante o recurso a vídeos explicativos e animados ou
com os próprios terapeutas (ou os seus avatares) em tópicos relacionados com a
gestão da dor e das respostas emocionais e cognitivas associadas, através da
prática de exercícios experienciais e meditativos guiados», descreve Paula
Castilho, coordenadora do projeto.
No
final de cada módulo é sugerida a prática de exercícios relacionados com o
tópico abordado e solicitado o preenchimento de um pequeno questionário sobre a
sessão e o seu impacto. A progressão no programa «depende da conclusão de cada
um dos módulos. A prática continuada e comprometida é fundamental para a
eficácia da intervenção, pelo que os/as participantes serão incentivados/as e
motivados/as através do envio de uma mensagem, via email, uma vez por semana,
entre cada sessão a praticar/treinar as competências ensinadas», sublinha Paula
Castilho.
Agora,
a equipa pretende validar a eficácia deste programa. Está, por isso, a pedir a
colaboração de pessoas com diagnóstico de dor crónica nos últimos três meses,
com idades compreendidas entre os 18 e os 50 anos, que possuam acesso à
internet e que não estejam envolvidas noutra forma de intervenção psicológica
para a dor crónica. A elegibilidade para a participação no programa será
aferida mediante questionários de autorresposta disponibilizados na plataforma,
assim que cada voluntário tiver lido e aceite o consentimento informado depois
de efetuado o registo.
No
fim do estudo, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
(FEDER) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), os participantes
que ficarão distribuídos no grupo controlo terão a possibilidade de usufruir
integralmente do programa iACTwithPain.
A
investigadora do CINEICC e professora da FPCEUC nota que «cerca de 37% da
população portuguesa sofre de um quadro com dor crónica, o que acarreta
importantes custos sociais e económicos significativos. Além disso, a dor
crónica está presente em diversos problemas psicológicos e quadros clínicos,
como a ansiedade e a depressão».
Através
do programa iACTwithPain, conclui, «pretendemos testar a eficácia de
determinados componentes e estratégias terapêuticas e o seu contributo
diferencial na gestão emocional e da dor. O iACTwithPain conta com a vantagem
de ter um formato online, possibilitando o acesso generalizado da população a
uma intervenção promotora da saúde (eHealth), aspeto ainda mais relevante pelas
circunstâncias atuais decorrentes da crise pandémica. Deste modo, as pessoas
podem efetuar a intervenção ao seu próprio ritmo, no seu ambiente natural e de
acordo com as suas necessidades». Universidade de Coimbra - Portugal
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