A Associação dos Amigos de Moçambique está a organizar workshops de cultura moçambicana com danças e jogos tradicionais. Coorganizado pelo Fórum Macau, o evento pretende proporcionar ao público de Macau uma viagem cultural a Moçambique
Esta
sexta-feira e sábado prometem animação e ritmo de dança. A delegação de
Moçambique do Fórum de Macau conjuntamente com a Associação dos Amigos de
Moçambique, vão organizar os dois últimos dias de workshops integrados
na 13.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa com uma
mostra do que há de tradicional na dança em Moçambique.
Esta
actividade vai realizar-se simultaneamente durante a exposição de obras do
artista de Moçambique José Estevão Manhiça, no ciclo de exposições “Policromias
lusófonas”. ”Nós realizámos o primeiro workshop no dia 4, depois temos
mais dois no dia 10, das 18h às 20h, e outro no dia 11, das 15h às 17h”, começa
por explicar ao Ponto Final a presidente da Associação dos Amigos de
Moçambique, Helena Brandão. “Quem está a fazer a publicidade destes workshops
é o Fórum de Macau, porém, quem quiser saber mais informações, a nossa
associação tem uma página de Facebook com informações”,
prosseguiu.
Helena
Brandão explica que a associação foi convidada, como normalmente é, para as
actividades dos países de Língua Portuguesa nesta altura de comemorações
lusófonas. “Quando fomos convidados pediram-nos que o workshop se
incidisse sobre temáticas realizadas com a identidade cultural de cada país.
Relativamente ao facto de termos escolhido a dança foi porque nós só
conseguimos a disponibilidade de momento. Com esta oportunidade, nós vamos
apresentar danças tradicionais moçambicanas ao público de Macau”, referiu.
O
grupo nomeado a executar os workshops este ano é o próprio grupo de
dança de estudantes moçambicanos – Pérolas do Índico -, que foi formado o ano
passado para a mesma ocasião, tendo até representado Moçambique nos palcos da
Lusofonia. “Tivemos de formar este grupo devido à pandemia pois não podíamos
receber nem convidar grupos profissionais de fora. Juntaram-se uns tantos
estudantes que actuaram na Lusofonia e mantém-se até hoje, embora desfalcados,
porque alguns já regressaram a Moçambique, tendo já cumprido os seus objectivos
cá em Macau”, reitera.
O
grupo é constituído por cinco raparigas que irão demonstrar estas três danças
nos workshops. “A duração do workshop depende de vários factores,
nomeadamente dos participantes, porque eles fazem a dança, que é de normalmente
quatro ou cinco minutos, e o resto do tempo é passado com uma interacção entre
os participantes e as nossas dançarinas. Elas explicam como se dança, convidam
as pessoas a participar, e é nisto que consiste o nosso workshop”,
resume Helena Brandão.
O
primeiro dos três workshops “correu muito bem”, de acordo com Helena
Brandão, com quase 30 participantes, com um excelente ‘feedback’. “Nós
apresentamos a dança, falamos do que consiste e damos uma parte histórica da
dança. Depois, há um interagir com os participantes, com explicações passo a
passo”, explicou.
No
primeiro dia foi feita a dança Tufo, que é a dança tradicional do norte de
Moçambique. Os grupos de dança de Tufo compreendem entre 15 a 20 mulheres, que
são acompanhadas por quatro homens ou mulheres com pandeiretas planas semelhantes
a tambores. Todas as dançarinas cantam, mas há sempre uma cantora principal.
Tradicionalmente, os dançarinos de Tufo dançavam enquanto estavam ajoelhados,
movendo ritmicamente as metades superiores de seus corpos, mas recentemente a
coreografia evoluiu e as dançarinas agora podem levantar-se e movimentar
inteiramente os seus corpos. As músicas de Tufo são cantadas geralmente na
língua macua. Os dançarinos devem usar lenços e capulanas correspondentes e
cada dança requer o uso de uma nova capulana.
Na
sexta-feira vai ser feita a dança dos guerreiros denominada Xigubo, que
consiste no alinhamento de um determinado número de homens – dançarinos – em
uma ou duas filas, devidamente adornados com objectos de fibras e peles nos
braços e nas pernas, colares de sementes, entre outros signos, vestindo saiotes
confeccionados com peles de animais, as quais se fazem acompanhar de um
instrumento de defesa denominada xitlhango ou azagaia.
Finalmente,
no sábado, vai ser ensinada a dança tradicional Marrabenta, que é a mais
conhecida internacionalmente. O seu nome foi derivado da palavra portuguesa
“rebentar” e incorpora vários ritmos folclóricos como os Magika, Xingombela e
Zukuta, sendo também sujeita à influência ocidental. Foi desenvolvida em
Maputo, a capital de Moçambique. Além das danças serão apresentados vários
jogos tradicionais, como o jogo Pindjonce, o jogo Neca e o xadrez africano
N’Tuxa. Joana Chantre – Macau in “Ponto Final”
joanachantre.pontofinal@gmail.com
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