O Estado português assumiu “de forma transitória” a gestão direta da Escola Portuguesa de Luanda (EPL), antes gerida pela Cooperativa Portuguesa de Ensino em Angola (CPEA), que cessou funções após um litígio com alguns cooperantes
Uma
informação avançada à agência Lusa pelo Ministério da Educação de Portugal
indica que, com a cessação de funções da CPEA, “o Estado português assume de
forma transitória a gestão direta da Escola Portuguesa de Luanda até à
conclusão do procedimento concursal para a nova gestão”.
A
Escola Portuguesa de Luanda – Centro de Ensino e Língua Portuguesa foi criada
ao abrigo do protocolo relativo ao Centro de Ensino e Língua Portuguesa de
Luanda, celebrado entre os governos de Portugal e Angola, tendo sido
formalmente constituída em 2006.
A
cessação de funções da CPEA culmina uma série de episódios que opunha um grupo
de cooperantes e a direção da EPL. No ano passado, cerca de 300 cooperantes da
CPEA assinaram um requerimento defendendo a realização de uma assembleia geral
extraordinária para discutir a revisão dos estatutos e propuseram a destituição
dos atuais órgãos sociais da cooperativa e a nomeação de uma comissão de gestão
interina.
A
CPEA rejeitou, na altura, as acusações, alegando estar em causa uma tentativa
de tomada do poder e justificou os aumentos impostos no ano letivo 2020/2021
com a necessidade de assegurar a sobrevivência da escola.
O
aumento das propinas motivou vários protestos dos cooperantes que avançaram
para o tribunal para travar a medida. No dia 09 de julho, o tribunal de Luanda
decretou uma medida cautelar impedindo o aumento das propinas e intimando a
CPEA “a não colocar qualquer obstáculo e a aceitar a matrícula de todos os
alunos educandos dos cooperadores para o ano letivo de 2021/2022″ e a abster-se
de “qualquer conduta que coloque em risco o direito fundamental dos educandos à
frequência da escola”.
No
entanto, os cooperantes que tinham avançado com a ação contra a CPEA
queixaram-se que a entidade gestora da Escola Portuguesa estava a desobedecer à
decisão do tribunal, continuando a cobrar propinas e a fazer matrículas com os
aumentos impostos.
Na
sequência desta queixa, o tribunal da comarca de Luanda remeteu ao Ministério
Público um pedido para a abertura de um processo pelo crime de desobediência
contra o representante legal da Escola Portuguesa em Luanda (EPL), segundo um
despacho a que a Lusa teve acesso.
A
Lusa contactou telefonicamente Horácio Pina, que assumia a gestão da EPL, mas o
mesmo apenas referiu que não tinha sido notificado de qualquer informação do
tribunal, remetendo para o Ministério da Educação português quaisquer
esclarecimentos sobre o assunto.
Para
o Ministério da Educação português, e “à semelhança do que acontece com outras
escolas portuguesas no estrangeiro, a EPL tem-se evidenciado como uma
instituição educativa de grande prestígio, desempenhando um papel primordial na
promoção do ensino e difusão da língua e cultura portuguesa e um relevante
papel no reforço dos laços de amizade e de cooperação entre o Estado angolano e
o Estado português”.
“O
Estado português permanece empenhado em cumprir os objetivos centrais da Escola
Portuguesa de Luanda e no estreitamento dos laços linguísticos e culturais
entre os dois povos”, prossegue este ministério. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
Sem comentários:
Enviar um comentário