O
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fiocruz foi
selecionado, nesta terça-feira (21/9), pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
como centro para desenvolvimento e produção de vacinas com tecnologia de RNA
mensageiro na América Latina.
A
escolha da unidade da Fundação ocorreu devido aos promissores avanços no
desenvolvimento tecnológico de uma vacina de mRNA contra a Covid-19, atualmente
em estágio pré-clínico. A iniciativa utilizou recursos do Ministério da Saúde e
de emendas parlamentares em seu desenvolvimento.
A
seleção é resultado de uma chamada mundial lançada em 16 de abril de 2021, que
tem o objetivo de aumentar a capacidade de produção e ampliar o acesso às
vacinas contra a Covid-19 nas Américas. Cerca de trinta empresas e instituições
científicas latino-americanas participaram. O processo de escolha foi realizado
por comitê de especialistas independentes (PDVAC). Além da Fiocruz, outra
proposta, localizada na Argentina, também foi selecionada.
Segundo
a OMS, Bio-Manguinhos/Fiocruz foi escolhido em função de sua longa tradição na
produção de vacinas e dos avanços apresentados para o desenvolvimento de uma
vacina inovadora de mRNA contra a Covid-19. A vacina candidata é baseada na
tecnologia de RNA auto-replicativo, e expressa não somente a proteína Spike,
mas também a proteína N, para melhor resposta imunológica.
Essa
tecnologia demanda menos necessidades produtivas, atingindo uma escala em
termos de doses superior a de outras vacinas de mRNA. Isto permite que o seu
custo seja inferior ao de outras vacinas semelhantes, possibilitando a
ampliação ao seu acesso. A vacina está, atualmente, em fase de estudo
pré-clínico.
Como
resultado da seleção, a Opas/OMS colocará à disposição da Fiocruz uma equipe de
especialistas internacionais com experiência nos diferentes aspectos de
desenvolvimento e produção de vacinas desta natureza. É esperada, ainda, a
cooperação com o consórcio sul-africano também escolhido pela OMS, com o centro
argentino e outros produtores da região.
Uma
vez desenvolvida, a vacina candidata passará pelo processo de pré-qualificação
da OMS, que garante o cumprimento dos mais elevados padrões internacionais para
garantir sua qualidade, segurança e eficácia. Para assegurar o acesso
equitativo, a vacina desenvolvida será oferecida aos estados-membros e
territórios da Opas por meio de seu Fundo Rotatório, que fornece vacinas
acessíveis há mais de 40 anos na região. Bio-Manguinhos já dispõe de uma planta
suficientemente avançada para a produção da vacina candidata, não sendo
necessária a construção de uma nova fábrica, segundo o órgão.
“Esta
será uma tecnologia que vem se somar à plataforma de adenovírus, utilizada na
vacina Fiocruz/AstraZeneca para a Covid-19. O desenvolvimento de uma vacina da
Fiocruz de mRNA é um passo fundamental para que o Brasil detenha o domínio
tecnológico de duas plataformas fundamentais para o avanço no desenvolvimento
de imunobiológicos. Com esse projeto e o apoio da OMS, estamos reafirmando
nosso compromisso com a ciência e a tecnologia a serviço da população”, comenta
a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima.
Segundo
a presidente, ainda é cedo para falar de datas e cronograma, mas o apoio da OMS
será decisivo para que o desenvolvimento desta vacina ocorra de maneira mais
breve possível e dentro dos protocolos de segurança e qualidade mundiais.
Além
de fornecedora desta vacina, a Fiocruz se comprometeu ainda, como parte do
escopo do projeto apresentado à OMS, a compartilhar seu conhecimento para a
produção da vacina com demais laboratórios da região, garantindo a eles a
transferência de tecnologia para ampliar a capacidade produtiva regional.
“O
apoio que Bio-Manguinhos/Fiocruz agora recebe da Opas e OMS se configura como
um reconhecimento de nossa competência e nos permitirá galgar mais um degrau em
nossa jornada de desenvolvimento de capacitações científicas e tecnológicas em
plataformas de última geração para vacinas humanas. Permitirá ainda
contribuirmos mais decisivamente para aumentar a equidade mundial no acesso a
vacinas, com potencial para uma verdadeira revolução no desenvolvimento de
outras vacinas de interesse para o [Sistema Único de Saúde] SUS e para a saúde
pública mundial”, afirmou o diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma.
Para
o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos, Sotiris
Missailidis, a dedicação da equipe tem sido fundamental para o avanço do
projeto. “A equipe de Desenvolvimento Tecnológico tem trabalhado por anos,
incansavelmente, com dedicação e profissionalismo, buscando alcançar um nível de
excelência no desenvolvimento de novos produtos que atendam aos desafios da
saúde pública”, destacou. In “Mundo Lusíada” - Brasil
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