Apesar de não apontar ainda uma data para a abertura do novo restaurante “Lvsitanvs”, a presidente da Casa de Portugal em Macau mostra-se satisfeita com o facto da instalação da cozinha estar já na fase terminal. Ao Jornal Tribuna de Macau, Amélia António voltou a tecer críticas ao excesso de burocracia dos serviços administrativos
Amélia
António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM), adiantou ao Jornal Tribuna
de Macau que está em vias de ser concluída a instalação da cozinha do
restaurante “Lvsitanvs” na “Casa de Vidro”, no Tap Seac.
“Estamos
na fase – esperemos nós – terminal de instalação da cozinha para que depois
sejam feitas as inspecções necessárias para se obter as licenças para então
podermos abrir. A partir do momento que se teve a licença de obras, em Julho e
Agosto, o tempo não foi suficiente, porque as obras exigiam equipamentos de
extracção do vapor e outros equipamentos que não há em Macau. Tiveram de ser
importados e tudo isto tem sido muito complicado. Estamos com a esperança de
que estejamos mesmo na ponta final e anunciaremos logo que estiver concluída a
obra”, referiu.
A
operação do espaço onde funcionará o restaurante “Lvsitanvs” foi sujeito a
concurso público pelo Instituto Cultural (IC), tendo sido adjudicada à CPM em
2019. Desde então, a associação enfrentou uma série de contratempos, incluindo
divergências com a Administração sobre diversas despesas, inicialmente não
previstas por Amélia António.
“Tenho
tido momentos muito duros de ultrapassar neste processo. O concurso foi adjudicado
em Agosto de 2019 e daí até cá foi um calvário. Tem sido um rosário de
dificuldades em que fomos sempre expondo as nossas razões e argumentando em
relações a algumas coisas e o IC acabou por nos dar razão. Não há soluções
ideais, mas isto permitiu que as coisas andassem. Tivemos de encomendar os
equipamentos, que são caros, a uma empresa especializada e não íamos correr o
risco de fazer essa negociação e dar sinais antes de termos a certeza de que
podíamos avançar com a obra”, salientou a mesma responsável, explicando que o
surto de COVID-19 em Agosto também não ajudou a acelerar o processo.
“Não
somos uma empresa com capacidade para correr riscos económicos faseados e já
corremos de mais mesmo assim. Temos de ser muito cautelosos a fazer as coisas e
esta segunda fase do COVID-19, quando já estávamos com a obra em curso, voltou
a empanar tudo um bocado. No entanto, enquanto não vir preto no branco que foi
tudo aprovado digo apenas que estou optimista”, confessou.
Burocracia “dificulta” negócios
Após
ter sido acordado no mês passado com o IC que as mais de 200 mil patacas de
rendas pagas pela CPM, sem usufruir do espaço, seriam um adiantamento aos
valores do contrato de exploração de três anos, Amélia António referiu que “há
imensas coisas que podem melhorar”.
“Fazem-se
exigências burocráticas que não fazem sentido. Tivemos de apresentar tudo como
se estivéssemos a fazer uma obra de raiz, quando a única coisa que íamos mexer
era na cozinha e apenas para colocar os equipamentos necessários. O resto das
instalações não se iam alterar e mesmo assim foi preciso apresentar projecto de
arquitectura, projecto de electricidade, projecto de esgotos como se
estivéssemos a fazer algo do zero”, elencou.
Amélia
António adverte por isso que esse tipo de exigências acaba por dificultar os
negócios. “A parte burocrática, a repetição e a exigência de documentos de
diferentes organismos é uma coisa que continua muito complicada em Macau.
Falamos que a RAEM tem de caminhar para o ‘e-administration’, mas nada funciona
em termos electrónicos. Os serviços que têm a documentação das diferentes
entidades exigem que eles sejam sempre apresentados. Passamos a vida a pedir
certidões, a pedir isto e aquilo para provar o que já provámos não sei quantas
vezes”, alertou.
“Acho
que há muito que andar e espaço para andar, mas é preciso uma grande ligação
das diferentes áreas da Administração Pública. Cada área, e isto tem sido um
problema ao longo dos anos e continua agora, funciona como se existisse
sozinha. Não há interligação de informação e colaboração. Isto dificulta muita
a vida aos administrados e dificulta os negócios” explicou. Martim Silva –
Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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