A livraria do pavilhão de Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires vendeu uma média de 50 livros por dia na primeira semana, um número “muitíssimo surpreendente”, não só pela quantidade, mas também pela procura em língua portuguesa
Segundo
Marcos Almada, o livreiro responsável pela venda dos livros do pavilhão de
Lisboa, na primeira semana de feira – entre 23 e 30 de maio, incluindo os dois
primeiros dias de jornadas profissionais – tinham sido vendidos mais de 350
livros, entre a seleção de 723 obras em língua portuguesa, levadas pela
comitiva portuguesa, e os que o livreiro tem angariado junto das editoras
latino-americanas.
“Dada
a crise [económica] argentina que estamos passando, com os livros caros e as
pessoas sem dinheiro, surpreendeu-nos bastante a quantidade de vendas, porque
normalmente as cidades convidadas não têm tantas vendas como as dos grupos
editoriais”, disse Marcos Almada.
Mais
surpreendente ainda, para o livreiro, é a quantidade de livros em língua
portuguesa que estão a ser vendidos.
“Isto
mostra que há uma idiossincrasia para ler em português, para além da procura
por visitantes do Brasil”, afirmou, explicando que além da curiosidade natural
de quem quer experimentar a ler em português, há académicos, professores e
tradutores, mas também alunos, porque “nos colégios estatais existe português
como segunda língua”.
O
interesse neste país pela língua portuguesa tem também outra raiz, esclareceu
Marcos Almada, a procura por entender melhor a literatura e a música
brasileira, sobretudo a bossa nova, que têm grande penetração na cultura
argentina.
Quanto
aos autores mais vendidos, o livreiro disse que há um equilíbrio entre
clássicos e contemporâneos, sendo que dos primeiros, “Fernando Pessoa é sem
dúvida o número um”, mas Eça de Queirós e José Saramago são também muitíssimo
procurados.
Entre
os contemporâneos, Marcos Almada destacou Gonçalo M. Tavares e Lídia Jorge, que
esgotou nos primeiros dias os exemplares disponíveis.
Outra
razão que leva as pessoas a procurarem autores específicos é o facto de
quererem conhecer as obras dos autores convidados.
O
facto de haver uma programação cultural de Lisboa estendida e cartazes perto do
pavilhão com as fotografias dos escritores é outro atrativo para comprar
livros, acrescentou.
O
responsável adiantou ainda que se verifica uma crescente procura por livros
ilustrados e por livros sobre Lisboa, nomeadamente arte e arquitetura, que
“também se vendem muito”.
A
título de exemplo, aludiu a um livro sobre azulejos de Lisboa, que se vendeu
logo nos primeiros dias.
Relativamente
às obras que já esgotaram, apontou “O Livro do Desassossego” – “o mais
procurado” – que, entretanto, foi reeditado e reposto, e livros de Lídia Jorge
e Isabela Figueiredo. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo
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