Uma solução pode ter sido encontrada para reabilitar os Jogos da Lusofonia, depois de uma década de paragem. A competição multidesportiva, que teve o seu início em 2006 em Macau, deverá mudar o formato, passando a ser de Jogos de Praia, uma vez que todos os países ou territórios são costeiros. Essa possibilidade foi debatida na última assembleia-geral da ACOLOP, realizada em Cascais, na qual Macau se fez representar
Os
Jogos da Lusofonia, que tiveram três edições, a última das realizada em 2014 em
Goa, podem ser reabilitados em 2026, mas com um formato diferente do passado.
Uma vez que os países ou regiões que integram a Associação dos Comités
Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP) têm orla costeira, a competição
poderá ser transformada num evento de praia, mantendo provavelmente a
designação.
Face
ao investimento elevado feito pelos países ou regiões que já organizaram a
competição, Macau, Portugal e Goa, a mais recente Assembleia-Geral da
Associação dos Comités Olímpicos dos Países de Língua Portuguesa (ACOLOP),
começou a debater a possibilidade da prova regressar, depois de 10 anos de
ausência e, consequentemente, de incertezas quanto ao seu futuro.
Na
reunião de Cascais, a Comissão Executiva da organização decidiu que irá
apresentar um caderno de encargos relativo aos Jogos da Lusofonia, onde será
discutida e aprovada em Assembleia-Geral uma proposta do modelo e estrutura da
competição para o actual contexto.
Durante
o encontro, e concretamente neste ponto da agenda, os membros da ACOLOP
chegaram à conclusão de que o modelo anterior dos Jogos da Lusofonia será
difícil de implementar devido aos enormes custos que envolvem para o país ou
território organizador, assim como para os participantes poderem participar com
um número de atletas adequado a um evento desta natureza.
A
ideia, segundo disse ao Jornal Tribuna de Macau a presidente da ACOLOP, a
cabo-verdiana Filomena Fortes, “é tentar realizar estes Jogos da Lusofonia
dedicados a modalidades de praia em 2026”. “Gostaria que isso fosse uma
realidade durante o meu mandato e julgo que podemos fazer”, adiantou a
dirigente.
O
novo formato, a ser aprovado, “estará mais direccionado para os jogos de praia,
uma vez que todos os países ou regiões têm costa”, salienta a número do órgão
desportivo dos PLP.
Filomena
Fortes sublinha que “no próximo ano iremos então dar seguimento ao caderno de
encargos para que os membros se possam candidatar”.
Tornar a organização mais activa e resiliente
Sobre
outros temas da Assembleia-Geral efectuada em Portugal, ficámos a saber,
através da responsável pelo Gabinete de Comunicação da ACOLOP, Susana Duarte,
que a reunião “foi uma oportunidade para destacar o compromisso contínuo do
órgão lusófono em fortalecer laços com organizações congéneres e diversos
parceiros, incluindo o Comité Olímpico Internacional (COI) e a Associação
Mundial de Comités Olímpicos (ACNO)”.
Foi
também “um momento para conjuntamente se fazer uma análise dos objectivos e
visão da nossa organização, com a previsão de a tornar mais activa e resiliente
às necessidades actuais dos comités associados”.
Por
outro lado, um marco importante que ficou desta assembleia foi a aprovação da
moção de direitos e deveres do Comité Olímpico Internacional, proposta que
resultou do recente Fórum dos Atletas Lusófonos, realizado na cidade da Praia,
em Março de 2024. Em destaque, esteve também uma proposta do delegado de São
Tomé e Príncipe, João Costa Alegres, que “foi acolhida pelos presentes e
enfatizou a importância da inclusão de atletas nos órgãos de decisão da ACOLOP,
um tópico a ser considerado na reformulação dos estatutos”, refere o texto
enviado ao JTM.
O
encontro finalizou “com o espírito contínuo da missão da ACOLOP”, focado em
“promover pontos de união entre os comités olímpicos nacionais de língua
oficial portuguesa para o desenvolvimento de uma agenda comum no âmbito do
desenvolvimento do olimpismo nos seus países”. Este ano, a 8 de Junho, a ACOLOP
celebra o 20º aniversário, prevendo-se uma celebração colectiva dos membros.
A
reunião de Cascais contou, fisicamente, com representantes da Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Cabo Verde, Portugal e Macau, enquanto o
Brasil, Angola e Moçambique participaram de forma virtual. Apenas o Sri Lanka,
Goa e Timor-Leste não se puderam fazer representar.
João
Fonseca, que exerceu funções como técnico superior assessor do presidente do
Instituto do Desporto (ID), com larga experiência no âmbito do desporto e
educação física na RAEM, foi o elemento que o presidente do ID, Pun Weng Kun,
indicou para representar o território na Assembleia-Geral da ACOLOP.
De
recordar que Macau foi o anfitrião dos primeiros Jogos da Lusofonia, em 2006,
numa edição coordenada por Manuel Silvério. A competição de Macau, na qual
participaram 12 países ou territórios e mais de 700 atletas, foi considerada de
grande sucesso. Teve como lema “Quatro continentes, uma língua, unidos pelo
desporto” e integrou oito modalidades (futebol, basquetebol, atletismo, futsal,
taekwondo, ténis de mesa, voleibol e voleibol de praia).
Seguiram-se
mais duas edições, Portugal, em 2009, e Goa em 2014. Desde então nada mais foi
feito. Moçambique cancelou os Jogos da Lusofonia de 2017 e Angola não confirmou
a candidatura para 2021. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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