A Inteligência Artificial, os seus desafios e oportunidades foram a tónica da Assembleia-Geral e do Fórum da Associação Internacional das Comunicações de Expressão Portuguesa. As reuniões tiveram lugar em Macau durante dois dias e nelas participou a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações da RAEM. A sua directora, Derby Lau, disse que “os CTT estão empenhados em promover a reforma do sector” e que a implementação da Inteligência Artificial em Macau está ainda na “fase inicial”. Já o Secretário para os Transportes e Obras Públicas afirmou que o Governo está a estudar a matéria e espera que em breve haja informação para divulgar
Os
Serviços de Correios e Telecomunicações de Macau (CTT) foram uma das entidades
presentes nos trabalhos do Fórum e da Assembleia-Geral da Associação
Internacional das Comunicações de Expressão Portuguesa (AICEP), que se
realizaram em Macau durante dois dias, sob o tema “Criar Valor com Inteligência
Artificial”. Derby Lau, directora dos CTT, disse, no discurso proferido no
jantar de encerramento, que a empresa está “empenhada em promover a reforma das
telecomunicações e em optimizar continuamente as leis e regulamentos no domínio
das telecomunicações”.
Fazendo
questão de falar em português, como vincou, a responsável sublinhou que com a
construção da Grande Baía, “a ligação entre Macau e Hengqin tem vindo a ser
reforçada consideravelmente, destacando ainda mais o papel da RAEM como ponte
entre a China e os países de língua portuguesa (PLP)”. Assim, reforçou, muitas
indústrias nos PLP e na Grande Baía “têm um espaço de cooperação com grande
potencial”.
Sobre
a utilização da Inteligência Artificial (IA), a directora dos CTT referiu na
sua intervenção durante o Fórum que “ainda não existe regulamentação legal para
supervisionar a utilização daquela tecnologia, uma vez que a sua implementação
na cidade está numa fase inicial”.
O
Governo “vai esperar para ver o que acontece e olhar para regulamentos como o
quadro da UE”, expressou a responsável, para quem “a extensão das utilizações
da IA à vida pessoal tem de ser estudada de perto e as directivas da União
Europeia podem servir de orientação”, segundo indicou a “Macau News Agency”.
Também
Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, que detém
a pasta das telecomunicações e que esteve no jantar de fecho dos trabalhos,
admitiu à imprensa de língua chinesa que a reforma do sector das
telecomunicações “é difícil e complexa”, afirmando que o Executivo está a
estudar a matéria, podendo em breve “haver informação para divulgar”.
Em
relação à situação da expiração das licenças da rede fixa da CTM e da MTEL, que
acontecerá em Setembro deste ano, Raimundo do Rosário indicou que está a
estudar se vai adoptar a renovação por curto prazo e espera que o público dê um
pouco de tempo às autoridades, que em breve irão revelar a decisão.
As
sessões promovidas pela AICEP contaram com representantes dos nove países e
regiões de língua portuguesa, nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O
objectivo foi debater os desafios e as oportunidades trazidos pela
transformação digital.
O
Fórum integrou três grandes painéis temáticos: “Inovar e Desenvolver o Negócio
com a IA”, “A Regulação no Desenvolvimento da IA” e “Os Impactos da IA no
Mercado de Trabalho”, nos quais se abordaram tópicos como as alterações
provocadas pela IA nos sectores de correios e logística, de telecomunicações e
de conteúdos, e no mercado de trabalho.
No
decorrer do jantar de encerramento, foram, entretanto, entregues os “Prémios
AICEP 2024”, em três categorias. Na Inovação, as distinções couberam à
“Plataforma Cloud2africa”, da Angola Cables, e à “Plataforma Transregional 5G”,
da CTM. Em Liderança foi o presidente do Conselho de Administração da Cabo
Verde Telecom, João Domingos Correia, que recebeu o galardão, enquanto o prémio
Carreira distinguiu Derby Lau.
Uma
vez que a assembleia-geral e o Fórum da AICEP se realizam em locais alternados
anualmente, será o Brasil a organizar as sessões de 2025.
Nova tecnologia vai gerar oportunidades de emprego
O
presidente dos CTT de Portugal também marcou presença nos trabalhos e admitiu à
Agência Lusa que a IA vai “causar perturbações no curto prazo”, mas defendeu
que “irá certamente gerar oportunidades de emprego”.
João
Bento declara que os CTT em Portugal já estão a usar ferramentas de IA.
“Lançámos um chatbot [de conversação] de IA, Helena, no final do ano
passado, que já reduz em 30% o número de contactos que precisam de intervenção
humana”, o que quer dizer que “tenho menos gente no ‘call center’ para o
mesmo nível de resposta”, sublinhou.
Especialistas
têm apontado 2024 como o ano em que começará a extinção de empregos devido à
utilização de IA, mas João Bento refere que tanto os CTT como os sindicatos dos
trabalhadores da empresa “não sentem esse receio”. “Certamente que vamos ter,
no curto prazo, tarefas que deixam de ser feitas por pessoas, o que significa
que teremos menos necessidades de mão-de-obra, mas isto vai gerar novas
oportunidades”, defendeu João Bento.
“Historicamente
todos os momentos de fractura tecnológica causaram perturbações no curto prazo,
mas geraram sempre ganhos de riqueza e de bem-estar”, reforçou o presidente da
empresa lusa de telecomunicações. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau” com “Lusa”
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