Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 12 de maio de 2024

Nona sinfonia de Ludwig van Beethoven completou dois séculos

Há 200 anos, quando apresentou pela primeira vez a sua Nona sinfonia num concerto em Viena, o compositor alemão Ludwig van Beethoven estava ansioso para que tudo se saísse bem. Mas, na verdade, não tinha motivos para receios. Os espectadores deram-lhe um estrondoso aplauso durante a actuação, embora Beethoven, já surdo, não tenha percebido até que um músico o sinalizou.


Nascido na cidade alemã de Bona em 1770, Beethoven mudou-se para Viena aos 22 anos de idade e passou quase toda a vida na capital austríaca. Rejeitando várias ofertas, o lendário compositor nunca deixou Viena, onde encontrou um lar longe da sua cidade natal, rodeado de seguidores e mecenas generosos.

“Era a sociedade, a cultura que caracterizavam a cidade que o atraíam tanto”, salientou Ulrike Scholda, directora da Casa Beethoven em Baden, pitoresca cidade, nos arredores de Viena, que marcou profundamente a vida de Beethoven, e a última sinfonia que compôs.

“Nos anos 1820, Baden era definitivamente o lugar perfeito” para as temporadas de Verão da família imperial, da aristocracia e da elite cultural, explicou Scholda.

Além da surdez, Beethoven enfrentou vários problemas de saúde, desde dores abdominais a icterícia, e ia regularmente a Baden para recuperar. Os longos passeios pelo campo e os banhos nos mananciais medicinais de Baden ajudavam-no a melhorar, até porque alimentavam a sua inspiração.

Nos verões anteriores à primeira interpretação pública da Nona sinfonia em 1824, o compositor ficou hospedado no imóvel hoje conhecido como Casa Beethoven, transformada num museu. Foi ali que compôs importantes segmentos da sua última sinfonia.

Numa carta enviada de Baden em Setembro de 1823, Beethoven admite a pressão que sentia para terminar a sinfonia a fim de agradar à Sociedade Filarmónica de Londres que havia encomendado a peça, conta Ulrike Scholda. Depois de terminar a sinfonia em Viena, viveu semanas de intensivos preparativos, com uma legião de copistas que duplicavam os manuscritos de Beethoven e ensaios de última hora que antecederam a estreia, a 7 de Maio de 1824.

Na noite anterior, Beethoven foi de carruagem porta a porta para “convidar pessoalmente as pessoas importantes para o seu concerto”, disse a historiadora da música Brigite Lodes. Também teve tempo de ir “cortar o cabelo”, apesar da agenda frenética.

Quase duas vezes mais longa do que peças comparáveis, a Nona sinfonia quebrou as regras do que até então era entendido como um género “exclusivamente orquestral” ao “integrar a voz humana e, portanto, as letras”, disse à AFP a musicóloga Beate Angelika Kraus.

A sua ideia revolucionária de incorporar partes do verso lírico “Ode à Alegria”, de Friedrich von Schiller, tornou a sua sinfonia mais susceptível ao uso indevido, por exemplo, pelos nazis e comunistas.

Os versos “transmitem um sentimento de união, mas são relativamente abertos em termos ideológicos”, considera Kraus.

Desde 1985, a “Ode à Alegria” do quarto movimento da sinfonia tornou-se o hino oficial da União Europeia.

Em frente à Casa de Beethoven em Baden, que está a comemorar o aniversário com uma exposição especial, Jochen Hallof explica que, ouvir a Nona quando criança, levou-o para um “caminho de humanismo”. “Deveríamos ouvir mais Beethoven em vez de lutar em guerras”, diz o visitante do museu. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”



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