Dados do Unfpa revelam que quase 80% dos habitantes de Moçambique têm menos de 35 anos, com metade abaixo dos 16 anos. A vice-ministra da Economia e Finanças destaca a urgência de medidas para lidar com o crescimento populacional e desafios adicionais, como alteração climática e terrorismo
Dados
divulgados pelo Fundo de População da ONU, Unfpa, apontam que quase 80% da
população de Moçambique tem menos de 35 anos de idade. Em entrevista para ONU
News, em Nova Iorque, a vice-ministra da Economia e Finanças, Carla Fernandes
Louveira, apontou ainda que cerca de 50% têm menos de 16 anos.
A
situação demográfica do país africano impõe diversos desafios de longo prazo e
segundo a representante do governo, junto com o crescimento rápido da
população, medidas importantes devem ser colocadas em prática para responder as
questões que vão surgindo com a mudança na composição da sociedade moçambicana.
População jovem e crescimento acelerado
“Cerca
de 50% da população moçambicana tem idade inferior a 16 anos de idade, o que
faz com que aquilo que é taxa de dependência seja bastante elevada, levando a sérios
desafios de como maximizar os ganhos do dividendo demográfico, isto é, reduzir
a dependência daquilo que a população economicamente inativa relativamente à
população ativa. [...] observa-se que há necessidade de um maior esforço em
termos de crescimento do Produto Interno Bruto para que compense aquilo que é o
crescimento acelerado que a nossa população está a ter”
A
vice-ministra está na sede das Nações Unidas para a 57ª sessão da Comissão de
População e Desenvolvimento, que reúne a comunidade internacional a procurar
soluções para alcançar um mundo inclusivo, equitativo e sustentável para os
mais de 8 bilhões de pessoas.
Moçambique,
ao lado de diversos países africanos, deve observar um crescimento populacional
muito acelerado nas próximas décadas. Carla Fernandes Louveira aponta que a
estimativa é que o país tenha mais de 60 milhões de habitantes até 2050.
Atualmente, são 32,4 milhões, de acordo com a vice-ministra.
Embora
ela tenha listado uma série de avanços nos últimos anos, desde níveis de
mortalidade infantil e expectativa de vida até o índice de alfabetização, a
representante moçambicana destaca que além dos desafios com o crescimento
populacional, factores como alteração climática e terrorismo atrasam os
progressos no país.
“Moçambique
é um dos países que está sujeito às alterações climáticas. Nos últimos anos, o
país teve vários efeitos climáticos, sejam secas, ciclones. Neste ano, em
particular, tivemos o ciclone Filippo. No ano passado, tivemos o ciclone
Freddy, entre outros tantos efeitos climatéricos que também demandam recurso do
Estado para condições de acesso a saneamento resiliente. [...] Finalmente,
seriam os conflitos, eu diria no geral, do mundo, que impactam o país. Mas
temos também um interno, que é o terrorismo que se observa no norte do país,
que também corrói as necessidades de financiamento que requerem a estrutura do
financiamento”
Progressos globais
A
ONU ressalta que o bem-estar humano melhorou significativamente nas últimas
três décadas. A expectativa de vida aumentou globalmente de 64,5 anos em 1994
para 73,7 anos em 2024.
A
pobreza diminuiu de quase 34% da população global em 1994 para 9% em 2021,
resultando numa queda de mais de mil milhões no número de pessoas que vivem em
extrema pobreza.
A
cobertura de imunização atingiu 84% dos bebês em todo o mundo em 2022, em
comparação com 72% em 1994. O acesso aos serviços de saúde reprodutiva,
inclusive para o uso de contraceptivos, aumentou significativamente desde 1994.
Entretanto,
o progresso tem sido muito desigual entre países e regiões e tem sido retardado
por uma crescente confluência de crises, conflitos e alterações climáticas.
Pela primeira vez em décadas, alguns ganhos de desenvolvimento se desfizeram,
corroendo avanços duramente conquistados e ameaçando a segurança e a saúde de
todos, especialmente das populações marginalizadas.
Conferência do Cairo
A
implementação do Programa de Ação adoptado durante a Conferência Internacional
sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994, ajudou a
impulsionar as ações nessas e em outras áreas nos últimos 30 anos.
O
Programa de Ação foi adoptado por 179 Estados-membros e estabelecia um plano
para promover o bem-estar humano, que coloca os direitos humanos dos
indivíduos, ao invés de alvos da população numérica, no centro da agenda global
de desenvolvimento.
O
plano enfatiza o valor de investir em mulheres e jovens e afirma a importância
da saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planeamento familiar, como condição
prévia para o empoderamento das mulheres. O acordo ainda apela ao fim da
violência baseada no género e das práticas tradicionais nocivas, incluindo a
mutilação genital feminina.
A
conferência é considerada um marco histórico, sendo o primeiro encontro global
no qual todos os aspectos da vida humana foram abordados de forma abrangente. ONU
News – Nações Unidas
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