Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Moçambique - Quase 80% dos habitantes do país têm menos de 35 anos

Dados do Unfpa revelam que quase 80% dos habitantes de Moçambique têm menos de 35 anos, com metade abaixo dos 16 anos. A vice-ministra da Economia e Finanças destaca a urgência de medidas para lidar com o crescimento populacional e desafios adicionais, como alteração climática e terrorismo


Dados divulgados pelo Fundo de População da ONU, Unfpa, apontam que quase 80% da população de Moçambique tem menos de 35 anos de idade. Em entrevista para ONU News, em Nova Iorque, a vice-ministra da Economia e Finanças, Carla Fernandes Louveira, apontou ainda que cerca de 50% têm menos de 16 anos.

A situação demográfica do país africano impõe diversos desafios de longo prazo e segundo a representante do governo, junto com o crescimento rápido da população, medidas importantes devem ser colocadas em prática para responder as questões que vão surgindo com a mudança na composição da sociedade moçambicana.

População jovem e crescimento acelerado

“Cerca de 50% da população moçambicana tem idade inferior a 16 anos de idade, o que faz com que aquilo que é taxa de dependência seja bastante elevada, levando a sérios desafios de como maximizar os ganhos do dividendo demográfico, isto é, reduzir a dependência daquilo que a população economicamente inativa relativamente à população ativa. [...] observa-se que há necessidade de um maior esforço em termos de crescimento do Produto Interno Bruto para que compense aquilo que é o crescimento acelerado que a nossa população está a ter”

A vice-ministra está na sede das Nações Unidas para a 57ª sessão da Comissão de População e Desenvolvimento, que reúne a comunidade internacional a procurar soluções para alcançar um mundo inclusivo, equitativo e sustentável para os mais de 8 bilhões de pessoas.

Moçambique, ao lado de diversos países africanos, deve observar um crescimento populacional muito acelerado nas próximas décadas. Carla Fernandes Louveira aponta que a estimativa é que o país tenha mais de 60 milhões de habitantes até 2050. Atualmente, são 32,4 milhões, de acordo com a vice-ministra.

Embora ela tenha listado uma série de avanços nos últimos anos, desde níveis de mortalidade infantil e expectativa de vida até o índice de alfabetização, a representante moçambicana destaca que além dos desafios com o crescimento populacional, factores como alteração climática e terrorismo atrasam os progressos no país.

“Moçambique é um dos países que está sujeito às alterações climáticas. Nos últimos anos, o país teve vários efeitos climáticos, sejam secas, ciclones. Neste ano, em particular, tivemos o ciclone Filippo. No ano passado, tivemos o ciclone Freddy, entre outros tantos efeitos climatéricos que também demandam recurso do Estado para condições de acesso a saneamento resiliente. [...] Finalmente, seriam os conflitos, eu diria no geral, do mundo, que impactam o país. Mas temos também um interno, que é o terrorismo que se observa no norte do país, que também corrói as necessidades de financiamento que requerem a estrutura do financiamento”

Progressos globais

A ONU ressalta que o bem-estar humano melhorou significativamente nas últimas três décadas. A expectativa de vida aumentou globalmente de 64,5 anos em 1994 para 73,7 anos em 2024.

A pobreza diminuiu de quase 34% da população global em 1994 para 9% em 2021, resultando numa queda de mais de mil milhões no número de pessoas que vivem em extrema pobreza.

A cobertura de imunização atingiu 84% dos bebês em todo o mundo em 2022, em comparação com 72% em 1994. O acesso aos serviços de saúde reprodutiva, inclusive para o uso de contraceptivos, aumentou significativamente desde 1994.

Entretanto, o progresso tem sido muito desigual entre países e regiões e tem sido retardado por uma crescente confluência de crises, conflitos e alterações climáticas. Pela primeira vez em décadas, alguns ganhos de desenvolvimento se desfizeram, corroendo avanços duramente conquistados e ameaçando a segurança e a saúde de todos, especialmente das populações marginalizadas.

Conferência do Cairo

A implementação do Programa de Ação adoptado durante a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994, ajudou a impulsionar as ações nessas e em outras áreas nos últimos 30 anos.

O Programa de Ação foi adoptado por 179 Estados-membros e estabelecia um plano para promover o bem-estar humano, que coloca os direitos humanos dos indivíduos, ao invés de alvos da população numérica, no centro da agenda global de desenvolvimento.

O plano enfatiza o valor de investir em mulheres e jovens e afirma a importância da saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planeamento familiar, como condição prévia para o empoderamento das mulheres. O acordo ainda apela ao fim da violência baseada no género e das práticas tradicionais nocivas, incluindo a mutilação genital feminina.

A conferência é considerada um marco histórico, sendo o primeiro encontro global no qual todos os aspectos da vida humana foram abordados de forma abrangente. ONU News – Nações Unidas


Sem comentários:

Enviar um comentário