O músico Ndaka Yo Wiñi apelou, domingo, em Luanda, durante a emissão do programa “Conversa à Sombra da Mulemba”, da Rádio Mais, ao resgate dos valores ancestrais nas composições musicais, sobretudo as cantadas nas línguas nacionais
O
artista disse que a música é oriunda da oralidade, da acção humana e do
movimento, por isso tem na ancestralidade um valor divino e sagrado, e promete
continuar a manter a matriz africana nas suas canções.
"As
línguas nacionais devem fazer parte da nossa composição musical enquanto
artistas, porque a música tem uma capacidade de educar, por ser uma arma de
construção social, e as escolas não chegam perto”, disse.
Para
continuarmos como bons e verdadeiros africanos, prosseguiu, é necessário a
prática dos valores, com base na nossa essência. A língua não é apenas uma
ferramenta de comunicação, mas é sobretudo um grande instrumento para dinamizar
a economia, o intercâmbio entre os povos e as estruturas políticas e sociais.
"Tenho
a responsabilidade de investigar para confirmar e ter noção do que estou eu a
cantar, e as minhas investigações são predominadas por quatro elementos, com
realce para cantos, contos, provérbios e migração dos sotaques. As migrações
dos sotaques permitem às pessoas serem tocadas, mesmo que não compreendam o que
se canta”, disse.
Ndaka
Yo Wiñi considera-se um contribuinte cultural, etno-musical e dinamizador das
sociedades. O músico disse, igualmente, que o que está em falta actualmente no
continente africano "é a prática dos nossos valores em exercício” diário.
O
músico afirmou que não se pode chegar à ancestralidade sem conseguir tocar
outrem, porque jamais se fala da ancestralidade e da arte do ponto de vista
etno-musical sem que se conheça as origens, por isso, é preciso valorizar o
futuro. "O meu conceito sobre o futuro é o passado, porque a maior parte
das vezes as pessoas regressam ao passado”, realçou.
Quarteto de artistas participam no concerto
Ndaka
Yo Wiñi avançou que tem na agenda a realização de um concerto, denominado
"Lundongo”, marcado para o último fim-de-semana do mês de Junho, na Casa
de Arte de Talatona, que vai contar com a participação do quarteto de artistas
Filipe Mukenga, Mito Gaspar, Ângela Ferrão e Branca Celeste.
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