Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Macau - Pedida maior preservação da língua portuguesa

Amélia António lamenta que a Língua Portuguesa não seja tão preservada como deveria. A presidente da Casa de Portugal considera que há alguma contradição quando se sabe que “há cada vez mais gente a aprender Português” e depois esse crescimento “não tenha acontecido ao nível de vários sectores em Macau”. Também ao Jornal Tribuna de Macau, Acácio de Brito, director da Escola Portuguesa, diz que o idioma de Camões é “um dos valores culturais e políticos mais relevantes do nosso tempo”


A propósito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala no domingo, 5 de Maio, Amélia António falou ao Jornal Tribuna de Macau sobre a importância da língua e as dificuldades que a mesma enfrenta “ao nível das coisas públicas no território”.

Questionada se a Língua Portuguesa tem sido bem preservada, a presidente da Casa de Portugal foi peremptória ao afirmar que “não tanto como deveria ser”, considerando que “continuam a registar-se muitas dificuldades em vários sectores de Macau”.

“Sabemos que nunca houve tanta gente a aprender Português no território como actualmente, mas depois, nas coisas públicas, naquilo que a própria lei nos dá o direito de nos dirigirmos e sermos correspondidos, em muitos casos isso não acontece”. Por isso, “há essa contradição, que não está explicada, como aliás outras que temos em Macau”, nota Amélia António.

A dirigente da associação de matriz lusa reforça a sua opinião mencionando que “nos últimos anos, com o número de pessoas a aprender a nossa língua, muitos falam Português, mas depois, na prática, é como se esse crescimento não tivesse acontecido”. Ou seja, complementa, “é como se fosse o contrário, como se tivesse diminuído o número de pessoas a aprender Português, quando na realidade não é isso”.

Críticas à parte, sustenta que “faz todo o sentido celebrar este dia, porque o Português é uma língua falada em todos os continentes”. Por isso, prossegue, “é muito importante, cada vez mais, a sua valorização”. Os países que falam a língua são, “alguns deles, países grandes, com muita gente, daí que o Português tem de conquistar de facto o seu lugar, nomeadamente nas instituições internacionais”.

Amélia António reforça essa importância asseverando que “tudo o que seja valorizar a língua, mostrar a relevância dela, mostrar a dimensão mundial é fundamental para que cada vez mais seja reconhecida como uma língua de grande valor”.

Por sua vez, no âmbito da celebração do Dia Mundial, o director da Escola Portuguesa de Macau (EPM) salienta que a Língua Portuguesa é “um dos valores culturais e políticos mais relevantes do nosso tempo”. “Sendo uma língua oficial de inúmeros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, envolvendo no seu conjunto cerca de 300 milhões a 400 milhões de pessoas, é um idioma global que se projecta em todos os continentes e é, aliás, a língua mais falada no hemisfério sul”, referiu a este jornal.

Acácio de Brito considera que o Português provoca proximidade. “Essa proximidade no tempo é, julgo eu, juntar pedras, e encontrámo-la no espírito da lusofonia enquanto espaço de partilha linguística e cultural”.

Adianta que “o enfoque nessa dimensão cultural deve ser de algum modo o ‘leitmotiv’ (fio condutor) até para aquilo que nós somos numa escola portuguesa na China, uma escola que naturalmente procura que o ensino do Português, como língua materna, como língua de herança, ou como língua estrangeira, exija aproximações que elas mesmas são diferenciadas”.

Acácio de Brito acentua que “o que nós entendemos nesta celebração também, é que a Escola Portuguesa de Macau deve constituir-se num espaço privilegiado de formação dos jovens e complementarmente deve afirmar-se como âncora de aprofundamento da língua e da cultura portuguesa e chinesa”.

Destacando este processo de aproximação de culturas, que é a relevância da existência de uma escola portuguesa no Oriente, o responsável da EPM conclui que “é por isso que o alinhamento cultural é fundamental”, porque “vai permitir-nos fazer negócio e tantas outras coisas”. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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