Amélia António lamenta que a Língua Portuguesa não seja tão preservada como deveria. A presidente da Casa de Portugal considera que há alguma contradição quando se sabe que “há cada vez mais gente a aprender Português” e depois esse crescimento “não tenha acontecido ao nível de vários sectores em Macau”. Também ao Jornal Tribuna de Macau, Acácio de Brito, director da Escola Portuguesa, diz que o idioma de Camões é “um dos valores culturais e políticos mais relevantes do nosso tempo”
A
propósito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala no
domingo, 5 de Maio, Amélia António falou ao Jornal Tribuna de Macau sobre a
importância da língua e as dificuldades que a mesma enfrenta “ao nível das
coisas públicas no território”.
Questionada
se a Língua Portuguesa tem sido bem preservada, a presidente da Casa de
Portugal foi peremptória ao afirmar que “não tanto como deveria ser”,
considerando que “continuam a registar-se muitas dificuldades em vários
sectores de Macau”.
“Sabemos
que nunca houve tanta gente a aprender Português no território como
actualmente, mas depois, nas coisas públicas, naquilo que a própria lei nos dá
o direito de nos dirigirmos e sermos correspondidos, em muitos casos isso não
acontece”. Por isso, “há essa contradição, que não está explicada, como aliás
outras que temos em Macau”, nota Amélia António.
A
dirigente da associação de matriz lusa reforça a sua opinião mencionando que
“nos últimos anos, com o número de pessoas a aprender a nossa língua, muitos
falam Português, mas depois, na prática, é como se esse crescimento não tivesse
acontecido”. Ou seja, complementa, “é como se fosse o contrário, como se
tivesse diminuído o número de pessoas a aprender Português, quando na realidade
não é isso”.
Críticas
à parte, sustenta que “faz todo o sentido celebrar este dia, porque o Português
é uma língua falada em todos os continentes”. Por isso, prossegue, “é muito
importante, cada vez mais, a sua valorização”. Os países que falam a língua
são, “alguns deles, países grandes, com muita gente, daí que o Português tem de
conquistar de facto o seu lugar, nomeadamente nas instituições internacionais”.
Amélia
António reforça essa importância asseverando que “tudo o que seja valorizar a
língua, mostrar a relevância dela, mostrar a dimensão mundial é fundamental
para que cada vez mais seja reconhecida como uma língua de grande valor”.
Por
sua vez, no âmbito da celebração do Dia Mundial, o director da Escola
Portuguesa de Macau (EPM) salienta que a Língua Portuguesa é “um dos valores
culturais e políticos mais relevantes do nosso tempo”. “Sendo uma língua
oficial de inúmeros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
envolvendo no seu conjunto cerca de 300 milhões a 400 milhões de pessoas, é um
idioma global que se projecta em todos os continentes e é, aliás, a língua mais
falada no hemisfério sul”, referiu a este jornal.
Acácio
de Brito considera que o Português provoca proximidade. “Essa proximidade no
tempo é, julgo eu, juntar pedras, e encontrámo-la no espírito da lusofonia
enquanto espaço de partilha linguística e cultural”.
Adianta
que “o enfoque nessa dimensão cultural deve ser de algum modo o ‘leitmotiv’
(fio condutor) até para aquilo que nós somos numa escola portuguesa na China,
uma escola que naturalmente procura que o ensino do Português, como língua
materna, como língua de herança, ou como língua estrangeira, exija aproximações
que elas mesmas são diferenciadas”.
Acácio
de Brito acentua que “o que nós entendemos nesta celebração também, é que a
Escola Portuguesa de Macau deve constituir-se num espaço privilegiado de
formação dos jovens e complementarmente deve afirmar-se como âncora de
aprofundamento da língua e da cultura portuguesa e chinesa”.
Destacando
este processo de aproximação de culturas, que é a relevância da existência de
uma escola portuguesa no Oriente, o responsável da EPM conclui que “é por isso
que o alinhamento cultural é fundamental”, porque “vai permitir-nos fazer
negócio e tantas outras coisas”. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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