Um estudo liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) sugere que as bactérias sobrevivem em meio hospitalar através da degradação de materiais plásticos.
Esta
investigação, publicada na revista “Heliyon”, evidencia que este
processo de deterioração de polímeros pelas bactérias, é relevante para
explicar a persistência das bactérias em ambiente hospitalar.
«A
ocorrência de infeções em meio hospitalar é um fenómeno multifatorial e está
relacionado com a contaminação por bactérias. As bactérias ESKAPE,
especificamente as Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae,
são relevantes na ocorrência destas infeções. Portanto, é necessário investigar
para identificar características que justifiquem a prevalência destas espécies
no ambiente de saúde», consideram Paula Morais e Rita Branco, docentes do
Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigadoras do Grupo de
Microbiologia Ambiental do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos
(CEMMPRE).
De
acordo com as autoras do estudo, este trabalho teve por objetivo deste trabalho
perceber como as bactérias conseguem manter-se vivas em meio hospitalar mesmo
na presença de vários processos de desinfeção. «Concluímos que as bactérias por
vezes podem resistir a alguns antibióticos, mas têm também a capacidade de usar
os materiais dos hospitais, por exemplo a cânulas nasais e os tubos para soro,
como suporte para o seu crescimento», revelam.
«A
estratégia utilizada pelas bactérias passa pela produção de biofilmes sobre os
materiais. Posteriormente, iniciam o processo de degradação», explica Paula
Morais, alertando sobre a relevância para a saúde pública da persistência e
proliferação destes organismos em ambientes hospitalares. «É importante que se
reforcem as medidas de controlo de infeções para mitigar os riscos associados
ao crescimento bacteriano em tais superfícies», afirma.
Por
outro lado, estes processos de degradação de polímeros podem vir a ser
relevante em processos futuros, nomeadamente para reciclagem e remoção do lixo
plástico. «Vamos continuar a estudar estas bactérias para perceber como
conseguem usar o polímero e se o fazem de uma forma eficiente, para serem
usadas noutros processos», conclui.
Para
além das professoras Paula Morais e Rita Branco, participaram neste estudo
Roberta Lordelo, aluna de doutoramento da FCTUC e primeira autora do estudo, e
Fernando Gama, investigador na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde:
Enfermagem (UICISA: E) e da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico
de Viseu. Universidade de Coimbra - Portugal
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